Cycle Chics: ciclismo urbano com estilo
Por Augusto Paz Imagem do site WhoWhatWear. Cop15, pegadas ecológicas, sequestro de carbono e ecobags foram apenas algumas das muitas palavras do vernáculo ecológico que…
Por Augusto Paz
Imagem do site WhoWhatWear.
Cop15, pegadas ecológicas, sequestro de carbono e ecobags foram apenas algumas das muitas palavras do vernáculo ecológico que povoaram os jornais, blogs e portais de notícia no ano de 2009. O mundo está sendo sobre-aquecido e os fashionistas já se deram conta disso, tanto que os tecidos ecologicamente corretos têm se tornado cada vez mais requisitados – mas nem por isso mais baratos. Toda essa atmosfera “planet friendly” convergiu para o surgimento de mais uma tribo urbana, os cycle chics.
O termo foi usado pela primeira vez em 2006, pelo fotógrafo e cineasta Mikael Colville-Andresen, chamado de “Sartorialist em Duas Rodas” pelo periódico The Guardian. O Cycle Chic consiste em dar ao ato de andar de bicicleta ares mais cosmopolitas e sofisticados. As extravagantes e agarradíssimas roupas de spandex são substituídas por peças de prêt-à-porter adaptadas à prática do ciclismo, como botas de cano alto que impedem que a correia suje a calça de graxa etc.
Como não poderia deixar de ser, os cycle chics têm sua própria musa, a modelo, pretensa cantora e it-girl Agyness Deyn. A moça foi clicada inúmeras vezes, saracoteando por diversas capitais com sua bicicleta e em looks impecáveis! E não é somente na hora de vestir que os cycle chics capricham. Suas bicicletas têm design moderno, cores inusitadas e acessórios que vão muito além das prosaicas cestinha e buzina.
Agyness Deyn, a musa Cycle Chic. Foto de Stephen Lock. Imagem do site Daily Mail.
A cultura da bicicleta é amplamente difundida em metrópoles europeias e nas megalópoles asiáticas, como Pequim e Tóquio, onde o veículo é usado diariamente como meio de transporte dos trabalhadores. A missão dos “bicicleteiros” é tornar popular o uso desse que é talvez um dos meios de locomoção mais ecologicamente corretos existentes, na América. Parece que a estratégia já está sendo posta em prática. Foi só a vogue anunciar que andar de bicicleta era uma das melhores tendências de 2009 que as ruas de Barcelona, Nova York e Milão se encheram de it-girls sobre rodas!
Não só melhorar a qualidade do ar, essa nova tribo tem potencial para alavancar todo um nicho mercantil, afinal, fashionista que se preze não fica contente com uma bicicleta básica, tem de enchê-la de acessórios! O blog cyclechic.co.uk dispõe de inúmeros itens, que vão desde capacetes e luvas a bolsas super trendy e polainas divertidíssimas! O negócio já se mostrou muito lucrativo. Na China, o nicho – englobando venda de bicicletas, peças, acessórios e outros mimos – movimentou 1,5 milhão de dólares em 2009.
Em cidades como Amsterdam, Copenhague e Berlim, o Cycle Chic e o hábito de pedalar já estão arraigados na cultura local, mas em localidades menos desenvolvidas e, consequentemente, não tão preparadas para o tráfego de bicicletas, locomover-se de um lugar a outro fazendo uso das vélos torna-se quase impossível. A Prefeitura da Cidade de São Paulo inaugurou há alguns meses a Ciclofaixa, um percurso de 5 km que percorre algumas avenidas da cidade. Entretanto, o espaço só fica aberto uma vez por semana, por sete horas. O Brasil conta com apenas 600km de ciclovias, enquanto que Berlim dispõe de 625km de vias trafegáveis para bicicletas. Eu sei que comparar o Brasil à Europa é um pouco desleal. Tomemos como exemplo Bogotá, Colômbia tem 300km de ciclovias, em termos de proporção, uma vergonha para nosso país.
De maneira geral, a filosofia desse novo grupo social consiste em adequar a indumentária a esse hábito tão saudável e, porque não, elegante que é andar de bicicleta. A ideia é simples e muito boa, ciclismo urbano com estilo. O movimento existe no Brasil e a maioria dos adeptos se concentra em São Paulo, Porto Alegre e Curitiba. Votos sinceros para que a moda pegue por aqui!
Casacos de tweed são tendência para os Cycle Chics dos EUA.
Para quem quer saber mais sobre o assunto:
Por Augusto Paz
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