Arthur Aguiar: manipulação ou uma boa capacidade de retórica e inteligência emocional?
Nos últimos dias, a manipulação de Arthur Aguiar foi assunto entre os participantes do BBB 22. Veja a análise da terapeuta Camila Custódio sobre o assunto
Logo após a indicação do Líder Lucas e o Jogo da Discórdia, os últimos acontecimentos na casa mais vigiada do Brasil voltaram a evidenciar o comportamento do polêmico participante Arthur Aguiar.
Já que ele é acusado pelos outros brothers de manipulação, vale a pena fazer uma análise reflexiva dos fatos para aprendermos com eles. Afinal, como diz o ditado, contra fatos, não há argumentos. Mas será que é assim mesmo?
Em seguida, a terapeuta Camila Custódio traz sua opinião sobre o episódio. Além disso, explica melhor sobre manipulação, retórica e inteligência emocional. Então, continue lendo!
Arthur Aguiar é manipulador?
Desde que entrou no BBB, Arthur tem sido elogiado e ganhando a simpatia do público. Isso por ser um ótimo jogador, estrategista, inteligente, coerente e com um poder de comunicação surpreendente.
Seu favoritismo surgiu, independente daqueles que não gostam dele, seja por seu passado, seu comportamento fora da casa, seus relacionamentos polêmicos ou simplesmente por ele não ser uma unanimidade. Afinal, ninguém é!
Mas isso não muda o fato dele já ter voltado de 3 Paredões com uma votação pública muito inferior a de seus oponentes no jogo. Vale lembrar que a Eliminação acontece um dia depois do Jogo da Discórdia, onde Arthur acaba sendo alvo da casa e também mostrando seu poder retórica. Ou seria manipulação?
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O que é manipulação?
Vamos aos conceitos!
- Manipulação: falsificação da realidade que busca induzir alguém a pensar de determinada forma por interesses próprios: manipulação de informações;
- Retórica: a arte de falar bem, de se comunicar de forma clara e conseguir transmitir ideias com convicção.
Assim, a retórica tem como objetivo expressar ideias de forma mais eficaz, sendo também responsável pelo aumento da capacidade de persuasão.
Ao que me parece, pelos recortes das imagens e depois acompanhando os vídeos na íntegra, Arthur não é um manipulador. Embora o próprio BBB seja um jogo de manipulação. mas isso é assunto para outro artigo…
Percebo que ele tem uma habilidade de retórica que chama atenção do público e enlouquece os jogadores. Isso porque eles são raptados em seus discursos de acusação e defesa pelo sequestro emocional.
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Qual é o impacto da retórica?
A capacidade de retórica e persuasão é algo muito admirável e já deve ter prendido ou surpreendido você em algum momento na vida.
Provavelmente enquanto assistia alguma série ou filme em que há um bom advogado de defesa que a exercita e consegue colocar o júri em dúvida sobre a conduta do suspeito. Desse modo, o faz migrar de suspeito para inocente.
Isso acontece porque a retórica corresponde à formulação de um pensamento por meio da fala. Por isso, depende em grande parte da capacidade mental do orador.
No caso dos advogados em séries e filmes, eles contextualizam os fatos, focam no seu objetivo de persuasão e não perdem sua linha de raciocínio, nem se deixam ser raptado emocionalmente pela reação ou resposta do outro.
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O que é sequestro emocional?
Quando assistimos ao Jogo da Discórdia, observamos os participantes reagindo de diversas formas. Mas notamos especialmente as mulheres sofrendo com o impacto do sequestro emocional.
O sequestro emocional acontece quando somos surpreendidos com uma reação exagerada a um determinado acontecimento em que sua razão é substituída por uma forte emoção.
Quantas vezes, em uma discussão, mesmo com todo o discurso alinhado em nossa mente, nos perdemos completamente frente à fala do outro pois somos impactados pelas emoções? Em seguida, não conseguimos mais manter a nossa linha de raciocínio tão clara em nossa mente.
Depois que passa, ficamos incrédulos com nossas próprias reações e nos perguntamos: por que isso aconteceu?
Isso acontece porque o sequestro emocional é disparado por uma estrutura cerebral chamada amígdala, que é responsável pelas reações emocionais do ser humano. Sua função é acionar as principais reações ligadas à autopreservação, e desempenha um papel essencial ao identificar os riscos existentes, permitindo que o indivíduo reaja.
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Como Arthur usa a retórica?
No Jogo da Discórdia, percebemos nitidamente quando esse momento acontece. Ao assistirmos as falas de acusação de Laís e Eslovênia para Arthur, quando ele as interrompe ou as questiona, elas ficam muito reativas e perdem sua capacidade de raciocínio.
Existem muitos gatilhos para que isso aconteça. Nós, mulheres em geral, detestamos sermos interrompidas em uma discussão, principalmente por um homem. É o reflexo da cultura machista em que muitas vezes tivemos que nos calar, ou até mesmo de uma criação mais repressora.
Na reatividade emocional, elas não conseguem fazer mais nada a não ser reagir frente aos questionamentos de Arthur. Então, são tomadas diversas vezes pelo instinto de defesa e reagem com raiva, alterando o tom de voz e não conseguindo concluir as falas. Se você observar os batimentos cardíacos das participantes, também notará exatamente quando isso começa acontecer.
O resultado disso coloca Arthur em evidência, já que ele não perde sua linha de raciocínio, nem o seu foco, ganhando ainda mais força na discussão e frente o público. Isso porque não reage emocionalmente devido ao seu poder de retórica e capacidade de persuasão.
Sem dúvida, quando isso é feito de forma exaustiva como tem acontecido, ele cansa e também se altera. Mas, até lá, deixa o outro sem um argumento plausível.
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A percepção de Lina
Ainda durante o Jogo da Discórdia, não percebemos isso acontecer tão intensamente com Linn da Quebrada, já que ela também se expressa muito bem, não perde sua linha de raciocínio e coerência, mantém sua entonação na fala mesmo quando interrompida e não reage tão emocionalmente quanto as outras participantes.
Logo após a dinâmica, a própria Lina consegue esclarecer pontualmente o movimento que há nas falas de Arthur para Laís e Eslovênia. Ela, aliás, tenta explicar o conceito de reatividade emocional para as demais.
Assim, Laís também consegue perceber que, quando faz seus apontamentos de maneira mais racional, consegue expressar claramente o que gostaria de ter dito.
É nesse momento, nesse curto espaço de tempo entre ação e reação, que habita nossa inteligência emocional. Aqui ela entra em evidência: quanto maior o tempo de reação frente a ação do outro, mais possibilidade de sermos bem sucedidos em nossa resposta ou atitude frente a ela.
Os participantes do jogo ouvem para responder e se defender, mas não para compreender e reagir de forma inteligente emocionalmente ao que está sendo dito.
E o que podemos levar para a nossa vida sobre o Jogo da Discórdia e a oratória de Arthur?
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Conclusão
Temos um importante aprendizado para nossas relações: escutar para compreender o que está sendo dito, escutar até o fim, não interromper o outro. Porque você só poderá argumentar se conseguir entender claramente o que está sendo falado dentro daquele contexto.
Isso sem ficar ouvindo de forma reativa, como muito bem colocado por Lina, abrindo mais portas do que você pode fechar e perdendo sua linha de raciocínio.
Em suma, tendemos a ouvir para responder. Somos ótimos nisso porque, quando contrariados, precisamos de uma defesa rápida, não necessariamente a melhor ou a mais inteligente. É o nosso instinto.
A questão é que o Jogo da Discórdia não acontece só dentro da casa do BBB, mas também dentro da nossa casa com nossos parceiros e parceiras, com os familiares, com os colegas de trabalho e com nossos amigos. Então, podemos colocar nossa inteligência emocional em prática nesse momento.
Os próximos jogos dos brothers virão e teremos mais evidências se Arthur está manipulando ou usando da sua capacidade de oratória, persuasão ou inteligência emocional.
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Sobre a colunista
Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.