Sustentabilidade por debaixo do pano

Por David Douek Quando expostos numa vitrine, um jeans, uma camiseta, um vestido ou um terno podem atrair nosso olhar e eventualmente, ser o primeiro…

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Por David Douek

Quando expostos numa vitrine, um jeans, uma camiseta, um vestido ou um terno podem atrair nosso olhar e eventualmente, ser o primeiro passo para direcionar a decisão de uma compra, seja ela impulsiva ou por necessidade. A decisão de compra pode incluir diversos fatores como tamanho, cor, textura, aparência, status e outros fatores ligados à condição final da peça de roupa.

A informação que não aparece na etiqueta e sobre a qual, normalmente não pensamos muito é a quantidade e a qualidade dos procedimentos necessários para que a roupa estivesse ali, pendurada na arara.
Por qual processo a fibra, o fio, o tecido, o corte, a costura, o tingimento, o acessório, o zíper, o botão e a embalagem da roupa passaram para que pudéssemos vesti-la? Quais foram os impactos ambientais que a escolha do processo gerou?

Nas respostas a essas perguntas, encontram-se inúmeras oportunidades de redução do impacto ambiental encontradas ao longo do processo produtivo, os quais podem ir muito além da opção por algodão orgânico, bambu, ou poliéster reciclado.

Com objetivos claros de redução de consumo de energia, de redução de consumo de água potável, de redução ou eliminação do uso de combustíveis fósseis, seja durante a fabricação, seja durante o transporte dos bens produzidos, de melhoria da qualidade de ar ou de redução de emissão de gases de efeito estufa, podemos traçar estratégias que atenderão aos anseios de um mundo sustentável, o qual garantirá recursos e tecnologia capazes de se manterem por várias gerações vindouras.

São muitas as estratégias de ação. Algumas poderíamos considerar como diretas, quando associadas ao processo produtivo, propriamente dito. Outras, as indiretas seriam incluídas na infra-estrutura de apoio, como a escolha do edifício ocupado pela empresa.

A edificação ocupada por uma fábrica, edifício de escritório ou por uma loja também dependem de uma série de definições que terão óbvios impactos durante a operação do prédio.

Entre os aspectos a serem considerados estão:

– O conforto do usuário: pesquisas realizadas nos EUA indicam que um edifício sustentável reduz em 15% o absenteísmo de usuários.

– O consumo de energia: Um projeto arquitetônico orientado para a utilização de estratégias passivas (sem a utilização de máquinas como ar condicionado ou ventiladores) ventilação e iluminação natural pode reduzir substancialmente o consumo de energia. Em edifícios de escritórios, o consumo de energia por ar condicionado responde por cerca de 50% e a iluminação artificial por cerca de 24% co consumo total. Eliminar ou reduzir a necessidade de utilização das fontes hora citadas significa, além das vantagens ambientais, uma conta de energia menor no final do mês.

O consumo de água – Estratégias como a utilização de torneiras com sensor de presença, válvulas de acionamento duplo ou mictórios secos (não utilizam água para a descarga) reduzem o consumo em taxas que podem ultrapassar os 40% se comparadas com metais convencionais.

Outros mais, como a especificação de materiais que não contenham em sua composição os chamados Compostos Orgânicos Voláteis (VOC) podem fazer parte da preocupação ambiental da empresa. A utilização de produtos de limpeza que atendam aos critérios do “Green cleaning”, também podem complementar as ações empresariais.
Localização – A empresa pode ser estabelecida em local de fácil acesso, que não exija a utilização de veículos que contribuem com a emissão gás carbônico. Cidades como Paris tem implantado bem sucedidos sistemas de locação de bicicletas em locais próximos às estações de metrô.

Os benefícios são vários atendendo ao chamado Tripé da Sustentabilidade: usuário, meio ambiente e redução de custos.

Vale à pena refletir sobre o assunto e identificar qual a contribuição que você ou sua empresa pode dar ao processo. Todos têm a ganhar.

Por David Douek

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David Douek é arquiteto pela USP e administrador de empresas pelo Mackenzie, com especialização em Green Buildings pela Colorado State University, Fundador e Diretor da OTEC, consultoria em sustentabilidade e eficiência energética e certificação LEED.

A OTEC atua na orientação a novos empreendimentos e edifícios existentes que estejam em busca da aplicação dos conceitos de sustentabilidade e eficiência energética, tem em seu carteira, clientes como a Coca Cola, o Banco Real e a escola Politécnica da USP.

Site de contato: www.otec.com.br
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