Acaba de sair de um cozimento a fogo brando de mais de três anos, um CD homônimo ao título deste artigo, de minha autoria. Este trabalho compila oito faixas carregadas de textos e músicas que visam conduzir àquele que estiver escutando (deve-se fazê-lo deitado em um local tranqüilo) a um estado de descontração muscular e nervosa progressiva com o objetivo final da utilização daquele estado de relaxamento consciente em prol de algo positivo ao ouvinte.
Ok, e por que estou escrevendo isso? Propaganda? Também (risos), mas todo este início se resume a uma questão: será que ainda percebemos que a maioria de nós vive em constante tensão, ou já nos acostumamos tanto com isso que presumimos ser natural?
São em momentos de descontração que entendemos algo essencial ao nosso crescimento.
Você, leitor, que tem viajado comigo nas entrelinhas dos meus artigos nos últimos anos, já sabe que sou professor de Yôga, ensino filosofia ancestral e, que por estas e outras, estou quase sempre rodeado de alunos em grande parte do meu dia, consequentemente converso com diferentes e muitas pessoas, praticamente o ano todo.
No entanto, nos últimos tempos, tenho notado que nós, seres humanos, de uma forma geral, estamos achando normal o estilo de vida que imputamos a nós mesmos. Presumimos ser normal estar com a musculatura inteiramente tensa e que depois tentamos soltar com uma caprichada massagem; pensamos ser um mal necessário tomar remédio para dormir; andamos com cartelas de cápsulas em nossos bolsos (as temos aos montes nas gavetas dos escritórios); vemos todo mundo fazer e achamos que deve ser assim, como tomar anti-ácido após as refeições; conheço gente que se esbalda de comer e depois toma pílulas para ajudar a dissolver a gordura ingerida (não seria melhor e mais saudável ingerir menos?); já esperamos a dor de cabeça diária; acho que já entendeu meu ponto de vista, não?
Note a inversão de valores na qual nos colocamos: atualmente nos sentimos estranhos quando estamos bem, sem dores, tensão ou pré-ocupação. Acabamos nos perguntando: ué, o que é que eu tenho hoje? Há quase uma culpa por nos sentirmos tranquilos e relaxados, como se estivéssemos na época pré-histórica, quando em qualquer momento de descontração ou desconcentração poderíamos perder a vida.
Pude notar por experiência própria que é justamente quando estamos “leves”, com o stress sob controle é que percebemos tantas coisas ao nosso redor e dentro de nós mesmos, como se retirássemos poeira de nossos olhos. Essas mesmas coisas permanecem latentes e obscuras quando somos tomados da tradicional ansiedade e do sutil nervosismo do dia-a-dia.
Por que será que técnicas de relaxamento fazem tanto sucesso no mundo atual, sobretudo no métier do Yôga? SwáSthya (Yôga que professo) possui oito feixes de técnicas, sendo algumas delas as preferidas do público, como as técnicas orgânicas e as de meditação. No entanto, logo abaixo, estão os exercícios de descontração. Por vezes, me pergunto a razão das pessoas nos procurarem para obter um estado no qual se pode adentrar sozinhas ou, na realidade, um bem-estar que está dentro delas e que se encontra tão somente encoberto pelas couraças da tensão do cotidiano, aquele que inventamos para nós mesmos. E a resposta é óbvia: nos afastamos tanto de nosso estado “natural” que o desconhecemos e precisamos de ajuda para senti-lo novamente, assim como quando vamos a uma sessão de terapia, sabemos as respostas para nossas perguntas, mas necessitamos de alguém para dizê-las a nós, como um consultor que olha em nosso relógio e nos diz que horas são!
Vivemos sob constante tensão. Talvez seja um resquício kármico de nossas ações que esse constante temor nos assombre em cada alento ou esquina que ousamos experimentar. Portanto, descontraia seu abdômen, solte seus ombros, respire fundo, desfaça esta contração do cenho, relaxe a mandíbula, sorria, não dê tanta importância às agruras do dia, alimente-se bem com qualidade e tempo, tome um belo banho, medite, pratique Yôga e… siga o adágio do novo aeon: relaxe e desperte!
Saiba mais informações sobre o CD Relaxe e Desperte de Fábio Euksuzian aqui
Fábio Euksuzian
Autor dos livros A Ancestral Arte da Poesia, Yôga em Dupla e o CD Relaxe e Desperte!
www.fabioeuk.org