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Consultora de Óculos – Como os óculos reinventaram minha vida

Claudia Figaro, consultora de óculos revela de forma emocionada, como eles mudaram sua vida. Por Claudia Figaro Garcia (@caxspecs).

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 Desde a adolescência uso óculos por causa da miopia e confesso que minha relação com essa prótese ótica sempre foi muito complicada.

Em uma época de sérios questionamentos sobre quem é você no mundo, inseguranças com o corpo, primeiras paixões e um estilo pessoal a ser definido, nada mais desagradável do que ter que usar óculos, permanentemente, a partir dos 14 anos!

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Na década de 80 já existiam lentes de contato maleáveis que vieram socorrer-me. Mas não era possível usar as lentes o tempo todo. Então, recorria aos óculos com profundo desgosto. Um dos motivos é que naquele tempo não havia armações com designs modernos e diferenciados como hoje em dia.

Havia acetato preto, tartaruga, transparente ou em metal. E além do mais eram sem graça, davam um ar mais envelhecido e careta. Sem falar na associação inevitável com os “nerds” do colégio ou ser menos paquerada. Ai que tristeza!

Portanto, eu detestava usar óculos. Escolhia sempre armações que pudessem desaparecer no meu rosto. Queria que ficassem invisíveis. Mas, aos pouquinhos meu amadurecimento permitiu que eu os assumisse com mais tranquilidade. Mesmo assim, ainda não deixava de usar as lentes de contato.

Enquanto isso, no Brasil, começaram a aparecer armações coloridas ou diferentes, mas somente as celebridades da época, jornalistas, atores, cantores ousavam mais nessas escolhas. Ou a moçada adepta do movimento New Wave que vestia roupas em cores neon abusando dos grafismos quadrados em branco e preto.

Eu usava cabelos bem curtinhos, cheios de gel, roupas coloridas mas não me aventurava nos óculos mais extravagantes. Claro que os clássicos Rayban ou redondinhos, à la John Lennon, ainda eram muito frequentes, mas nem esses eu curtia. Já havia também alguns óculos usados pelos surfistas que tinham uma pegada mais jovem com lentes espelhadas.

 

Quando tudo mudou

Minha relação com os óculos começou a mudar a partir dos anos 2000 quando uma afilhada começou a namorar um rapaz cuja família tinha uma ótica e eram importadores de óculos.

Com ele fui conhecendo marcas desconhecidas no Brasil e que estavam começando no mercado brasileiro. Contudo eu ainda era tímida para escolher armações mais chamativas e demorava anos para trocar de modelo uma vez que, continuava usando minhas lentes cotidianamente.

Até que comecei a ter problemas com minhas lentes.

Elas acumulavam muitas proteínas nos meus olhos e ficavam embaçadas. Resultado: em 2010, quando fui madrinha de casamento dessa afilhada que casou com o rapaz dos óculos (rsrsrs) , usei lentes pela última vez na vida.

Então, ao assumir os óculos, com frequência eu precisava de armações diferentes. Em 2013 em uma viagem à Itália, comprei uma armação em formato Cat Eye (gatinho) com uma cor bem diferente. Fiquei horas na ótica decidindo se usaria aquele modelo no Brasil, se não estava demais etc.. Indecisão que, graças a Deus, nunca mais tive na vida.

 

 

Comprei a peça e logo as reações em solo brasileiro foram extremamente positivas. O marido de minha afilhada começou a me mostrar novas marcas e minha paixão pelos óculos começou a crescer.

Reencontrei uma amiga de adolescência que morava outro país e que, ao vir visitar a família no Brasil, ficou encantada com meus óculos italianos. Confessou-me que era louca por armações e que mesmo tendo operado a miopia, usava-as sem grau. Tinha inúmeras de diferentes cores e formatos.

 

A descoberta: óculos como um acessório fashion

Comecei a perceber o potencial dos óculos como acessórios de moda. Algo, até então, inimaginável para mim. Óculos serviam para eu enxergar e não para me enfeitar. Assim, minha relação com eles, que já estava mais amigável nesse momento, passou a ser apaixonada, quase viciante!

Passei a comprar armações com design diferente, robustas, coloridas, a maioria em acetato. O que antes eu queria esconder, agora queria que fosse visto e muito bem visto por todos. Em todas as minhas viagens eu pesquisava por óticas que vendessem marcas independentes e comecei a trazer pelo menos um modelo de cada país visitado.

A demora nas óticas agora não era mais por indecisão se a armação iria ficar estranha ou chamativa, e sim, indecisão para comprar apenas uma!

 

 

Harmonizando os óculos com o look

Sempre usei acessórios e aprendi a harmonizar colares, brincos, lenços, anéis com meus óculos e com minhas roupas. As combinações começaram a ser mais e mais elogiadas. Entrava nas lojas e as vendedoras ou clientes perguntavam sobre os óculos ou se eu trabalhava com moda.

Vale um parêntese para esclarecer que meu estilo na escolha de roupas também mudou. Como comecei a trabalhar na Universidade de São Paulo desde que me formei em psicologia acabei me adaptando a um dress code mais casual com camiseta pólo, calça jeans e tênis.

Nessa época, eu tinha 21 anos e me vestia com os resquícios universitários. Os acessórios eram mais delicados ou esportivos. Além disso, ao participar de instituições de ensino em formação psicanalítica observei que lá o dress code também era mais despojado.

 

 

Aos poucos minhas escolhas de roupas também foi mudando. Arrisco dizer que essa mudança coincidiu quando passei a usar minha armação italiana. Resolvi ir para o trabalho com calças de alfaiataria, camisas, saltos baixos, substituí as bijuterias pelas minhas joias e adotei um visual mais clássico e elegante.

Lógico que isso teve efeitos no trabalho. Os comentários eram “Nossa, vai aonde vestida assim? Tem alguma reunião importante? Qual é a ocasião?”. Se eu tivesse me sentido constrangida ou insegura talvez voltasse a usar as roupas mais casuais. Mas eu estava em um momento diferente.

Já havia me casado, tido um filho e estava mais madura. Claro que meus anos de análise pessoal também me possibilitaram sustentar essa posição. No entanto, o que antes causava estranhamento passou a ser visto com admiração pelos colegas de trabalho e os comentários passaram a ser elogiosos.

Em uma viagem a Barcelona em julho de 2017 fui até uma ótica, que eu havia visto na internet, e que parecia ter um acervo interessante. Saí com 3 armações totalmente diferentes de todas que eu tinha. Posso dizer com certeza, que isso foi o início da minha virada total para o mundo dos óculos.

O mundo dos óculos

Ao chegar ao Brasil e usar essas armações, comecei a chamar muita atenção, principalmente por serem marcas desconhecidas e não comercializadas aqui. Os óculos eram grandes, com acetatos lindos e não passavam despercebidos.

Ao mesmo tempo eles não combinavam com o estilo clássico ou elegante das minhas roupas e joias. Combinavam com um estilo mais dramático ou criativo e passei a retornar aos meus antigos acessórios mais chamativos e a comprar roupas com cortes mais geométricos, estruturados, sem babados, pompons, flores, seda, renda etc…

Na verdade, sempre curti tecidos mais tecnológicos, mais pesados e menos fluidos, pois nunca fiz o estilo romântico. Lembra que do cabelo curtinho com gel nos anos 80 e roupas casuais?

Comecei a harmonizar meus óculos, com meus acessórios e roupas fazendo uma conexão entre eles. E assim, meu estilo estava sustentado na minha criatividade e desejo de não ser refém da massificação da moda.

Por exemplo, em 2015 os óculos solares So Real da marca Dior, viraram febre de consumo de celebridades, atrizes, cantoras, blogueiras. Todas queriam comprar um So Real, que na época, custava por volta de R$ 2.000,00. Uma fortuna!

Eu queria fugir desse padrão e buscava sempre algo único, autêntico e com design inovador. E não algo que estava em todos os rostos nas revistas e no Instagram! Eu não precisava usar um Dior para marcar presença e passar uma mensagem de riqueza ou sucesso. Com minhas armações de marcas independentes e pouco conhecidas eu passava mensagens muito melhores.

Mostrava minha autoconfiança e meu estilo único.

No mesmo ano, estando um pouco desanimada com meu trabalho na Universidade, comentei tal fato para uma sobrinha. Ela, que tem um perfil bem conhecido e com milhares de seguidores no Instagram, sugeriu que eu fizesse um perfil com o tema dos óculos. Eu já tinha um perfil privado com fotos de família e viagem e nunca imaginei fazer um perfil sobre óculos.

E assim, em setembro de 2017, comecei o perfil @caxspecs. Cax é meu apelido de família, meus sobrinhos me chamam de Cacá ou Cax. E Specs porque é o diminutivo de Spectacles, óculos em inglês.

 

Primeiro post da @caxspecs

 

Estávamos em setembro de 2017. Nessa época eu já tinha sete armações (entre solares e de grau) e tirei fotos delas para postá-las em meu feed. Vi que as pessoas começaram a curtir e fui descobrindo perfis de marcas independentes que eu nunca tinha ouvido falar.

Comecei a repostar os óculos que considerava diferentes ou os que eu gostaria de usar um dia. Marcava o perfil da marca e colocava ao lado a bandeira do país de origem para eu saber de onde eram.

Aos poucos as pessoas começaram a me seguir. Um dia percebi, que ao postar uma selfie, as curtidas aumentaram em comparação com as fotos de óculos. Mas evitava colocar selfies por atender pacientes em meu consultório e na Universidade e queria preservar minha imagem.

Também comecei a seguir perfis de marcas de acessórios que eu comprava. E um dia vi que uma delas estava sendo vendida em Buenos Aires, em uma loja conceito chamada Casa PopUp (@casa_popup), cuja dona era a brasileira Michelly Torres, que morava lá há anos.

 

A paixão pelos óculos e uma nova profissão

Comecei a seguir esse perfil e vi que a Casa Popup viria para São Paulo fazer uma exposição com produtos argentinos e brasileiros. Quando fui ao evento, Michelly se encantou com meus óculos. Ela mostrou uma marca brasileira de óculos que revendia na Argentina, a @moon_eyewear, marca essa que eu desconhecia na época.

Mostrei a ela o perfil @caxspecs e ela disse: “Ah, você faz uma curadoria de óculos?”. Foi a primeira vez que ouvi essa expressão e entendi que era isso mesmo que eu fazia. Selecionava marcas legais para que as pessoas pudessem ver modelos diferentes dos comerciais ou do mercado de luxo.

Até que enfim descobri um nome para definir aquilo tudo! Não era apenas diversão. Eu estava com uma rede importante de comunicação selecionado e informando às mulheres sobre marcas incríveis de óculos de grau e de sol.

 

 

Em 2018 assisti a um evento internacional organizado pela consultora de imagem Andrea Fráguas (@acfraguas), o qual considero um divisor de águas. Nesse evento entrei em contato com o universo da consultoria de imagem e da moda, universo esse totalmente desconhecido para mim.

Conheci pessoas reconhecidas no meio como João Braga (@joaobragaprofessor) e Alexandre Taleb (@alexandretaleb), por exemplo. Além, é claro, de formar um network importante com as consultoras que estavam lá. Eu parecia um peixe fora d’água pois era o primeiro evento que eu participava e cujo tema não era psicanálise. Porém, as pessoas achavam que eu trabalhava com moda pelo meu jeito de vestir e, principalmente, pelos meus óculos.

 

 

A partir de então fiz contato com muitas consultoras de imagem e estilo, sendo que algumas delas, em especial, Rita Heroína (@ritaheroina) me convidou para participar de seus cursos de Styling de acessórios falando sobre harmonização de óculos, assim como Rogeria Maciel (@romacielestilo) e Sandra Carvalho (@sandracarvalhoimagemeestilo).

Paralelamente, as seguidoras começaram a perguntar se eu vendia óculos e queriam dicas. Passei a acompanhar algumas nas compras de óculos e acabei estruturando pacotes com hora marcada.

Resolvi registrar a marca Caxspecs, fiz um logotipo da marca e me tornei microempreendedora individual. Tudo isso no início de 2019.

 

Nasce uma consultora de óculos

Aos poucos fui assumindo minha posição como consultora de óculos e como influenciadora de mulheres, principalmente aquelas a partir dos 40 anos. Mulheres que nunca usaram óculos e que começaram a usá-los ou aquelas que queriam mudar o visual.

Ao mesmo tempo aprendi a fazer vídeos para os stories, em como tirar as melhores selfies com meus óculos ou a tirar fotos somente dos óculos. Percebi que precisava me instrumentalizar e fiz um curso de marketing digital para entender e usar melhor o Instagram.

Esse curso, ministrado por Carolina Caracas (@carolinecaracasmarketing), me ajudou a desenvolver ainda mais minhas habilidades e me certificar que eu estava fazendo tudo certo em meu perfil. Fiz um dos cursos oferecidos por Cris Pinheiros Guimaraes (@criospinheirosguimaraes) sobre o universo das cores.

Cada vez mais meu perfil foi ganhando seguidores e isso se deve ao fato de postar dicas, fazer vídeos mais informativos e com desenvoltura, procurando sempre estar no lugar de quem está assistindo. Pois, antes de tudo sou uma usuária de óculos.

A primeira coleção Cax Specs

E por fim, em agosto de 2019 eu lancei minha primeira coleção em parceria com o artesão Ricardo Lorente (@ricardolorente) que fez uma armação sob medida para mim a partir de uma ideia que eu tive.

Fizemos juntos o design desse modelo e quando postei essa armação no feed, todas as mulheres queriam saber onde eu havia comprado e de que marca eram. A partir dessa demanda, Ricardo me propôs uma parceria bem interessante: faríamos uma coleção apenas com 6 cores diferentes, com a mesma armação que foi feita a minha sob medida.

Todavia, não haveria dois exemplares da mesmas cor. Nossa ideia era, justamente, vender uma armação exclusiva. Queríamos que as mulheres se sentissem únicas. Agora os dados foram lançados. Vamos aguardar o que virá!

  

 De aversão à redenção

Posso concluir esse relato dizendo que os óculos foram fundamentais na minha vida em vários aspectos. De uma aversão se tornaram um projeto de trabalho e uma mudança de carreira.

Desde agosto de 2019 eu encerrei minhas atividades como praticante da psicanálise e estou muito feliz. Tive alta da minha análise pessoal e acredito que tudo caminhou para esse momento. E espero que muito em breve eu consiga me aposentar da Universidade para me dedicar integralmente ao universo dos óculos.

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