Tendências para o Inverno 2012 – KiteTêxtil apresenta tecidos, cores, temas e inspirações

A Kite apresenta sua coleção para o Inverno 2012, que vem sob o tema Mystère. A inspiração é um clima melancólico, soturno e dramático – um inverno estranhamente romântico, repleto de paisagens sombrias e austeridade chique.

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“Esse inverno está misterioso, ele está um inverno sombrio, derivado de algumas questões que estão acontecendo no mundo, como a crise mundial, que afeta o mundo como um todo, mesmo que o Brasil esteja numa situação privilegiada no momento. Essa questão da crise vem atingindo vários países, principalmente na Europa e os Estados Unidos. Por conta disso a gente percebe as pessoas um pouco mais introspectivas, mas pensativas sobre o futuro e também uma pergunta: quem seremos nós nesse novo milênio? Estamos passando por uma reestruturação, revendo valores, buscando mais respostas para as perguntas. Esse mistério e esse ar melancólico que estamos percebendo nas coleções é um reflexo de toda essa turbulência”, explicou Carol Fernandes, estilista e pesquisadora do Senai Moda e Design – RJ que conduziu a palestra sobre as tendências para o Inverno 2012.

A sensualidade andrógina mostra uma reedição dos mais fortes aspectos desse estilo. As silhuetas das roupas, os calçados e acessórios exploram a austeridade da década de 30, a paixão dark, o fascínio pelo escuro e pelas cores intensas, retratados de forma refinada.

A era vitoriana também é uma referência relevante. Sua moda e seu comportamento contido e recatado. As blusas e vestidos em musselina de seda aparecem com as mangas arredondadas e golas vitorianas, garantindo a feminilidade.

O Inverno 2012 trará as silhuetas com bom corte e as formas arrojadas. Há uma vontade de descobrir locais improváveis para serem explorados, revitalizando o contato com a natureza. Nesses santuários primitivos as experiências e emoções são compartilhadas – longas conversas podem surgir ao cair da noite, abordando mistérios e lendas.

Os delírios e o inconsciente também são pano de fundo para esse inverno intrigante e envolvente. Correntes urbanas do preto total norteiam a sofisticação das rendas e transparências veladas, em propostas onde a ousadia obscura das formas dita o tom num jogo de esconde e mostra.

A cartela de cor para o inverno, que normalmente costuma ser mais sóbria, vem mais colorida, com cores mais elegantes, permitindo uma grande mistura. A mistura é a palavra-chave para o inverno 2012, não só para as cores, mas também para as texturas, estampas etc.

Romantismo Sombrio

Todo esse clima de mistério gera também um clima romântico e nostálgico, que traz muitas referências do passado. “Há muita inspiração nos contos de fadas que vemos renascendo no cinema, mas estão vindo diferentes, porque as mulheres não são mais indefesas à espera do príncipe encantado. As mulheres hoje vão à luta, têm mais atitude.

No novo filme da Branca de Neve, Snow White and the Huntsman (Branca de Neve e o Caçador), a Branca de Neve é a Kristen Stewart (Crepúsculo), que é conhecida até por ser um pouco ‘emburradinha’, aparece vestida quase como uma Joana d’Arc, como uma guerreira. Quando a gente iria imaginar que a Branca de Neve teria essa vestimenta de guerreira, e não de uma princesa à espera de seu príncipe.

Tem também o filme da Bela Adormecida, que inclusive concorreu em Cannes, no qual a Bela aparece como uma prostituta que toma um ‘boa noite cinderela’. Uma Bela Adormecida dos novos tempos. O filme A Garota da Capa Vermelha é sobre a Chapeuzinho Vermelho. A capa dela é como se fosse uma mancha de sangue. Os contos de fada estão aí, há inocência, mas ela vem pincelada pelo sombrio e melancólico”, explica Carol Fernandes.


Fotos: UOL e Revista Up!


Contrastes de materiais para o Inverno 2012

Cores: O canela e o mascavo aparecem misturadas com o neutro; os marrons surgem mais quentes, com toques avermelhados; o jásper, um rosa pálido, é quase como a pele translúcida das heroínas dos contos de fada; petróleo e blue petrol; cores mais neutras como lebre, pooney, meteorito e funghi. Entre as padronagens, paisagens Soturnas, pantera negra, pássaros e estampas miúdas.

Metamorfose – As peças parecem que estão se transformando, é uma mistura de materiais que aparenta uma mutação. A metamorfose aparece nos tecidos e também nas estampas, como uma onça que se torna uma outra padronagem, estampas com efeito ombré e mistura de padronagens.

Contraste de Materiais – Aqui aparecem misturas de materiais variados, como o couro com a pele, pelúcias etc. Mix de materiais que antes não se imaginava, até mesmo com contraste de pesos.

Casacos (trench coats) usados como vestidos, numa silhueta trapézio e bem curtinhos, acompanhados de meia calça e botas mais altas, com um pouco da influência dos anos 60 – os anos 60 e 90 são grandes referências no romantismo sombrio. Penas e as plumas aparecem aplicadas e em estampas. A Chanel é revisitada e surge em várias releituras, no shape e nos detalhes, influência também dos diversos filmes abordando a vida e a obra da Coco Chanel.

Os laços são deslocados, adornam as pernas de shorts, bermudas e calças mais curtas. As golas vitorianas aparecem plissadas, com renda e todas as aplicações imagináveis que dão um ar romântico à peça. “A gente vai ver a gola de outra maneira, a gola boneca, que aparece na peça e também como acessório – aí ela pode ser variada, em pele, couro, paetês e até como joia, com pedraria”, disse a estilista.

Na campanha da Prada as meninas vieram massivas, parecem gatos. Elas estão extremamente femininas, mas elas não sorriem. É uma atitude mais melancólica, apesar das cores e da maneira como elas agem.

Já a Chanel trouxe uma gatinha – os gatos são uma grande referência para essa temporada.

O veludo vem recortado, brincando com a cor – parece sobreposição, mas é um jogo de recortes. A lingerie também traz inspiração. As mangas continuam chamando a atenção, mas agora elas aparecem bordadas, com detalhes, trabalhadas com aplicações. O volume das mangas aparecem ovais, com cavas deslocadas. Os plissados estavam nas passarelas e já assumiram as ruas.

As rendas, que estavam brancas no verão, agora aparecem coloridas, com tons fortes, ou negras, e também rendas recortadas. As estampas são bem misturadas, mas quem dá o tom desse mix são as cores. O folk aparece na malharia e no tricô, muito influenciado pela música. O crochê vem para dar um toque de artesanal, em detalhes ou peças inteiras.

As sobreposições embrulham o corpo, feitas com malhas de toque agradável. Peças amplas com recortes combinadas com calças secas. “Esse look vai se repetir muitas vezes, as peças maiores na parte de cima com calças mais ajustadas”, contou Carol Fernandes. As calças skinny continuam como uma das favoritas, apesar da entrada das pantalonas e calças flare. Mantas super confortáveis aparecem feitas de moletom, tricô e malharia. O cardigan deixou de ser um simples casaco e vai ganhando um espaço como vestido – bem curto e com as pernas de fora.

Mangas feitas de pelo, seguindo a linha de misturas. “Vai ter muito pelo. Para colocar isso para o público brasileiro a ideia é aplicar o pelo nas mangas ou em recortes e detalhes localizados”, explica a estilista.

Berlim

“Berlim traz essa brincadeira do híbrido, do antigo com o novo, do permitido com o proibido, e tem esse ar soturno, melancólico”, diz Carol. Marlene Dietrich, a primeira mulher a usar calças no cinema americano, é vista como referência nesse tema. A estilista explica que “ela tinha essa postura feminina, mas mais agressiva. Ela usava elementos do armário masculino e traduzia numa feminilidade mais agressiva. Isso é interessante se a gente pensar na mulher como ela é hoje – a mulher está no comando, ela é presidente, de empresas e países, às vezes ainda toma conta de uma família sozinha”. A mulher se torna mais masculina, mas sem perder o encanto da feminilidade.

Outras referências são os filmes de Fritz Lang, como o Metropolis e toda sua estética, e o livro de Edgar Allan Poe, O Corvo, que inclusive já serviu de inspiração para decorar algumas vitrines, como a da Zara.

Cores: tonalidades mais dramáticas, como o ameixa; ovelha, garrafa, sombra, com mistura de cores fortes; wine, trufado, bombom e ráfia.

A androgenia toma conta dos neutros e do minimalismo. “A Dolce & Gabanna fez isso muito bem, desfilando looks que te deixam na dúvida se é um desfile feminino ou masculino”, exemplificou Carol.

A mistura de tecidos surge em blocos. A alfaiataria aparece renovada e é uma tendência bem forte para a estação, “mas ela não vem nos terninhos, como a gente está acostumado. Ela aparece na saia-calça, no casaco mais trabalhado, com manga estruturada. É uma alfaiataria jovem e divertida, que pode não ser apenas para o trabalho e serve também para a noite”, contou Carol Fernandes. O Jacquard trabalhado e a lã alfaiataria aparece bastante nesse tema.

Os recortes formam ângulos perfeitos nas roupas. O couro e a película surgem nas partes de baixo, principalmente nas saias, que vêm em modelagem evasê e lápis, e também em aplicações. Malhas mesclas chegam bastante trabalhadas, drapeadas e enroladas no corpo, quase como um origami. Maxi casacos ganham volumes estruturais e os detalhes de geometria aparecem nos tecidos fluidos com muitos recortes. O geométrico enfeita também as calças bicolores. Listras metalizadas, assim como os tecidos metálicos, aparecem em profusão.

Os anos 30 e 40 são forte influência, principalmente na alfaiataria, trazendo os ombros destacados e a cintura marcada. “É um detalhe da feminilidade, os ombros são mais fortes, estamos carregando mais peso, mas continuamos femininas”, disse Carol. Os drapeados aparecem com frequência em tecidos com brilho acetinado e também nas malhas do streetwear. Destaque para os jacquards metalizados e as rendas pretas, que chegam com alto relevo. Ainda nos metalizados, o look dourado total se repete.

Os macacões surgem com decotes profundos. “O macacão é uma peça que ganhou um espaço tão importante quanto o vestido no guarda roupa feminino, mas muitas vezes as pessoas fazem macacões tomara que caia, por ser mais fácil de tirar na hora de ir ao banheiro, mas muitas vezes esse modelo tomara que caia não dá a praticidade que as mulheres estão buscando – elas colocam o macacão e já estão prontas, não precisam combinar muito. Só que a gente tem que pensar em trabalhar uma parte de cima que seja mais composta, que a mulher possa usar essa peça para trabalhar, por exemplo. Também é preciso pensar numa modelagem que se torne mais fácil para a mulher, para que ela não precise de alguém para ajudar a vestir”, explicou a estilista e pesquisadora.

Peles enfeitam coletes e casacos e a cropped é a calça da estação, mais ajustada, para o dia a dia e também para a noite. A saia lápis, assim como os vestidos com silhueta lápis, traduzem a feminilidade.

Delírios

“Nesse tema a gente fala sobre os mistérios que são inconscientes”. A grande referência é o surrealismo. “As pessoas estão buscando experiências – elas querem comprar não só um produtos, mas também experiência, um design que emocione e desperte sentimentos”, revelou Carol Fernandes.

Cores: red, cendré, antílope, pele, moon, taupe, green petrol, camurça, coffe.

Nesse tema o color blocking ainda é referência, mas é um bloco de cor total – ao invés da mistura, o look aparece inteiro de uma cor. Os efeitos óticos se mostram através dos recortes e estamparia, muitas vezes com aparência 3D.

A inspiração ‘rock’n roll all night ‘ aparece nas calças metalizadas, como as vistas no desfile da Balmain, inspiradas na roupa dos rockeiros do Kiss. A sobressaia chega em saias e vestidos. Os conjuntos retornam por conta dessa tendência de looks de uma cor só. As mega saias-calça se confundem, “a gente não consegue ver onde termina a calça e começa a saia”, contou a estilista.

Mix de texturas e formas, com estampas mais coloridas e shapes exagerados. Poás e transparências são misturados, paisagens neo-surrealistas e o sportwear psicodélico garantem mais cor a peças únicas e divertidas, muitas fazendo referência à pop art. “Vestidos, quase camisetões, com mega estampas, bem exageradas, influenciadas pela cultura pop”.

As roupas para a noite chegam bem variadas, com jacquard, tecidos metalizados, com efeitos óticos, alfaiataria. “As meninas estão se arrumando mais e se preocupando muito com as peças que vão usar na balada”, disse a palestrante.

Samantha Mahawasala: Paulistana criadora de conteúdo, em jornalismo e marketing digital, há mais de 13 anos.
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