Todo aficionado pelo mundo fashion sabe a importância dos desfiles de moda para o setor. Afinal, esses eventos são responsáveis pela apresentação de tendências e, neles, as marcas e os designers têm a oportunidade de ganhar mais visibilidade e exibir toda sua criatividade.
O que é mostrado pelas grandes grifes durante as principais semanas de moda do mundo é utilizado como referência para as demais marcas, sendo, atualmente, replicado pelo modelo fast fashion com uma velocidade avassaladora.
Com toda a certeza, nos dias atuais, também temos um papel significativo das redes sociais no lançamento de tendências. Só que isso não faz do sistema idealizado pelo pai da alta-costura, Charles Worth, no século XIX, algo ultrapassado. Worth foi o pioneiro na exibição de coleções sazonais em que suas criações eram mostradas por manequins vivos.
Com o passar do tempo, isso culminou no calendário das fashion weeks que conhecemos, divido pelas estações do ano e entre alta costura e prêt-à-porter sempre lançados com bastante antecedência em relação a sua temporada correspondente. Entretanto, o que também mudou desde os primórdios das passarelas foi o nível de concorrência para obter a repercussão almejada.
Hoje em dia, é necessário não somente apresentar peças interessantes, que chamem a atenção, bem como proporcionar verdadeiras experiências para quem tem o privilégio de comparecer ao evento, para que isso viralize nas redes sociais e se obtenha a publicidade que a marca precisa. Desse modo, muitas grifes têm apostado na tecnologia e na interatividade para ser esse diferencial, utilizando-se de recursos como a realidade aumentada e a virtual.
No entanto, mesmo antes de tudo isso ser possível, as principais grifes já investiam pesado para que seus desfiles fossem inesquecíveis. Por isso, temos alguns que marcaram época, assegurando o seu lugar na lista a seguir.
1. Versace – Outono/Inverno 1991
A coleção da Versace de outono/inverno 1991 contava com looks incríveis que iam do colorido ao pretinho básico, apresentando toda a sofisticação característica da marca. Todavia, o que fez esse desfile se eternizar na história da moda foi o encerramento protagonizado pelas supermodelos Naomi Campbell, Cindy Crawford, Linda Evangelista e Christy Turlington cantando Freedom de George Michael.
Esse acontecimento contribuiu para elevar o patamar de estrelato dessas modelos, além de provar sua importância para a indústria fashion. O momento icônico foi recriado na passarela da Versace da coleção de primavera/verão 2018 com apenas Naomi e Cindy da formação original.
2. Chanel – Primavera/Verão 1994 foi um desfile de moda que entrou para a história
O desfile de primavera/verão 1994 da Chanel foi a perfeita união entre a estética clássica da maison com elementos mais modernos e urbanos, como croppeds, calça jeans feminina, minissaias, correntes e até mesmo roller skates. A coleção ainda passava pelo beachwear, com biquínis e saídas de banho, que ainda poderiam fazer bonito no verão 2024, três décadas depois.
Esse desfile foi o resultado da percepção do polêmico diretor criativo Karl Lagerfeld, de que a marca precisava se atualizar, mas sem abandonar sua essência. Graças a isso a maison conseguiu se manter tão relevante até os dias atuais, permanecendo como uma das principais grifes de moda do mundo.
3. Dior – Primavera/Verão 1998
Outro controverso designer que trouxe sua visão inovadora para uma tradicional marca de moda sem descaracterizá-la foi John Galliano com a Dior. Conhecido por seu estilo majestoso e teatral, Galliano trouxe tudo isso já em um dos primeiros desfiles a frente da marca, a coleção de primavera/verão de 1998, apresentada na casa de ópera do Palais Garnier em Paris.
Para adicionar dramaticidade, o desfile teve recursos como orquestra, dançarinos de tango e figurantes representando personagens de óperas renomadas. Contudo, as peças por si só já eram de tirar folego com a mistura do clássico com o exagero, sendo um dos melhores exemplos do trabalho magistral de Galliano.
4. Alexander McQueen - Primavera/Verão 1999 está entre os desfiles de moda que entraram para a história
Alexander McQueen é mais um estilista aclamado por sua genialidade e pensamento transgressor. Em seus desfiles, o que se podia esperar era o inesperado, por isso que é difícil escolher, entre tantas passarelas inesquecíveis, qual foi a mais icônica. Entretanto, a coleção de primavera/verão de 1999 talvez seja a mais memorável, uma vez que a inovação ultrapassou os limites da moda com o uso de robôs que pintaram o vestido criado por McQueen ao vivo ali diante do público.
Muito comentado não somente por entusiastas do mundo fashion, o uso da tecnologia robótica impressionou a todos. Então, se tornou um dos momentos mais famosos das semanas de moda mundo afora. Recentemente, houve uma releitura do feito no desfile da Coperni de primavera/verão 2023, com a modelo Bella Hadid tendo o seu vestido pintado direto no corpo durante a passarela.
5. Fendi – Outono/Inverno 2007
Às vezes o que torna um desfile memorável não são as roupas propriamente ditas, ou então alguma performance durante o evento, e sim o local em que ele aconteceu. Esse foi o caso da Fendi, que elegeu, com aval do governo local, a muralha da China como cenário para apresentar a sua coleção de outono/inverno 2007.
As peças receberam elementos da cultura chinesa e exibiam todo o luxo próprio da Fendi, que tinha Karl Lagerfeld como diretor criativo na época. As roupas eram ricas em detalhes, bordados elaborados e estampas inspiradas na região.
Elas ficaram ainda mais exuberantes em meio à muralha da china, maravilha arquitetônica que pode ser vista até mesmo do espaço. Assim, esse histórico e monumental ambiente contribuiu para gravar esse desfile para sempre em nossas memórias.
6. Rick Owens – Primavera/Verão 2014
Já Rick Owens utilizou seu desfile de primavera/verão 2014 para abordar um grande problema da indústria, a falta de representatividade. Ao invés de contratar modelos tradicionais, ele optou por dançarinas de step, que fizeram uma performance memorável na passarela.
Em sua maioria mulheres negras, com corpos variados, o empoderamento do movimento negro e a mensagem de aceitação da diversidade corporal foram o verdadeiro destaque da coleção, que contava com peças minimalistas. Esse acontecimento foi de extrema importância e contribuiu para incentivar conversas e gerar mudanças em uma indústria que ainda tem muito o que melhorar no quesito inclusão, mesmo uma década depois desse emblemático desfile de moda que entrou para a história.