Saúde mental e política: dicas de como sobreviver ao período eleitoral
Em 2 de outubro, teremos o 1º turno das Eleições 2022. Mas, até lá, será necessário equilibrar saúde mental e política. A terapeuta Camila Custódio preparou um guia para te ajudar a passar por esse período
Conforme o 2º turno das Eleições 2022 se aproximam, o clima fica mais ansioso e tenso. Conflitos com familiares e amigos que têm opiniões contrárias ficam mais comuns. Somos bombardeados por notícias e, assim, precisamos diferenciar o que é fato do que é fake news. Essa situação traz consequências emocionais e, por isso, é importante falar de saúde mental e política.
Em seguida, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, dá dicas de como praticar o autocuidado no período eleitoral. Continue lendo a fim de saber mais.
Qual é a atual situação política do Brasil?
Desde 2018, o ambiente político foi piorando cada vez mais e a polarização vem refletindo em nossos relacionamentos e afetando nossa saúde mental.
Embora falar sobre política sempre tenha gerado discussões calorosas, vimos os atritos nas redes sociais crescerem absurdamente. As brigas nos clássicos grupos de WhatsApp da família e amigos geraram afastamentos e rompimento de laços.
Chegamos até ao ponto mais crítico, de pessoas sofrendo violências físicas, ameaças e até mesmo mortes envolvendo discussões políticas, conforme registrado em algumas regiões do país.
As eleições são a ponta do iceberg, do colapso que já sentíamos diante da crise política, econômica e social intensificada pela pandemia. Todos nós fomos envoltos por corrupção, escândalos, desemprego, inflação, crise sanitária e a fragilidade das políticas públicas no país.
A crise associada a essa polarização, esse ambiente de tensão, favorece uma insegurança que desestabiliza e desorganiza a saúde emocional e mental.
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Qual é a relação entre saúde mental e política?
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), as taxas de depressão e ansiedade subiram 25% no mundo durante a pandemia. No entanto, apenas 2% dos orçamentos nacionais de saúde e menos 1% de toda a ajuda internacional foram dedicados à saúde mental. Isso é muito preocupante e já nos dá uma boa percepção do sofrimento psíquico do eleitor.
Imersos em um contexto de agressão e violência noticiadas diariamente e assolados pelo impacto econômico, vamos aprendendo a sobreviver a todas essas violências. Além disso, criamos defesas que são necessárias para seguir o dia a dia e vivermos dentro de uma normalidade possível. Afinal, precisamos manter a funcionalidade dentro da nossa realidade.
Essas defesas vão se manifestando como sintomas de enfrentamento dessa realidade, que podem ser nomeados como negação, alienação e até mesmo a banalização da própria violência.
Mas essa negação não deixa de nos consumir internamente e nos desestabiliza, afetando nossa saúde mental e emocional, trazendo resultados preocupantes.
Um indivíduo desestabilizado manifesta sintomas sobre sua saúde, mesmo que ele resista em reconhecer essa desestabilização.
Nossa mente produz sintomas orgânicos, como azia, taquicardia, falta de ar, dor no corpo, entre outros. Esses sinais se manifestam fisicamente, só que são oriundos de causas emocionais. Dessa forma, geram um estado de sofrimento psíquico que afeta a forma como lidamos com nossos relacionamentos.
Precisamos lembrar que saúde mental é um amplo espectro, que precisa ser construído para o fortalecimento do indivíduo. Como resultado, ele pode funcionar socialmente de uma forma mais harmoniosa, respeitosa, empática e sensível frente ao outro. Principalmente para lidar com as diferenças e divergências nas relações.
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Os relacionamentos no período eleitoral
Para lidar com diferenças, é necessário reconhecer que essas diferenças existam para, então, respeitá-las. Estamos mais agressivos e menos tolerantes enquanto sociedade, porém, sem o respeito, não fazemos nada. Não progredimos enquanto ser humano e sociedade.
Essa polarização na política se manifesta também como raiva e frustração. Precisamos recuperar o equilíbrio e aprender a conviver com o diferente. Respeitar o diferente, mas não o atacar.
É importante lembrar que o debate pode ser uma experiência muito enriquecedora, e que debate é diferente de embate.
No debate, estamos no campo das ideias, das experiências e resultados obtidos frente àquela situação. Por outro lado, no embate, vamos para o enfrentamento, para o ataque pessoal e com argumentos mais rasos e menos racionais. Isso porque somos sequestrados emocionalmente durante uma discussão.
E a primeira defesa nesse sentido político, das discussões, é o ataque, que gera ainda mais agressividade. Para evitar isso e mantermos uma melhor qualidade nas nossas relações, precisamos ter padrões de serenidade e de estabilidade. Por consequência, obteremos uma melhor saúde mental, emocional e física.
Hoje, nos relacionamentos, falta sensibilidade e empatia no geral. Contudo, quando o assunto é política, isso se intensifica. A ideologia de cada um precisa ser respeitada. A diversidade existe e precisamos aprender a conviver com ela, pois também é resultado de um processo de evolução e da própria democracia.
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Mas o que fazer quando não somos respeitados?
Essa busca incessante e inexistente por uma verdade absoluta, por uma definição de certo e errado, pode acirrar os ânimos de qualquer um.
Entretanto, é preciso refletir se vale mesmo a pena entrar em uma discussão com uma pessoa que não está disposta a nos ouvir, compreender ou simplesmente aceitar o que está sendo dito quando ela usa da agressividade na sua resposta, seja ela quem for.
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Vale a pena terminar uma amizade ou se afastar da família?
Lidar com amigos e familiares sempre foi um bom exercício de tolerância, empatia e paciência. Em alguns casos, ceder ou recuar é um sinal de maturidade ou de acolhimento, quando a pessoa não consegue alcançar o que está sendo dito, já que muitas das discussões se baseiam em choque geracional ou até mesmo no próprio repertório de vida da pessoa.
Cientes disso, devemos considerar também que limites existem e eles precisam ser respeitados, por todos nós. Fica impossível argumentar com pessoas racistas, homofóbicas, intolerantes e não precisamos, nem devemos, ser coniventes com isso.
Esses são motivos suficientes para, sim, preservarmos nossa saúde mental e nos mantermos afastados dessas pessoas. É sempre bom lembrar ao outro que a opinião dele acaba onde começa o respeito e os direitos da outra pessoa.
Se as pessoas estiverem debatendo, elas saberão o momento de encerrar a discussão. Agora, se elas forem para um embate, a discussão pode não ter fim e o resultado ser desastroso para ambos. Isso pode gerar mágoas e ressentimentos que algumas pessoas carregam para a vida toda, impedindo a manutenção de qualquer relacionamento.
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Mas será que existe uma possibilidade de manter a paz na relação?
Acredito que quando há maturidade e espaço de escuta há, sim, essa possibilidade, que precisa ser construída por ambos. Precisamos fazer esse exercício todos os dias com amigos, colegas no trabalho, par romântico e familiares.
Essas diferenças sempre existiram e sempre existirão e elas são muito importantes para nosso crescimento pessoal, para ampliar perspectivas, sair da bolha. Até porque não existe uma verdade absoluta e o certo e o errado contêm muitas falhas quando o assunto é política.
Repito: desde que haja respeito e empatia, um debate, um espaço para acolhimento, reflexão e uma comunicação não violenta quando estamos nos posicionando. Conheço amigos, colegas, famílias e casais que conseguiram vencer essas diferenças de forma respeitosa.
Alguns já sabem que, nesse campo minado, é melhor nem entrar, para manter o equilíbrio entre saúde mental e política. Outros entendem que a pessoa pode, sim, discordar sem aprofundar a discussão.
Aqui, temos a importância de trabalhar em si, identificar e nomear o que estou sentindo, para compreender como reagir melhor frente a situações desafiadoras.
Além disso, temos o desenvolvimento e exercício da inteligência emocional, que trará mais estabilidade mental e emocional, algo que percebemos que falta não só em eleitores, mas nos próprios candidatos também.
Fica aqui mais um grande desafio para sobrevivemos a esse período eleitoral e lidar com o resultado dessas eleições de uma forma mais saudável.
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Sobre a colunista
Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.
Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.
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