Viagem a Era da Imagética – As motivações do comportamento humano no século XXI Parte 1

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Quando fiz meu trabalho de conclusão de curso em 2005, escolhi como tema o livro A Nova Cultura do Desejo de Melinda Davis, que  fala sobre as motivações do comportamento humano no século XXI.

Vejo seus conceitos e previsões na maioria das campanhas publicitárias e até mesmo no uso dos círculos que está espalhado em todas as estampas, campanhas, etc,  faz parte do imaginário do livro.

Vai em capítulos o tema do meu TCC com alguns dos conceitos deste livro que foi tão marcante para mim.

Viajando na Era Imagética

“  Viajar, no grupo dos mais jovens, faz parte da educação; no dos mais velhos faz parte da experiência. Ele que viajou para um país antes de ter um contato com a língua, foi para a escola e não viajou.”  ( Francis Acon)

Segundo Dicionário Aurélio, viagem é a ação de ir de um a outro lugar, em geral distante; percurso extenso; ou ainda uma gíria que significa alucinação causada por drogas. O termo viajar também é utilizado em relação a idéias que não foram compreendidas ou que parecem não fazer sentido, porque são estrangeiras em nosso universo cultural.

Há também, o significado de viajar com a imaginação: “mas que viagens serão mais fascinantes e desafiadoras que aquelas que nos permitem transitar por diferentes tempos, em um mesmo momento, sem sair do lugar?” (Turismo; espaço e tempo)

Diante destes conceitos me pergunto: o que é viajar?  E as repostas estão sempre atreladas à fuga, a busca, ao desejo de mudança.  Para Douglas Foster, os motivos básicos, primitivos da Humanidade são o medo, o desejo, o amor e a cobiça, mas existe também a necessidade de estímulo através da mudança, excitação e novidade, realizando algo diferente. As viagens e o turismo podem fornecer esse estímulo fisicamente enquanto as viagens psíquicas estimulam os sentidos. Em resumo os dois tipos de viagens ajudam as pessoas a libertar-se das vidas normais e ampliar sua percepção do mundo e da vida.

Mas o que é vida normal ? Vivemos num mundo onde tudo é permitido, num mundo em que para Jean Baudrillard é o mundo da pós-orgia: “A orgia é o momento explosivo da modernidade, o da libertação em todos os sentidos. Liberação política, liberação sexual, liberação das forças produtivas, liberação das forças destrutivas, liberação da mulher, da criança, do homem, das pulsações inconsciente, liberação da arte. Assunção de todos os modelos de representação e de todos os modelos de anti-representação. Total orgia de real, de racional, de sexual, de crítica e de anticrítica, de crescimento e de crise de crescimento. Percorremos todos os caminhos da produção e da superprodução virtual de objetos, de signos, de mensagens, de ideologias, de prazeres. Hoje, tudo está liberado, o jogo já está feito e encontramo-nos coletivamente diante da pergunta crucial: o que fazer após a orgia?”. Será hora de organizar outra ordem, propor outro paradigma?

Perdemos nossos limites, em relação ao modelo antropocentrista moderno, não temos mais céu nem inferno, portanto estamos perdendo nossos tabus. O certo se confunde com o errado e a busca da verdade se tornou extremamente complicada, pois a ciência é instável e está à mercê de suas mais novas descobertas, seus valores são móveis e nos falta terreno sólido para nos agarrar. É como se o mundo, de repente estivesse louco!

E está! Ou pelo menos passa por um momento de transição, onde a mudança de valores é apenas um prenuncio de uma vida muito diferente desta que conhecemos, calcada num mundo físico e bem concreto.

Caminhamos ou estamos “viajando” para era da imagética, ocasião que segundo  Melinda Davis, “começamos a encarar coletivamente uma situação humana muito nova na qual a vida de cada um não se passa no universo papável e material, mas num universo do pensamento,  da imagem e da idéia. Esse fenômeno extraordinário fez com que a realidade interior passasse a ser mais premente e mais real do que a exterior  (o que antes seria uma definição bastante convencional de insanidade). A realidade em si passou a ser mental”.

Ainda segundo Davis, os avanços tecnológicos aceleram essas transformações, caso da Internet, que nos leva a desvincular do mundo físico de limites confiáveis e pontos fixos de referência para nos reunirmos em ambientes virtuais. A Web leva uma massa significativa de pessoas para o espaço mental. O que não é diferente no caso da televisão ou mesmo da leitura, entre outros. Cada vez mais ficamos imersos, viajando por um mundo invisível de idéias e elétrons, que só existe e só pode ser vivido na imaginação humana – este é um mundo imagético!

Processo que começa a refletir na vida cotidiana das pessoas: ouve-se falar não mais de força física para enfrentar os obstáculos do dia a dia, mas de inteligência emocional, espírito de liderança, equilíbrio, etc. Os participantes desse mundo são intangíveis: forças poderosas, moléculas, micróbios, espíritos, campos de energia, tradições culturais, poder econômico, coragem de investidor, vírus, terroristas, fortunas virtuais que se fazem e desfazem na mesma velocidade da Web. “É um mundo cada vez mais imperativo de dados digitais bombardeando neurônios, de trabalho e inovação de conhecimento, de imagens e marcas, de uma nova visão física sobre o funcionamento do mundo, que lida com mecanismos infinitos demais ou pequenos demais para serem algo que não seja imaginado”. ( Melinda Davis)

Leia também a parte 2: A nova cultura do Desejo – A beira da Loucura.

Por Denise Pitta de Almeida

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