O mundo da moda é um lugar esquisito. Para começar, existem as filas. Se você é importante, senta na fila A. Se você é um pouquinho importante, vai para a B. E se você não tem importância nenhuma, vai parar no fundão (as filas D, E, F, G, H), onde não enxerga nada.
Se você está na primeira fila, quer saber quem são aquelas pessoas sendo fotografadas. “Por que tem fotógrafos ali?”, você pergunta. “Não é nada, é só a Mariana do “Big Brother'”, responde sua amiga. Sim, se você aparece na TV, você é importante e vai sentar na fila A.
Quem é importante almoça separado de quem não é. Os VIPs vão ao Café de la Musique, onde um filé de linguado custa R$ 58. Os importantes “nível médio” se regalam no bufê do restaurante do MAM, que custa R$ 30. Se você não é nem um pouco VIP nem tem dinheiro, vai a um quilo chamado Green, no parque Ibirapuera, onde se come um bom prato por R$ 8.
Quem não aparece na TV, mas é da imprensa internacional (um grupo enigmático que senta nas primeiras fileiras) também é importante. “Eles tratam a gente muito bem. Consigo ver os desfiles, o que é essencial”, diz a italiana Daniela Liconti, da revista “Collezione”. Ela é tão VIP que está hospedada, com outros 70 estrangeiros, no hotel Renaissance.
Mas existe outro grupo enigmático: os integrantes de Imprensa Brasil. Isso significa que eles não são de São Paulo nem do Rio. A Imprensa Brasil senta no fundão. “Muitos estilistas não falam com a gente”, reclama Jamil Moreira Castro, do “Correio da Bahia”.
Tudo muda se você estiver usando uma roupa exótica. Aí, acham que você é estrangeira. “Las tarjetas, por favore”, diz um segurança. Você acabou de virar gringa!
Fonte: Folha de São Paulo, NINA LEMOS, COLUNISTA DA FOLHA