Pretos, brancos, ricos, famosos, manipuladores, estrategistas, apáticos, enfim, quem é o que no BBB?
Esquece, pelamor, não se trata deles, nem vamos ganhar nada ao analisar cada participante. O que fará diferença é encontrarmos em cada um de nós um tantinho destes personagens. Topa se ver? Vamos ao desafio?
Ao admirar uma celebridade por seu discurso, letra de música, atitude ou qualquer outra habilidade temos a tendência natural em deixar à parte o lado “humano” da criatura.
Explico: A pessoa é tão, tão, incrível no que faz, que também parece ser alguém capaz de trocar as lâmpadas da casa, que é gentil com o próximo, que colabora fazendo compras de supermercado, está sempre de bom humor e por aí vai…
Deus do Olimpo ou um sujeito comum?
Esta humanidade que nos deixa tão… tão… comuns. Que decepção, afinal, o sujeito que parece tão fantástico, no fundo é tão gente como qualquer um.
Pode ter um closet abastado, carros incríveis, dirigir um helicóptero, sair linda em todas as fotos, mas é uma frustração vê-los tropeçando nos mesmos assuntos em que nós anônimos simplesinhos, curtidores profissionais e fiéis seguidores (às vezes), tropeçamos.
Eles seres do Olimpo deveriam ser melhores, não acha?
Top? Quem é top?
Eis que o fodão da vez, tem problemas com relacionamento, ciúmes, inseguranças das mais variadas formas e passado o efeito da “carne nova” no pedaço, o estilo, as roupas de grife, o make requintado começa a se esfarelar…
Depois de algum tempo, principalmente em programas como o Big Brother Brasil, mesmo com minha admiração acalorada, descubro que esta torcida não faz nenhuma diferença e que o/a Top da vez virou gente.
Aiiiii que decepção.
Gente é tão gente…
Ser apenas “humano” é tão chato
É tão mais interessante a nossa imaginação a respeito das pessoas que, ser simplesmente gente, relacionar com gente ficou tão demodê que se tornou um diferencial você usar um serviço sem precisar falar com ninguém.
Mas e agora, que o ídolo se humanizou e se confunde na multidão? Quem poderá nos salvar? Penso que nem o Chapolim Colorado.
A maior sacanagem que pode existir é descobrir que aquele que você admira ou odeia, tanto faz, está aí dentro de você.
Ahhh não. Valha-me Deus. Vá de retro satanás…
Quem seria eu na casa do BBB?
Entretanto, é disso que se trata, cada um tem sua porção de cada um dos brothers, seja do agressivo, do bacaninha, do encrenqueiro, do jogador, o egoísta, do gentil, do humilde, daquele que não vive e prefere dormir…
Você acha que não? Nenhum deles, ou todos, não se parecem com você?
Não se engane não papai…
Amamos nosso avatar nas redes sociais, afinal, ali podemos ser algo mais perto de quem gostaríamos de ser na vida real.
Na boa, só ter nascido não foi suficiente, e nem com o melhorado “fake eu” conseguimos desflopar* os likes… Que coisa, não é?
Qual sua versão virtual?
Na nossa melhor versão virtual, onde podemos dar opinião, ligar o foda-se, mostrar a melhor face (claro, escolhemos entre 50 ou 60 fotinhas… Geralmente tem uma que fica boa, com um filtrinho então…).
Pois é, nem assim conseguimos ser o herói das galáxias. Mas, se os BBBs tem milhões de seguidores, como é que podem dar tanta mancada? Ué? Eles já não chegaram lá?
O que é que me faz torcer para sair ou para ficar – de novo tanto faz – por este ou aquele mano/a confinados? Que troço é este que me irrita tanto?
Maria vai com as outras
Bom, para começar temos uma ótima sensação de seguirmos a multidão, de nos sentirmos populares, sendo assim, seguir os memes e o senso comum não nos expõe tanto e dá aquela sensação boa de segurança.
Se todo mundo odeia fulana é tranquilo eu odiar também, só para fazer graça, para não ter que justificar minha opinião divergente ou porque se trata, no fim das contas, do outro e sendo “o outro” ele que se dane, quem mandou aparecer?
Veja bem, não interessa neste post a opinião ou afirmação equivocada deste ou daquele participante, só quero encontrá-lo – espero que apenas um pedaço bem pequeno – aqui dentro de mim.
Jogando a favor do inimigo = militância errada
Já se ligou que ao defender uma questão qualquer, a forma que você defende esta pauta pode fortalecer o discurso contrário? Que droga não é? E não é que isso acontece em tudo quanto é lugar?
Não foi só com a Lumena e Karol Conká, duas militantes aguerridas, que isso aconteceu. Na verdade, pode vir acontecer com qualquer um de nós…
Um político que defende aguerridamente os direitos do povo, pode se esquecer da parte que financia os benefícios. Uma feminista muito inflamada pode perder a mão afastando justamente seu objetivo: mulheres oprimidas.
E olhe que todas as causas são justas, mas se deixarmos a coisa rolar sem freio, normalmente vamos passar o limite do aceitável e cair pro lado negro da força.
De quem estamos falando?
Mas, quem está redigindo este texto agora? O vaidoso? O cara de bom senso? O indiferente? O mané? Deve ser todos estes e mais alguns, pois, cada um se apoderou de um dedo e pressiona uma letra no meu teclado.
E é assim que somos, um mix com doses disso e daquilo que fazem a receita final ser o que é. E quando se erra na dose de um ingrediente a coisa toda sai distorcida.
E dá para ver onde estamos errando a mão? Não, normalmente não. Mas dá pra ver onde o nobre semelhante erra. Ahhh como é gostoso julgar e cancelar. Afinal, é por demais, claro, óbvio, extremamente transparente onde o nosso semelhante erra e errou. Como é que ELE não vê?
Grito, porrada e dedo no zóio
A graça do jogo é, sem dúvida, grito, porrada e bomba. No entanto, se eu não aprender nada com ele, o jogo fica muito rasinho e como não seremos nós a ter a possibilidade de levar o milhão para casa, é bom que consigamos, ao menos, ganhar algum entendimento.
Vou concordar se achar que isso é pouco e que é mais emocionante ver os brows se estapeando. Mas, espero que você também concorde, que é mais edificante melhorarmos nosso olhar para este mundo que parece terminar e começar sempre no mesmo dia.
No Limite do Amanhã
Já viu aquele filme do Tom Cruise, No Limite do Amanhã, em que ele morre e volta sempre no mesmo dia? Isso não lhe parece nossa própria vida? Sem nada de mais incrível possa acontecer? E repete e repete e repete…
Pois é… A dica é aprender é mudar, se reconstruir, como dizem os brothers do BBB, isso antes que sejamos nós o indicado ao paredão. Uiiii.
* Flopar quer dizer fracassar. Esse termo é muito utilizado nas redes sociais, inclusive no TikTok. Quando um vídeo não viraliza e recebe poucas visualizações, likes e comentários, ele flopou.
Por Vinícius de C Moura