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Entrevista Isaac Silva: Estilista baiano brilha na Moda Nacional trazendo representatividade!

Cheio de personalidade e talento, o estilista Isaac Silva veio do Interior da Bahia, para trilhar um caminho de sucesso na Moda Brasileira, trazendo representatividade e moda consciente. Confira!

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Cheio de personalidade e talento, o estilista Isaac Silva veio do Interior da Bahia, da cidade de Barreiras, para trilhar um caminho de sucesso na Moda Brasileira.

Isaac, com seu axé, e aquele jeito acolhedor de menino do interior, ganhou o coração de clientes famosas e também o nosso, aqui do Fashion Bubbles, com sua moda política e consciente.

Confira na entrevista, a trajetória de Isaac Silva. Generoso, ele nos dá muitas dicas e referências de empreendedorismo e superação, além de uma verdadeira aula para quem está trilhando seu primeiros passos na moda.

Quem é Isaac Silva?

Conheça o Instagram de Isaac: @isaacsilva_br e o da marca @isaacsilvabrand –  Imagem via No Hay Moda

Isaac Silva é um talentoso estilista baiano, que vem se destacando no cenário da moda brasileira. Em suas criações, ele aposta na força das mulheres e em figuras fortes e místicas evocando brasilidade e diversidade de culturas.

Depois de anos desenvolvendo coleções para diversas marcas, Isaac resolveu criar sua própria grife e desde maio de 2015 desfila na Casa dos Criadores, evento lançador de novos estilistas da moda nacional. Por consequência, teve ascensão meteórica, chamando a atenção de famosos e fashionistas.

Queridinho de celebs como Elza Soares, Camila Pitanga, Liniker, Gaby Amarantos, entre outros, Isaac Silva abriu sua primeira loja em dezembro de 2018 e está pronto para alçar novos voos.

Isaac se destaca ainda pela representatividade. Negro, ele abraça sua cultura e faz da moda uma ferramenta de luta, abrindo espaço em  eventos de grande porte, que chamam atenção pela presença mínima de negros, transformando-se, em um exemplo de resistência política.

Entrevista com Isaac Silva – Um mergulho em sua trajetória: desafios e sucessos

Da cidade de Barreiras, a quase mil km de distância da capital baiana, aos 14 anos, Isaac Silva deixou os banhos nos rios de águas cristalinas, para acompanhar sua mãe, que após ficar viúva, decidiu morar em Salvador. Lá iniciou sua trajetória, ainda adolescente: aos 17 anos já fazia roupas pra vender!

Depois de cursar a faculdade de Moda, devido à dificuldade de encontrar trabalho ou estágios na área em Salvador, este rapaz cheio de talento resolveu migrar para São Paulo, a megalópole das oportunidades.

As aventuras dessa jornada cheia de propósito e determinação, vamos conhecer agora.

Isaac Silva e Denise Pitta, editora e uma das criadoras do Fashion Bubbles, que também é de Barreiras. Veja também: Looks e fantasias de Carnaval para você brilhar na folia – Com Denise Pitta by Isaac Silva

 

A Infância

Denise Pitta – Como tudo começou? Com quantos anos você está agora?

Isaac Silva – Estou com 30 anos. Nasci em 1989 e morei em Barreiras, no  interior da Bahia, até os anos 2000.

Minha mãe ficou viúva muito cedo (1994). No Plano Collor, meu pai perdeu tudo, não aguentou, infartou e faleceu.

Meu pai era caixeiro-viajante, nascido em uma cidade perto de Juazeiro, no sertão da Bahia, terra do bode. Ele sempre foi um homem muito aventureiro: colocava as coisas no carro e saia para vender.

Vendia de tudo: pinico, calcinha, utensílios de casa, que antigamente não se achava fácil… Até que ele resolveu ir para Barreiras, que era conhecida por ser um local muito próspero e lá começou a vender joias. Vinha a São Paulo, onde comprava joias, relógios, que depois vendia.

Aos poucos foi se consolidando, até que montou seu primeiro ponto. Bem sucedido, resolveu montar uma loja de bicicleta, uma perfumaria.  Assim, ele foi montando coisas dentro de Barreiras: eram oportunidades que surgiam da necessidade das pessoas e coisas que elas não achavam. Meu pai era uma pessoa muito visionária!

Nós morávamos em Barreirinhas (um bairro tradicional de Barreiras) e ele abriu um mercadinho lá também. Conhecia muita gente na região de Riachão das Neves, São Desidério, pequenas cidades ao redor. Não ficava só em Barreiras, gostava de viajar: pegava o carro e ia…

No plano Collor, havia emprestado dinheiro a muita gente, ele era uma espécie de agiota, e aí ele infartou e nós ficamos apenas com as coisas que a gente tinha. Nessa época, eu estava somente com seis anos de idade.

Denise Pitta – Você nasceu dentro de um histórico de empreendedorismo. Esta foi a herança do seu pai pra você?

Isaac Silva – Sim. A questão comercial e também o jeito de falar. Sou muito brincalhão e meu pai era assim, brincalhão, uma pessoa muito amorosa.

DP – Você herdou esse gosto pelo brilho, pelas joias do seu pai?

IS – Na verdade, minha mãe nunca foi vaidosa, então dentro da nossa família a gente nunca teve vaidade. Meu pai, a única vaidade que ele tinha, era um cordão de ouro com o símbolo da Maçonaria que eu herdei. Ele andava com chinelo de couro, short e camiseta aberta, bem aberta pra fugir do calor de Barreiras e aqueles óculos anos 70.

DP –  Por que vocês saíram Barreiras?

IS – Minha mãe ficou viúva e resolveu ir para Salvador. Ela tinha vontade de se casar novamente e em uma cidade do interior seria mais difícil. Assim em 1999 ela se mudou e um ano depois, em 2000, eu a acompanhei. Em Salvador, terminei o colegial, fiz a faculdade de moda – Unifacs – e depois vim para São Paulo.

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A paixão pela moda

 

 

 

DP -De onde saiu a vontade de fazer faculdade de moda?

IS –Em Barreiras, havia uma costureira de bairro chamada Morena, lá de Barreirinhas, que era muito amiga da família. Minhas tardes, eu passava brincando com Fafá, dentro do ateliê de Morena.

Eu adorava, porque quando tinha festas, como casamento, as mulheres chegavam trazendo aquelas revistas tipo Caras, Manequim e falavam assim:

“- Morena, quero esse vestido!”

Morena pegava e fazia igual e eu ficava maravilhado!!!

-Gente, como pode? A pessoa traz um metro de tecido e sai com esse vestido?!? E eu via todo o processo de Morena na construção da peça. Eu não sabia que existia estilista. Eu pensava:

-Vou ser costureiro, será?! Eu pensava assim. Com o tempo é que eu fui descobrindo que havia a figura do estilista e que eles faziam aqueles vestidos que as artistas usavam e que depois as costureiras de bairro copiavam. Lembro até do cheiro do ateliê…

Só que aí minha mãe falava:

“- Isaac, ser estilista é profissão de gente rica e a gente não é rico. Procura alguma outra coisa, vai fazer Direito,  vai fazer Jornalismo.”

Comecei a pensar em ser Cineasta, porque eu gostava muito de imagens. Ficava fazendo imagens… Então decidi, vou ser cineasta… Mas não era este o caminho.

 


Isaac e a coleção Yabás, apresentada na 44º edição da Casa dos Criadores.

 

DP – Como nasceu o estilista Isaac Silva? Quando começou a fazer suas primeiras criações?

IS – Eu gostava mesmo era de Moda e então comecei a fazer cursos de corte e costura, de modelagem, tudo escondido de mãinha, até que ela descobriu. Eu também comprei minha primeira máquina de costura e comecei a fazer os primeiros modelos. Eu já comprava os tecidos, cortava e costurava. Assim, com uns 17 ou 18 anos, eu já estava empreendendo!

Um dia, mãinha chegou e disse:

“- Você quer mesmo? É o seu sonho? Então vá!”

Nessa época, eu achava que nome de estilista tinha que ser difícil, então adotei o nome Isaac Ludovick, pois pensava que Silva não ia dar certo. Uma vez fui vender umas roupas na Feira de Bingha – um tatuador bem famoso de Salvador, que tinha uma loja multimarcas. Então, eu passei na loja e vi uma vendedora oferecendo:

“- Essa aqui é uma roupa do Isaac Ludovick, ele é um estilista italiano.”

Depois disso resolvi mudar meu nome.

Nesse período, eu trabalhava na bilheteria de um teatro, para conseguir pagar a faculdade. Era o Teatro 18, muito bacana lá em Salvador e que não existe mais. Era um grande admirador de Aninha Franco, dramaturga e escritora. Ela foi uma das idealizadoras e administradoras do Teatro 18, criado em 1997 em Salvador.

“Admiro todas as mulheres brasileiras, exemplos de beleza, garra e inteligência, que galgam espaços na economia e política e cuidam da criação dos filhos, mesmo frente a diversas dificuldades”. Isaac Silva para Emerge Mag

DP – Por que decidiu deixar a Bahia?

Com o tempo, como eu não conseguia estágio, nem trabalhar na área, decidi ir para São Paulo. Então, logo que terminei a faculdade em 2008, fui embora de Salvador.

Comecei em São Paulo, também procurando emprego, procurando estágio. Aqui também é difícil, mas tem maiores oportunidades e quando a gente quer ousar, ser diferente, a cidade nos dá espaço. É complicado tentar furar essa bolha, mas, com esforço dá certo!

No início foi bem difícil, porque as pessoas sempre querem alguém da Santa Marcelina, Faap, tem aquele padrão de menina branca, loira, rica… E aí, eu fui mostrando minha força de trabalho.

Isaac atualmente é considerado um dos estilistas mais relevantes da sua geração, mas no início de sua carreira em São Paulo se deparou com muito preconceito e xenofobia. Ele relembra que para conseguir seu primeiro emprego na capital paulista no Bom Retiro, teve que aceitar receber menos do que o proposto no anúncio. Imagem via Revista Hibrida

Bom Retiro: Uma verdadeira escola da moda

Como foram os primeiros empregos em São Paulo?

No meu primeiro emprego aqui, trabalhei como assistente do estilista Gustavo Silvestre que se dedica ao crochê. Depois, fui trabalhar na produção da Casa de Criadores, enquanto isso fiz outra faculdade no Senai – Tecnólogo de Produção do Vestuário. Daí, mandei currículo para todo mundo e ouvi vários nãos: NÃO, NÃO, NÃO, NÃO …

Até que o Weider Silveiro, um grande amigo meu, estilista, me chamou para trabalhar no Bom Retiro com ele. O Bom Retiro foi um divisor de águas na minha vida, porque lá eu aprendi a trabalhar em chão de fábrica.

Existe um preconceito muito grande com os coreanos, fora isso, eles não querem ser brasileiros nem se inserir com a gente. Eles só querem fazer roupa e vender, cópias e mais cópias.

DP – Quanto tempo ficou trabalhando no Bom Retiro e em outras empresas antes de partir para ter sua própria grife?

IS – Fiquei no Bom Retiro um ano e meio, quando tive uma oportunidade de trabalhar em uma grande confecção. Lá eu desenvolvia produto para Le Lis Blanc, MOB, Iodice, e outras grandes marcas. Nessa empresa fiquei três anos e foi onde aprendi tudo: comprar tecido, fazer prova de roupa, fazer pesquisa.  Acabei me tornando um grande profissional dentro da confecção.

Lá eu fazia pesquisa, desenvolvimento de coleção e participava um pouco da entrega, do controle de qualidade, porque  a empresa começou a ter muito problema nesse quesito, então eu passei a acompanhar. Exatamente por problema no controle de qualidade é que a empresa fechou.

Em 2015, quando a confecção fechou, decidi montar a marca Isaac Silva. Também fui vendo, que na moda tinha muitas coisas que não eram legais, o que me  ajudou a decidir ter minha própria marca.

-Agora, quero falar de Brasil, de mulher brasileira, quero falar sobre a gente. Pensei.

E graças aos deuses, aos orixás e todas as forças positivas, está dando certo!

Isaac já saiu com destaque em veículos como Folha, Vogue, Lilian Pacce, entre muitos outros. Político e consciente, Isaac usa a Moda para dar voz à sua luta por um mundo mais justo

Nasce Isaac Silva, a grife

DP – Como foi o processo de iniciar sua marca e se consolidar como criador?

IS – Ainda trabalhando na confecção no Bom Retiro, mandei um projeto, falando de brasilidade para a Casa de Criadores, na qual eu já havia trabalhado, ajudando na produção do evento. O André Hidalgo, jornalista e agitador cultural que idealizou o evento,  gostou e me colocou para desfilar na edição de maio de 2015.  Essa foi minha primeira coleção, meu primeiro desfile e foi um sucesso!

As coisas começaram a deslanchar. Eu fiz outra coleção, fiz outra, até que na terceira, quando escolhi como tema a história de Dandara, a esposa do Zumbi dos Palmares, eu tive contato com a diva maravilhosa, Elza Soares. A partir daí, eu comecei a vestir a Elza e várias artistas vieram: Liniker, Gabi Amaranto, Djamila Ribeiro, Camila Pitanga, entre outras pessoas. A procura foi tão grande que eu resolvi montar meu ateliê.

Antes meu ateliê era em casa e eu tinha uma loja online. Então resolvi ter a loja, que abriu recentemente em 21 de dezembro de 2018, junto com o ateliê. Também estou procurando mais pontos para vender a marca Isaac Silva.

DP – Qual o impacto de tudo isso em sua trajetória?

IS – Tenho recebido muitos convites internacionais para este ano, mas infelizmente eu não vou conseguir atender. Recebi convite para desfilar em Angola, Senegal, Paris e recebi também um convite da Universidade de Viena, para ficar um mês lá, com os alunos de design de moda fazendo uma troca de experiência. Para este último, ainda estou decidindo se vou ou não…

É que, no meu plano de negócios, a internacionalização da marca, só está prevista para acontecer entre 2020 e 2021. Para aceitar esses convites, eu já estaria antecipando e não sei se é interessante…

Em seu último desfile na Casa de Criadores, em novembro passado, ele teve patrocínio da Sou de Algodão, entidade que incentiva o uso de fibra natural. Boa parte dos recursos recebidos foi usado na criação de sua loja, inaugurada em dezembro, no bairro da Santa Cecília. A loja foi aberta sem sócio investidor ou empréstimo bancário. Além do fundo reaproveitado do patrocínio, ele contou com recursos próprios, de familiares e de amigos. Via Emerge Mag

DP – Então você fez um plano de negócios para marca? Conta um pouco mais desta parte de planejamento.

IS – Como eu tenho uma veia comercial muito grande, por causa do meu pai, procurei ajuda do Sebrae, rodada de negócios, estudei bastante administração, fluxo de caixa e toda a parte chata.

O que a gente tem que entender, é que no Brasil, nós não temos a cultura econômica, a cultura do poupar. Aqui, além de ser design e fazer toda parte criativa, você ainda tem que ser também um empresário.

No Brasil não existe uma pessoa que você contrata e ela vai ser seu empresário. É você e você!

Lá fora é diferente. O criador cuida só da parte criativa, enquanto isso, tem investidores, não são nem sócios, são sócios investidores. Eles não são donos da marca, eles podem ser os donos do negócio, mas a alma está ali com o estilista.

DP – Como é ser também um empresário e lidar com todo a parte administrativa do negócio?

Eu tive que separar muito bem o lado do sonho do Isaac,  que é o Isaac estilista, do Isaac que é empresário. Fiz um plano de negócio. O mercado da Moda não acontece do nada, se você não fizer um planejamento, você vai morrer na praia.

Como eu quero que a empresa fique sadia e sempre no azul, fiz um plano de negócio em que 30% do faturamento da marca vai ser do mercado internacional. E tem espaço nesse mercado para uma marca de um design brasileiro.

O mercado internacional quer ter uma estampa brasileira, quer o Brasil lá e eu sei do potencial da minha marca. Imagino que 70% do faturamento venha do Brasil, mas se, por algum motivo, eu não atingir essa meta, vou ter esses 30% do internacional que vai ajudar a fechar a conta. Assim, quando tivermos uma crise política ou crise econômica, por exemplo, quem vai sustentar a marca vai ser o internacional.

Eu prendi primeiro na empresa dos outros, para depois não errar na minha. Priorizo muito a questão de você saber onde a peça é feita, porque se você olhar as etiquetas da maioria dos produtos, vai ver muito Made in China, Made in Italy, sem contar questões como a mão de obra escrava.

Procuro ter muito cuidado com isso, tudo é feito aqui no ateliê e tudo é brasileiro, desde o tecido. Minha roupa é brasileira. Meu intuito é justamente fortalecer o Made in Brasil!

DP – Sua vida é muito corrida?

Hoje sim, porque a abertura da loja é muito recente, tem pouco mais de 1 mês e a loja ainda está se adaptando.

Minha rotina é: acordo 6:00h da manhã, chego na loja às 8:00h e fico até 7:30,8:00 e vou para casa.

Aqui é meu ateliê, recebo as clientes, os amigos, faço as provas de roupas, aqui tem as roupas prontas, e está sendo sucesso!

DP – Quais os maiores desafios de todo esse processo?

IS – O maior desafio é manter a empresa no azul, além de me manter bem espiritualmente e também a saúde psicológica.

DD – Isaac, muito orgulho de conhecer sua trajetória e ver quão bem estruturada está!  Que tenha cada dia mais sucesso e que seus sonhos se tornem realidade!

Confira agora desfiles do Isaac Silva na Casa dos Criadores

Isaac Silva homenageia a primeira travesti negra do Brasil

“Isaac Silva segue ascendendo na sua moda engajada, usando seus desfiles da Casa de Criadores e coleções como plataforma pra discussões importantes. Agora ele pensa na mulher trans e na visibilidade dela no Brasil via Xica Manicongo, que é a primeira travesti registrada na história brasileira (em 1591) e, portanto, considerada um marco pós-invasão portuguesa, símbolo de luta e resistência.

Negra e escrava, Xica morreu assassinada no século 16, descrita nos registros com “vestes de feiticeira africana”. Assassinada como Dandara, Matheusa, Marielle e tantas outras. Essas são histórias que precisam ser contadas e lembradas – é isso que Isaac faz.” Via  Lilian Pacce.

“Ao mesmo tempo Isaac Silva, um dos poucos estilistas negros brasileiros a fazer parte de um evento de moda de porte por aqui (e que só por isso já é parte de uma resistência política), está cada vez mais inserido em um movimento de moda afrobrasileira: “Tenho viajado muito, principalmente nesse ano. Convidam pra desfilar, pra dar palestra sobre o assunto, e os eventos são lindos, uma troca de energia e experiências, trabalhos incríveis.

O que lá fora já acontece, como você pode ver com Stella Jean [na Semana de Moda de Milão], com o afropunk, também está começando por aqui, comigo, com o Apolinário [da Cemfreio] e outros”, ele explica. Agora é a primeira vez que Isaac usa tecidos africanos – os estampados vieram de Dakar.

Acima de tudo, esse é o desfile mais político da carreira de Isaac. Começa com a poeta-slammer Mel Duarte declamando uma poesia; segue com a escritora feminista Stephanie Ribeiro se perguntando por que, quando ela é entrevistada, as perguntas sempre incorrem em assuntos como apropriação cultural e nunca tocam no tema do número de negros mortos ser comprovadamente maior que o número de brancos mortos segundo as estatísticas; recebe Michelle Fernandes, da Boutique de Krioula, fazendo um turbante em Stephanie no meio da passarela e explicando que ele é a coroa da mulher negra.

E finalmente chega na entrada do próprio Apolinário, que discursou sobre a quantidade de mulher branca muito maior que a de negras na moda e fez todo mundo levantar com sua oratória (todo mundo mesmo, salvo um homem branco na segunda fila que ninguém entendeu porque não quis fazer o esforço de esticar as canelas…) pra aplaudir e exaltar a mulher negra de pé. ” Via Lilian Pacce– Veja fotos dos desfiles no site da Lilian Pacce.

Isaac Silva estava pensando em outro tema pra essa coleção quando pintou um convite: ele está vestindo ninguém menos que Elza Soares, uma das maiores divas da música, nessa nova turnê “A Mulher do Fim do Mundo“! Ele parte dela nesse outono-inverno 2017 apresentado na Casa de Criadores pra falar também da geração que chama de tombamento, empoderada em questões LGBT e de preconceito racial: Isaac cita Liniker, MC Soffia, Tássia Reis, Magá Moura, As Bahias e a Cozinha Mineira e Karol Conká como seus representantes.

Na passarela, o estilista segue investindo no street que deu certo na temporada passada só que agora também insere uma pegada mais glam do prata e dourado (afinal, é da Elza dos palcos que estamos falando, né?); mistura paetê e pelúcia; escreve “Tombei“, “Lacry” e “GRL PWR” em caixa alta; traz um olho místico em alto relevo. Cajú Lucena, artista recifense, pinta a cantora na roupa – um dos melhores looks é o vestido-camiseta com o rosto de Elza e um black roxo, que a própria já pediu pro Isaac pra pendurar na casa dela, tipo quadro mesmo!

E não dá pra deixar de falar do casting incrível, que abre com Viviane Oliveira (que bombou depois de ser exclusiva da Louis Vuitton no ano passado), passa por Sabrina de Paiva, atual Miss São Paulo, e vai até a poderosa Carmelita. A beleza assinada por Max Weber é um show à parte, com direito àqueles elásticos que você gruda em cada canto do olho pra puxá-los, super Elza Soares. E você achou que ver plus size na passarela do SPFW com o Lab foi impactante? Via Lilian Pacce– Veja fotos dos desfiles no site da Lilian Pacce.

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