Se você é antenado no mundo da moda, conhece certamente as marcas Zara e H&M. Recentemente, uma ONG britânica acusou essas gigantes da moda de utilizar algodão de terras com suspeita de grilagem e desmatamento no Cerrado brasileiro em suas roupas.
A Better Cotton (BC), uma organização multissetorial que promove padrões mais elevados no cultivo de algodão em 22 países, certifica a fonte do algodão proveniente. No entanto, a ONG Earthsight critica os métodos de fiscalização da BC. A seguir, veja mais sobre o caso e a relação entre o algodão dessas marcas e o desmatamento.
Qual a relação entre o algodão da Zara e o desmatamento?
Os membros da ONG britânica Earthsight, passaram mais de um ano realizando análises detalhadas. Isso inclui o estudo de imagens de satélite, decisões judiciais e registros de exportação. Assim, revelaram uma ligação entre o algodão utilizado nas peças da Zara e H&M e áreas no cerrado brasileiro suspeitas de desmatamento.
A denúncia integrou o relatório Fashion Crimes, publicado nesta quinta-feira (11/04). Secretamente, os integrantes participaram de feiras comerciais globais visando rastrear cerca de um milhão de toneladas de algodão provenientes de alguns dos maiores produtores brasileiros. Segundo a ONG, o problema está na origem da matéria-prima.
Isso porque esse algodão é proveniente, principalmente, do oeste da Bahia, região imersa no Cerrado, muitas vezes desmatada ilegalmente para ampliar o cultivo.
#actampads1#Inclusive, a pesquisa foca em fazendas do Grupo Horita e SLC Agrícola no Cerrado baiano, justamente instaladas no oeste da Bahia, em região de Cerrado, com histórico de denúncias de desmatamento e grilagem.
Assim, este algodão foi destinado a fabricantes de roupas na Ásia, que são fornecedores das maiores varejistas de moda do mundo, incluindo H&M e Zara, assim como suas marcas afiliadas.
A Earthsight conseguiu rastrear 816 mil toneladas de algodão das fazendas investigadas até oito empresas asiáticas, que produziram aproximadamente 250 milhões de peças de vestuário e artigos para casa vendidos nas lojas globais da H&M e Zara, além de suas marcas associadas, como Bershka, Pull&Bear, entre outras.
A ONG destaca que todo o algodão que rastreou, recebeu a certificação de sustentabilidade pela Better Cotton. No entanto, após as revelações da Earthsight ligando a origem do algodão a suspeitas de grilagem de terras e desmatamento, a BC iniciou uma investigação interna. A seguir, confira um vídeo sobre o assunto!
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O que a BC disse sobre a relação do algodão com o desmatamento?
Em 22 de setembro de 2023, a Better Cotton publicou uma nota em sobre o assunto. Nela, a empresa afirmou que, devido às questões levantadas pela investigação, são necessárias mais pesquisas para determinar a conformidade das fazendas investigadas com o “Better Cotton Standard”.
“Contrataremos um auditor independente para realizar visitas de verificação reforçadas com foco nas áreas de risco destacadas no relatório. Nosso objetivo é concluir essas avaliações de terceiros nas próximas 12 semanas”, afirmou a BC na mesma nota.
Apesar de atualizações nas regras da BC, a Earthsight ainda considera que existem falhas significativas no processo de fiscalização. Isso inclui a certificação de algodão proveniente de terras desmatadas ilegalmente antes de 2020, mesmo com evidências sugerindo que as marcas produziram em terras roubadas de comunidades locais.
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Qual foi a resposta da Zara sobre as denúncias?
Nesse sentido, a Zara afirmou que está encarando as acusações contra a Better Cotton com extrema seriedade e insiste que a certificadora divulgue os resultados de sua investigação o mais prontamente possível. Ademais, a marca de roupas cujo algodão está ligado ao desmatamento brasileiro, cobrou respostas da BC.
#actampads1#Assim, solicitou com urgência as medidas adotadas pela empresa para assegurar a certificação do algodão sustentável conforme os mais elevados padrões. Desse modo, a resposta da Zara considera que a Inditex, dona da marca, não adquire algodão de forma direta.
Ou seja, esta matéria-prima, usada por fornecedores para o desenvolvimento das peças da marca, é regulamentada por organizações independentes. Assim, elas que teriam de se certificar das boas práticas usadas em sua produção. Ainda, clique aqui para conferir a resposta na íntegra.
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O que a H&M disse sobre a relação do algodão com o desmatamento?
Em nota para a Earthsight, a H&M, acusada de utilizar algodão proveniente de áreas desmatadas ilegalmente, disse que “acolhe” com satisfação o compromisso da Earthsight nestas questões e considera estas alegações sérias.
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Além disso, afirmou que está em contato próximo com o proprietário da certificação Better Cotton – que iniciou uma investigação completa sobre as alegações específicas. Ainda, ressaltou que, em 2020, atingiu o objetivo de obter 100% do nosso algodão proveniente de material reciclado, orgânico ou de outras fontes mais sustentáveis.
“Isto está em linha com o nosso compromisso de longa data de obter matérias-primas de forma responsável e colaborar com outras indústrias para minimizar os riscos ao meio ambiente e aos direitos humanos, ao mesmo tempo que apoiando comunidades e ecossistemas locais“, explica. Clique aqui para ver a resposta completa.
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Posicionamento da SLC em relação ao relatório da Earthsight
A SLC refutou minuciosamente todas as acusações apresentadas no relatório, incluindo as alegações de grilagem de terras e a prática de incêndios para abrir novas áreas de plantio. Assim, incluiu dados e imagens para negar as denúncias de ligação entre o algodão de roupas da Zara e H&M com o desmatamento.
Além disso, a SLC Agrícola reafirmou seu compromisso com a transparência e o respeito ao meio ambiente e às comunidades locais onde opera. Clique aqui para ver a nota completa.
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Como está a situação do Cerrado brasileiro?
O relatório da ONG britânica faz mais do que denunciar a ligação do algodão das marcas de roupa com o desmatamento. Ele também revisita a realidade do agronegócio no Cerrado brasileiro, responsável por abrigar a maioria do algodão plantado em escala industrial no país.
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Segundo a Agência Senado, essa região possui mais do uma posição geográfica estratégica. Ela também desempenha um papel fundamental no armazenamento e na distribuição de água, essencial para as principais bacias hidrográficas do país e da América do Sul.
Como berço de numerosas nascentes, fornece recursos hídricos para pelo menos 25 milhões de pessoas que residem na área e muitos outros milhões que dependem indiretamente dela.
No entanto, o contínuo aumento do desmatamento nos últimos anos levou o ecossistema a taxas alarmantes de conversão da vegetação nativa para outros fins. Isso resultou em uma perda média de 10 mil quilômetros quadrados por ano, colocando todo esse potencial hídrico em um estado de crise iminente.
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