DFB 2017 – Backstage Weider Silvério. Foto: Thiago Bruno
A celebração do Nordeste como usina criativa e multicultural deu o tom à 18ª edição do Dragão Fashion Brasil (DFB 2017), que trouxe para as passarelas o melhor da tradição têxtil da região e transformou o Terminal Marítimo de Fortaleza em uma vitrine de cultura, gastronomia, música e coleções autorais de consagrados estilistas para toda a América Latina.
Acompanhando o momento de profundas transformações em que vivemos, o evento trouxe à tona discussões bastante atuais, abordando o feminismo e o empoderamento através de ações inclusivas que marcaram o décimo oitavo ano do Dragão Fashion. O casting 100% nordestino a cereja do bolo, garantindo uma passarela com a beleza plural que representa a incrível miscigenação brasileira.
DFB 2017 – Backstage Weider Silvério. Foto: Thiago Bruno
DFB 2017 – A diversidade marca as passarelas do Dragão
A beleza real e a busca pela representatividade estão cada vez mais presentes no mundo da Moda, diversificando os rostos da indústria de modelos e trazendo faces muito mais interessantes para os holofotes. O casting do DFB 2017 foi 100% nordestino, das estreantes às as principais top models brasileiras nascidas na Região, que estiveram no Ceará exclusivamente para o evento. As internacionaisValentina Sampaio (CE), Lais Ribeiro (PI) e Dani Gondim (CE) dividiram a passarela com novos talentos descobertos pelo projeto New Faces, apadrinhado por Thyane Dantas, mulher de Wesley Safadão.
Casting do projeto New Faces
Na iniciativa comandada pelo organizador Claudio Silvério, 15 meninas de regiões periféricas foram selecionadas para estreiar sua carreira de modelo no DFB 2017. Elas passaram por uma transformação total, com direito à cabelo, maquiagem e cursos de passarela e fotografia, em uma ação que transcende as fronteiras do evento e promove novas oportunidades de carreira, em nível nacional e com grande vitrine no exterior.
A ex-modelo Lu Palhano, que agora dedica-se ao trabalho na Secretaria da Cultura, foi descoberta por Claudio, com quem mantém uma relação de amizade e gratidão. Ela voltou às passarelas exclusivamente para essa edição comemorativa do DFB e nos contou que a modelo que desfila na passarela do Dragão está pronta para qualquer passarela: “o Dragão foi um divisor de águas, ele ajudou a tirar a moda do eixo Rio-São Paulo e apresentou para o mundo a beleza da mulher nordestina, que hoje estampa as capas das principais revistas e faz o maior sucesso”.
Com destaque para tantas belezas diferentes, a representatividade esteve em alta nas passarelas mostrando todo o potencial de diversidade nacional e inspirando muitas reflexões. Para a modelo Raquel Bandeira, a beleza brasileira é única e muito especial: “aqui você encontra a menina loira de olho azul, o negro de olho claro, uma mistura da indígena com a portuguesa, com a japonesa, com essa coisa exótica que é a razão pela qual as tops brasileiras ganham tanto reconhecimento no exterior.”
DFB 2017 – Raquel Bandeira. Fotos: Roberta Braga, Cláudio Pedroso e Pedro Brago
Aos 19 anos, Raquel está em sua quarta semana de moda e trabalha como modelo desde os 15, quando foi descoberta pelo scout Romualdo Cassiano. Segundo ele, as redes sociais tiveram grande importância nessa mudança de panorama, que vem ocorrendo lentamente ao longo dos últimos 15 anos. Com o boom dos influenciadores digitais, as marcas querem estar cada vez mais ligadas à pessoas que inspiram, por isso a importância da manutenção da imagem da modelo no espaço virtual, que também têm servido como uma plataforma para ir ao encontro de novos talentos. A top model Danielle Pontes, por exemplo, foi descoberta por Romualdo através do extinto Fotolog, logo após participar do concurso Elite Model Look, em 2005. Desde então, ela já foi o rosto de marcas como Armani Jeans, Andrea Bogosian e Loft 747, representada por agências internacionais.
Dani Pontes para Kallil Nepomuceno. Fotos: Roberta Braga, Cláudio Pedroso, Pedro Brago e Instagram.
Raquel Bandeira admira a representação da pluralidade do belo: “hoje a gente vive um momento onde se vê mais isso. Há uns 5, 10 anos atrás você via mais aquele perfil Gisele, das meninas do Sul. Agora as portas estão se abrindo para as belezas mais diversas, com mais aceitação”. Sobre essa nova fase da indústria da moda, ela avalia os impactos positivos dessas iniciativas na auto-estima feminina, afirmando que “quando as meninas estão naquela fase de se descobrir, chegar nesse momento [da vida] e olhar para a TV e não se ver representada, não se sentir bonita, tudo isso é muito difícil. Por isso é tão importante a gente mostrar que o diferente é bonito e que ser única é o máximo.”
Fila final Kallil Nepomuceno e Raquel Bandeira para Iury Costa.
Fotos: Roberta Braga, Cláudio Pedroso e Pedro Brago