Você já sentiu, em alguma situação, que não era boa o suficiente? Ou que não pertencia a algum lugar? É isso, em resumo, que os psicólogos chama de Síndrome da Impostora: uma tendência à autossabotagem.
A fim de te ajudar a entender melhor essa sensação, suas causas e como lidar com ela, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, fala mais sobre o assunto. Continue lendo!
O que causa Síndrome do Impostor?
Todas nós temos aquela voz que conversa com a gente e que, às vezes, nos desafia. Ela sussurra ou até mesmo grita dentro da nossa cabeça, dizendo que não somos capazes, que não somos suficientes. Essa voz nos julga, nos compara ou diz que não teremos sucesso em algo que já somos boas o bastante em fazer.
Ela insiste em nos mostrar nossa insuficiência: que não estudamos o suficiente, que não sabemos o suficiente, que não lemos o suficiente. Fala que, mesmo que façamos algo, esse algo poderia ser melhor, muito melhor…
Essa voz também me acompanha e, na maioria das vezes, não me ajuda a me aprimorar. Mas sim me paralisa e me coloca naquele famoso lugar de autossabotagem que eu só consigo superar na base de muitas sessões de terapia.
Afinal, terapeutas também precisam de terapia, embora muitas pessoas não compreendam isso.
Para minha sorte e acalento, vejo que essa voz não conversa só comigo. Isso acontece com minhas pacientes e com celebridades como Michelle Obama, as atrizes Meryl Streep, Natalie Portman e Kate Winslet, a advogada e apresentadora Gabriela Prioli e a cantora Jennifer Lopez.
Todas já afirmaram publicamente sofrerem com essa voz que faz duvidarmos da nossa capacidade de julgamento, das nossas habilidades e dos motivos para estarmos na posição que ocupamos. Como resultado, isso afeta nossa autoestima e autoconfiança.
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O que é a Síndrome da Impostora?
Essa voz, conhecida como Síndrome da Impostora, é caracterizada pela construção, em nossa mente, de uma percepção de incompetência ou demérito.
Ela conversa conosco principalmente quando atingimos o sucesso. Então, diz que ele não é merecido ou que seremos descobertas como uma fraude. Dessa forma, sentimos que seremos desmascaradas a qualquer momento, fortalecendo uma imagem distorcida sobre nós mesmas.
Esse termo foi usado pela primeira vez pela Dra. Pauline Clance e Suzanne Imes, no fim da década de 1970, para definir um padrão psicológico de desconfianças sobre a própria competência.
Embora a Organização Mundial da Saúde ainda não enquadre o fenômeno como um transtorno psicológico, ele é algo estudado desde então e cada vez mais.
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Se identificou?
Não por acaso ela é colocada no feminino, já que a Síndrome da Impostora acomete muito mais mulheres do que homens. Principalmente as mulheres bem sucedidas.
Uma pesquisa realizada pelo LinkedIn em 2018 relata que as mulheres são mais seletivas em suas candidaturas. Elas tentam 20% menos vagas que homens, porque sentem que precisam cumprir 100% dos requisitos solicitados pelos empregadores.
Enquanto isso, os homens arriscam se candidatar quando possuem apenas 60% das exigências do empregador.
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Quais são os “sintomas”?
Além do sentimento de insuficiência, insegurança e medo, a Síndrome da Impostora pode desencadear outros problemas. É o caso do transtorno de ansiedade e depressão, por exemplo.
Então, o problema afeta não só seu desempenho e conquistas profissionais, mas também seus relacionamentos interpessoais. Sejam eles familiares ou amorosos.
Muitas mulheres relatam que seu sucesso se dá por sorte, acaso ou alguma característica pessoal ou de comportamento. Isto é, subestimam completamente dedicação, esforço ou estudos, competências e habilidades que as levaram a chegar ao topo de suas conquistas pessoais e profissionais.
Porém, fique atenta se você:
- Trabalha incansavelmente com poucas ou nenhuma pausa;
- Acha que está enganando as pessoas sobre suas conquistas;
- É muito perfeccionista;
- Sofre com a baixa autoestima;
- Possui dificuldade em receber, reconhecer e validar elogios;
- Super valoriza as críticas;
- Tem medo de não repetir os resultados bem sucedidos anteriormente;
- Apresenta ansiedade pós sucesso;
- Com frequência, pensa em desistir de alguma coisa que faz bem e pela qual é reconhecida;
- Sente que não pertence ao local que está inserida.
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Freud explica
Em 1916, Freud escreveu um texto chamado “Alguns tipos de caráter encontrados na prática psicanalítica”. Nele, aponta estruturas que aparecem com frequência na clínica, como, por exemplo, o tipo “Os que fracassam no triunfo”. Freud cita nesse texto:
“Tanto maior será a surpresa ou mesmo a confusão, quando o médico, analista, descobre que às vezes as pessoas adoecem justamente quando veio a se realizar um desejo profundamente arraigado e há muito tempo nutrido. É como se elas não aguentassem a sua felicidade, pois não há como não questionar a sua relação causal entre o sucesso e a doença.”
Essa situação, infelizmente, é bastante comum. Só para ilustrar, imagine uma pessoa que irá receber uma promoção, fazer a viagem dos sonhos, prestar uma prova ou fazer uma apresentação que a levará a outro nível.
Só que ela adoece a tal ponto de não conseguir usufruir da sua conquista. Algumas sofrem de crises de enxaquecas ou dores incapacitantes e, mesmo fazendo exames clínicos, não conseguem identificar a causa da dor.
Freud já falava aqui da Síndrome do Impostor, atravessada pela culpa, muitas vezes inconsciente, manifestada pelo sentimento de insuficiência que não permite que a pessoa aproveite o lugar que ela conquistou.
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Como se livrar da Síndrome da Impostora?
Você pode minimizar os efeitos:
- Evitando se comparar com outras pessoas;
- Adotando uma postura de poder – como, por exemplo, a de uma super heroína;
- Mantendo uma lista das suas habilidades e conquistas;
- Aceitando os elogios que recebe.
Acima de tudo, peça ajuda e conselhos e, se for preciso, busque uma mentora. E, claro, invista no processo terapêutico. Ainda não foi descoberto algo mais eficaz que a terapia para calar essa voz que diz que você não é capaz!
E aqui mais uma dica preciosa: no Brasil, temos o Teste de Clance. Ele não serve para dar um diagnóstico, mas tem validade científica. Portanto, seu resultado é confiável para ajudar na sua avaliação.
O Teste de Clance é um questionário simples com 20 afirmações que você encontra neste link. Simplesmente faça, vale muito a pena!
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Sobre a colunista
Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.
Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.
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