Hoje, boa parte das coisas que utilizamos, vestimos e até comemos são “designed”. O design faz parte do cotidiano de todos nós e está presente nas coisas mais triviais do dia-a-dia. Como afirmam os próprios designers: são objetos que entram em nossa existência para resolver problemas e apresentar soluções, para transmitir idéias ou para fazer as coisas parecerem mais bonitas e atraentes.
Quando uma pessoa diz “Eu gosto do design de tal objeto”, ela não está dizendo apenas que gosta ou concorda com as formas, cores, materiais, textura e estilo; funções ou praticidade do que vêem, mas estão expressando um juízo estético: estão demonstrando o impacto e os estímulos sensoriais, emocionais e estéticos que este “design” exerce em termos psicológicos sobre ela. Quando eu digo que gosto do design de algo, expresso que me identifico ou desejo “ser” ou “ter” as expressões de estilos e as características visuais ou signícas daquela coisa para mim. O design é um carregador de sentido e estilo, e também, convencionalmente, de bom gosto e estilo artístico. Usa-se o design para expressar o gosto pessoal, dizer quem se é, e para criar uma auto-expressão diferenciada, ‘original’ e particular.
Os designers se transformaram em intermediários simbólicos e culturais. Eles sabem que são responsáveis pela significação do real e pela produção de significados simbólicos no mundo de hoje. Mais do que criar, propagar ou promover conceitos, imagens e signos, eles conseguem multiplicar infinitamente seus significantes. Uma mesma coisa pode ser e significar qualquer outra. Podemos criar cadeiras das mais diversas formas, materiais, funções e tipos. Sabem que a relação entre as coisas e seus significados é arbitrária. Uma cadeira é um assento ou até mesmo uma peça de coleção feita para mera exposição. Ao recriar uma mesma coisa fazendo mudanças estruturais mínimas, refuncionalizando, substituindo materiais, cores e formas, eles permitem novas escolhas e gostos individualizados. Criam estilo, mas acima de tudo individualidade.
Estes produtos que concebemos, produzimos e colocamos em circulação são mais imagens e conceitos que coisas concretas. E a dinâmica desta circulação cria diversos modos de imaginar, criar, se comportar, sentir e ser. Somos em parte, muito do que vemos, desejamos e consumimos. Somos reflexos de pessoas, lugares e coisas com os quais nos relacionamos.
Por Sérgio Lage