Pai e mãe parceiros na criação = filhos felizes

 

O pai pode mostrar  ao filho o mundo além dos braços da mãe.

 Imagem do site Flickr

Melissa Calapini ficava irritada quando sua filha de três anos de idade, Haley, acompanhava o pai enquanto ele consertava seus carros. Ela acreditava que havia coisas mais enriquecedoras que a pequena poderia fazer.

Porém, desde que ela e o marido passaram  a frequentar um curso para casais para salvar o relacionamento que tinha ficado sobrecarregado de brigas sobre a criação dos filhos, Melissa mudou de idéia. Agora ela incentiva as conversas entre pai e filha sobre carros.

“A hora do pai estreitar os laços com sua filha é quando está trabalhando nos carros”, diz Melissa. “Ele tem sua própria forma de se comunicar com ela.”

Imagem do site E How

Embora as mães queiram que seus parceiros se envolvam com os filhos, especialistas afirmam que muitas vezes elas desmotivam, ainda que de forma involuntária, os homens de fazê-lo.
 
Pelo fato de a maternidade ser seu reino, algumas mulheres controlam os pais e esperam que eles façam as coisas da forma como elas querem.

No entanto, o apoio da mãe ao pai é um fator importantíssimo no envolvimento dele com seus filhos, mesmo quando o casal é divorciado.

Nos últimos  anos, sabemos  sobre como é importante que os pais sejam envolvidos na criação,mas agora a idéia é de que quanto melhor o casal se relaciona, melhor é para a criança”.

Imagem do site Boletim Última Semana

Um estudo sobre Famílias Frágeis e Criação de Filhos da Universidade de Princeton, descobriu que quando os casais marcavam mais pontos em relação a tratos positivos de relacionamento, como disposição ao compromisso, expressando afeição ou amor pelo parceiro, incentivando ou ajudando os parceiros em coisas importantes para eles, sem insultos e críticas, o pai tinha significativamente mais probabilidade de estar envolvido com seus filhos.

Pais pouco envolvidos há muito tempo têm sido acusados de falta de motivação. Entretanto, pesquisas mostram que muitos obstáculos sociais conspiram contra isso. Mesmo que mais pais agora estejam trocando fraldas, deixando as crianças na escola e assistindo às aulas de futebol, eles muitas vezes são deixados de escanteio de diversas formas.

“As paredes dos centros de ajuda familiar são rosa, há revistas femininas na sala de espera, o nome da mãe está na ficha, “, disse Philip A. Cowan, da Universidade da Califórnia,  que, junto com sua mulher, conduziu pesquisas sobre famílias durante décadas. “É como se os pais não estivessem ali”.

Nos últimos anos, várias organizações de apoio aos pais ofereceram programas e grupos para casais, e estudos mostraram que esse suporte ajudou os homens a se tornarem mais responsáveis  e envolvidos com seus filhos.

Porém, um novo estudo, descobriu que as famílias se saíam ainda melhor se as mães fossem inseridas no contexto.

No estudo, como descobriram os pesquisadores, os pais não apenas passaram mais tempo com seus filhos, mas também foram mais ativos nas tarefas diárias de criação dos filhos. Eles ficaram mais envolvidos emocionalmente com os filhos, e os filhos ficaram muito menos agressivos, hiperativos, depressivos ou socialmente isolados.

Foi notável como as  famílias do grupo de casais se saíram melhor. Os pais tiveram menos estresse e houve mais felicidade conjugal, sugerindo que a diferença primordial não era um maior envolvimento do pai na criação dos filhos, e sim maior apoio emocional entre o casal.

“O estudo enfatiza a importância do casal  descobrir como criar os filhos juntos e aceitar as diferentes formas de ser do pai e da mãe”.

Os pais tendem a fazer as coisas de forma diferente, afirmou Kyle Pruett, mas não de uma forma que seja pior para os filhos. Os pais não são mães, são pais.

Pais tendem a disciplinar os filhos de forma diferente, usam mais o humor e a brincadeira de forma diferente. Pais querem mostrar aos filhos o que acontece fora dos braços da mãe, preparar os filhos para o mundo lá fora”. Com esse intuito, eles tendem a incentivar a aceitação de riscos e a resolução de problemas.

Por exemplo,  as fotos das famílias nas paredes de clínicas e órgãos públicos deveriam mostrar o pai. Toda correspondência deveria ser endereçada ao pai e à mãe. Membros da equipe deveriam receber bem os homens. Medidas como essa promoveriam um envolvimento precoce e duradouro dos homens.

“Queremos que as pessoas entendam o quanto o envolvimento do pai nesse modelo de criação pelo casal funciona de forma positiva em clínicas de saúde públicas, consultórios pediátricos, agências de adoção ou escolas”, disse Kyle Pruett. “É aí onde estão muitas barreiras”.

Em casa, os especialistas recomendam que os casais continuem conversando sobre questões envolvendo a criação dos filhos e façam o melhor para apreciar os pontos positivos um dos outros. Uma reclamação recorrente entre os casais é que cada parceiro acha que ele ou ela sabe o que é certo; uma mãe pode acusar o pai de permitir televisão demais, enquanto um pai pode dizer que a mãe não é tão rígida com a questão da disciplina.

Esses especialistas concordam que o casal  não deve focar apenas nas crianças.

O casal trabalha o dia todo, e sente como se tivessem que doar todo o tempo restante  aos filhos. Mas, se eles não cuidarem do seu próprio relacionamento, não vão conseguir da conta da família.
Fonte  New York Times

Thais Vasconcelos

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