A Moda é muito mais que consumo e status social, ela é um sistema abrangente que traz em sua essência diferentes aspectos, entre eles, traduz o espírito da época e neste quesito está mais ligada a identidade, coletiva ou individual. A Moda também estuda e registra as manifestações do novo na cultura, capturando antecipadamente inclinações, isto é, tendências do que está por vir.
O DFB 2016, Dragão Fashion Brasil, maior semana de moda autoral brasileira realizada em Fortaleza – CE de 4 a 7 de maio de 2016, em sua 17º edição, contemplou brilhantemente estes aspectos, ao valorizar nossas raízes, trazendo para as passarelas criatividade e paixão, inclusive de novos talentos.
Também estimulando a indústria do vestuário a incorporar cada vez mais as artesanias e a cultura popular em suas criações, além de disseminar o conhecimento através de palestras, mesas redondas e discussões com profissionais de renome da moda brasileira, entre eles, Ronaldo Fraga e o Carlos Ferreirinha.
A concepção do evento, que foi feito baseado não apenas no aporte financeiro, mas também em Parcerias e Colaboração, como podemos ver em entrevista para o Fashion Bubbles com o Claudio Silveira, idealizador do Dragão Fashion Week, também explorou macrotendências que vieram para ficar, como Inclusão, Compartilhamento, Transparência.
Entrevista com o Claudio Silveira por Denise Pitta
Babado Coletivo. Projeto que estimula a economia criativa e valorização dos talentos locais traz ao DFB 13 marcas autorais cearenses (@babadocoletivo ) em foto de NICOLAS GONDIM (@nicolasgondim) – DFB 2016
Denise Pitta – O que te move e inspira na Moda e qual seu legado nessa jornada?
Claudio Silveira – O que me inspira é Paixão. Paixão pela moda, pelo Nordeste, pelo meu Ceará. Paixão pela nossa artesania. Acho que a gente não pode deixar isso morrer nunca. O legado é mostrar que tem que ter força coragem, tem que ter muita fé e fazer com muita vontade! Assim você consegue.
DP – Tem havido mudanças no mercado de moda, principalmente na SPFW, que pretende se aproximar do consumidor final, trazendo o conceito do “see now, buy now” (veja agora e compra agora), que pretende deixar de ser um evento conceitual, para se tornar um evento mais comercial, o que você acha desse processo? Acha que é um caminho?
CS – Eu não tenho noção de como funciona um evento comercial, nosso evento é um evento autoral. Mas eu acho que este não é um caminho, eu acho que as semanas comerciais tem que se reinventar, elas tem alguns problemas que a gente vê no mercado, as marcas tem alguns problemas. Já os autorais movimentam essa energia, eles deixam as pessoas mais confiantes de que podem fazer alguma coisa. O que eu quero é que estes estilistas entrem no mercado de trabalho e consigam um lugar ao sol.
Eu não tenho uma proposta comercial neste evento, a proposta comercial que eu tenho é o que você viu lá fora, um grande shopping a céu aberto na beira da praia, com todo artesanato cearense, nacional e internacional, agora com a participação da Colômbia .
DP- O que você acha sobre a proposta de uma Moda mais inclusiva.
CS – Eu acho que essa questão é uma tendência que as pessoas deveriam observar mais, porque na verdade, agregar pessoas, agregar histórias, isso é a Moda! É muito mais moderna, do que simplesmente fazer moda para vender.
Essa moda mais inclusiva, já está chegando a diversos eventos, estão tentando trazer pessoas, viabilizar os órgãos como Sebrae e outros, só que isso é de um público mais diferenciado, é de um público inclusivo que tem o que oferecer, não são de marcas que querem obter desses recursos, os recursos do feito à mão, desses inclusivos autênticos, para poder jogar dentro das suas empresas e usar como base.
DP – Quais os maiores desafios de organizar o Dragão Fashion, que já está em sua 17º edição?
CS –Ter esse espaço desse tamanho, com toda essa estrutura e gastar apenas R$ 1 milhão e meio de reais, sendo que outras semanas de moda recebem muito dinheiro, às vezes, dez vezes mais, segundo informações que eu recebo.
DP – E como foi possível realizar este desafio?
Eu tenho três empresas, eu trabalho para todos os maiores eventos do meu estado. Tenho a equipe de produção que é a Produtora, eu tenho a Artesanias do Ceará, que é uma empresa de cenografia e eu tenho a Locar, que é uma empresa de mobilias. Então eu tenho todas as mobilias dentro do evento, eu tenho todas as estruturas dentro do evento e eu só contrato estruturas pesadas, de box, de ar condicionado, de luz, de som dos meus fornecedores do ano inteiro, que é uma festa, como se fosse o meu natal, então eles me dão muita coisa para que eu possa mostrar que quem consegue unir 600 pessoas para fazer um trabalho como esse , consegue fazer moda inclusiva, moderna , autoral, verdadeira, nordestina e de sangue latino!
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Melhores Momentos
Mark Greiner
O desfile de Mark Greiner (@markgreiner) foi um daqueles momentos que você tem orgulho de ter assistido. Um inspirado espectáculo de força e genialidade evocando todo o misticismo brasileiro.
Encruzilhadas em noite de lua cheia, inferno, magia, pomba-gira, bruxas, olho gordo e até lobisomem foram invocados na passarela ao som da batida forte dos terreiros, misturando imagem e som, na poderosa energia da nossa cultura.
Arquitetônico, o desfile do Mark Greiner, foi um dos pontos altos do DFB 2016, ainda mais em tempos de perseguição evangélica!
Veja vídeo do desfile na íntegra
Lindeberg Fernandes
Já o Lindeberg Fernandes (@lindeberg), se inspirou na crise brasileira e traduziu com perfeição como nós brasileiros nos sentimos com toda essa crise política e econômica que assola o país. Lindeberg também fez um desfile peformático, onde trabalhou tendências como o agênero, militar e mistura de referências.
Na maquiagem, modelos com nariz de palhaço e boca triste. Destaque também para a trilha sonora, que alterna entre uma uma crítica bem humorada e a beleza das nossas cantigas.
Vale a pena assistir o vídeo do desfile.
Lizzi
A marca Lizzi (@lizzimoda) apresentou a coleção “REFLEXOS”, trazendo os conflitos da mulher com o espelho e sua imagem, que às vezes ainda é escravo do desejo do outro. Inspirada no pensamento do escritor francês Jean Baudrillard, filósofo que a gente adora, cujas reflexões baseiam muitas de nossas matérias.
A LIZZI é uma marca franco-brasileira que atravessa regularmente o Atlântico para trazer ao público coleções em edições limitadas que são desenhadas na França e fabricadas no Brasil. LIZZI apropria-se das técnicas de costura “à la francesa” com um toque de criação “à brasileira” o que torna nossas peças únicas
Ronaldo Silvestre
Ronaldo Silvestre (@ronaldosilvestre13) apresentou um belíssimo trabalho com listras, sobretudo no masculino. O tema foi inspirado no filme “O Piano”, mas evocava, a mais pura continuidade e transparência, espírito deseja para os conturbados tempos que estamos vivendo.
Ivanildo Nunes
Ivanildo Nunes ( @ivanildonuness) apresentou um belíssimo e delicado trabalho evocando sonho e desejo através de peças feitas da renda de bilro, do rechilier, da renda renascença, do bordado à mão e do crochê.
Lenerd
Já a marca colombiana Lenerd (@lenerd_official), concebida pelo designer colombiano Felipe Santamaría enaltece o poder feminino através de malhas e tecidos artesanais.
Veja mais fotos, momentos e looks
Por Denise Pitta
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