O DFB 2017 abriu sua 18ª edição em clima de festa. Na comemoração dos 18 anos de evento, o que vemos é uma moda brasileira autoral, criativa e repleta de atitude. Os desfiles da primeira noite foram marcados pelo enaltecimento da figura feminina e pelo preciosismo das artes manuais, resgatando valores e tradições do passado sob o olhar da moda atual.
DFB 2017 – Os destaques do dia 1
A soma da criatividade dos estilistas Lindebergue Fernandes e Iury Costa resultou no trendshow da Jangadeira Têxtil. Para a coleção, a inspiração veio da turbulência dos anos 70, marcado pelo amor livre e pela filosofia hippie. Shapes alongados, vestidos esvoaçantes e muita calça boca de sino dominaram a passarela, com uma paleta de cores suaves arrematada por um toque de vermelho.
Jangadeiro Têxtil by Lindebergue Fernandes e Iury Costa
O Babado Coletivo trouxe uma coleção colaborativa, criada por 14 marcas autorais cearenses. Dialogando com as causas sociais, o desfile levantou a bandeira feminista e levou para a passarela uma mulher empoderada e irreverente. Muita transparência, rendas, tules e materiais inesperados como o plástico trouxeram texturas interessantes para os looks femininos e masculinos, iluminados pelo frescor dos tons de neon.
Babado Coletivo – DFB 2017
Wagner Kallieno apostou nas assimetrias e na estamparia digital para imprimir seu DNA em peças modernas e de inspiração esportiva. As bomber jackets ganharam bastante destaque, com estampas vibrantes que mixam motivos da fauna e da flora. A transparência também apareceu com força por aqui, enriquecida com fios brilhantes e recortes vazados.
Wagner Kallieno – Backstage DFB 2017
Rendas, crochês e bordados manuais tomaram conta das passarelas na noite de terça-feira. No desfile da estreante Villô Ateliê, a delicadeza do trabalho artesanal veio em uma profusão de tons crus e terrosos, que tingiram os vestidos de shape ultra feminino. Explorando todas as possibilidades que o crochê oferece, as estilistas Emily Dias e Vivianne Pinto propõem um verão elegante, repleto de bordados minuciosos em pedraria metalizada. Cada peça é única e leva muitas horas para ficar pronta, o que deixa a coleção ainda mais exclusiva. Destaque também para as peças resort, com muitas hot pants e maiôs que vão das praias para a cidade sem perder a sofisticação.
Villô Ateliê
Almerinda Maria apresentou seu já consagrado trabalho em renda com uma cartela de cores de tons adocicados, exaltando o feminino com inspiração nas deusas do Olimpo. As modelagens curvilíneas e cheias de sensualidade criam um contraponto interessante com as cores suaves e a delicadeza das coroas nos cabelos.
Backstage Almerinda Maria
Para o multifacetado estilista Dudu Bertholini, esse resgate às raízes mostra um novo direcionamento na economia e nas relações humanas, deixando de lado as políticas de poder centralizado e apostando em relações mais horizontais e verdadeiras. “O artesão é tão artista quanto o artista da Bienal, quanto o designer de móveis, são eles que fazem a manutenção ancestral de uma cultura que é fantástica”, afirma ele. A ascensão do feito à mão na moda não é por acaso, ela faz parte de uma revolução afetiva que veio para mudar a maneira como consumimos e nos relacionamos.