Os Novos Boêmios – Perfil de comportamento e consumo – Parte 2
Uma nova sensibilidade estética mudou nossas motivações de consumo. As demandas pelas categorias de produtos básicos já se esgotaram e a moda acelera a efemeridade…
Uma nova sensibilidade estética mudou nossas motivações de consumo. As demandas pelas categorias de produtos básicos já se esgotaram e a moda acelera a efemeridade trágica das novidades de consumo. Uma nova classe afluente não para de crescer em tamanho e influência dentro dos mercados da economia capitalista globalizada. Todos querem saber quem são estes novos consumidores mais endinheirados, sofisticados, escolarizados, hedonistas e ‘boêmios’.
Segundo Silverstein & Fiske, no seu best seller Trading Up – The New American Luxury fatores demográficos e culturais se combinaram para promover o trading up – o refinamento dos gostos e estilos de consumo. Hoje nos lares americanos e nos lares de milhões de famílias de classe média e média alta, pelo mundo, se tem mais riqueza discricionária do que no passado para ser gasta com produtos superiores. Nestes lares os autores sublinham que tem particularmente mais mulheres, solteiras ou casadas com melhores empregos, salários mais altos e dispostas mais do que nunca a gastarem consigo mesmas . As denominadas Grit Girls de 30 e poucos anos, encarnadas no quarteto fantástico de Manhattan em Sex and The City.
Nos grandes centros a tendência é encontrar nos lares destas famílias menos crianças. Além de casarem mais tarde, grande parte dos casais se separam depois dos cinco primeiros anos. É crescente também o número de casais de classe A/B sem filhos, o que os americanos chamam de DINKS (dupla renda com nenhum filho). Com apenas um filho, em média, ou sem filhos nos primeiros anos de casamento ou coabitação, estes homens e mulheres de classe média ou média alta têm maior rendas individuais e podem gastar mais com suas casas (reformas e decoração, nos jardins, na cozinha, nos banheiros e quartos), com cuidados pessoais, wellness, entretenimento, gastronomia, serviços high touch e viagens.
O mercado de consumo do novo luxo contemporâneo é ainda majoritariamente feminino, de cada dez consumidores, sete são mulheres, mas o bom gosto e o estilo high end deixou de ser sinônimo de feminilidade ou elemento de emasculação dos valores ou gostos. Hoje, homens e mulheres trabalham e têm renda própria e escolhem livremente suas indulgências e afirmam suas necessidades materiais e emocionais, direcionando parte significativa de seus orçamentos com despesas e com cuidados pessoais.
Com orçamentos familiares maiores e estruturas familiares menores o lema destes casais é “se eu quero, eu posso” e não se importam de pagar mais por produtos e serviços que eles gostem ou se interessem. O consumo é seletivo e nas categorias mais diversas de produtos. Os casais com boa renda cujos filhos já cresceram, homens e principalmente mulheres divorciadas, o crescente público single, o recém-descoberto público gay e uma gama crescente de jovens formados que ainda moram com os pais, e têm renda pessoal, são outros perfis demográficos de consumidores que dispõem de melhores salários mensais/anuais e renda discricionária maior para gastar com artigos mais sofisticados, bens culturais e artísticos, com seus hobbies e lazeres e com serviços e conveniências. Singles, gays, DINKs, casais com dupla renda e sem filhos, silver surfers e boomers, homens e mulheres divorciados, jovens bem empregados que ainda moram na casa dos pais, todos estes públicos consomem produtos pra valorizar sua “marca pessoal” como diz Silverstein, para compensar carências ou desgastes emocionais típicos do mundo que vivemos. Estes consumidores, em geral, além de melhor nível educacional, são mais informados, viajados e com isso, expostos a novos estilos e gostos de outras culturas, são mais aventureiros e buscam emoções e experiências mais autênticas.
Preocupam-se muito com a saúde e o rejuvenescimento, o bem estar e valores ligados a espiritualidade e o auto conhecimento, o corpo e a beleza. Estes novos boêmios têm aspirações maiores e mais auto-referidas e maior independência financeira, dispostos a gastar mais consigo mesmo.
Busca-se cuidados com a saúde, o rejuvenescimento, o bem estar – Imagem do blog EstiloRS
Por Sérgio Lage
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