Novo consumismo: acumular roupas está ficando fora de moda
Durante este mês, os principais líderes mundiais irão se Reunir no Marrocos para discutir a implementação de um novo acordo climático, no qual as grandes economias irão se comprometer a reduzir a emissão de carbono no meio ambiente. Entre os tópicos que serão debatidos por eles está o Fast Fashion, um setor que havia sido deixado de lado nos encontros anteriores. A principal preocupação está no modo como as roupas são produzidas: são mais de 150 bilhões de novas peças lançadas todos os anos, que serão rapidamente descartadas e transformadas em lixo.
Estima-se que a indústria da moda seja responsável por 10% de toda a emissão de carbono, além do descarte de resíduos químicos nos rios e mares do mundo todo. Para se ter uma ideia do tamanho do impacto, 80% da água da China é imprópria para beber ou até mesmo para banhar-se, devido à contaminação industrial de larga escala.
O panorama é triste e não irá mudar até que os consumidores comecem a valorizar a dignidade humana acima dos baixos preços das roupas. Em outras palavras, cada vez que compramos uma peça de roupa barata, estamos incentivando essa indústria a produzir mais, a preços cada vez menores e agressivamente competitivos.
Apesar disto, nem tudo está perdido: para as novas gerações, especialmente os Millenials, esse consumismo desenfreado deixou de ser sedutor. Criados em um mundo imediatista, eles valorizam mais as experiências do que a posse, uma mudança comportamental considerável que começa, aos poucos, a impactar o modelo de negócios da moda. No Reino Unido, recentemente , foi divulgada uma pesquisa que concluiu que os jovens estão preferindo investir em viagens ao invés de acumular bens. Esse comportamento levou a uma queda histórica de 4,4% no lucro dos principais varejistas destes países, apenas no último semestre de 2016. A desaceleração das vendas também é sentida na França e nos Estados Unidos, apontando para uma tendência global.
As novas gerações estão preferindo comprar menos e investir mais em experiências, como viagens
Novo consumismo: possuir menos, experimentar mais
Neste cenário, cresce a procura por brechós físicos e online, além da customização e da troca de roupas. No Reino Unido, o app queridinho dos Millenials é o Depop, um misto de de Instagram com Ebay voltado para a compra e venda de roupas de segunda mão. Lançado em 2012, o app foi baixado mais de 3 milhões de vezes e tem um público majoritariamente composto por adolescentes. Além da interface agradável e cheia de fotos que enchem os olhos, uma das principais razões para o sucesso é que através dele fica mais fácil encontrar peças de décadas passadas, especialmente os jeans.
Com interface semelhante a do Instagram, Depop permite que você compre e venda roupas usadas, incentivando a economia circular. No Brasil, o site Enjoei também tem a mesma proposta
Entre as entusiastas do Depop, vemos nomes como Chiara Ferragagni e Lottie Moss, irmã mais nova da top Kate Moss, que vendem seus looks pelo aplicativo. Outro diferencial interessante são coleções colaborativas e de cunho ativista, lançadas pelo Depop em parceria com organizações que lutam pelos direitos LGBT+ e entidades sem fins lucrativos.
Peça customizada da coleção em parceria com a ONG Stonewall: no novo consumismo, a moda é carregada de significados.
Novo consumismo em solo brasileiro
No Brasil, o setor de brechós cresceu cerca de 210% nos últimos anos, facilitado pela interação das redes sociais. Além dos sites de venda colaborativos, como o Enjoei, é cada vez mais comum ver jovens e adolescentes criando contas no Instagram para vender e trocar suas roupas, em busca de um estilo de vida mais sustentável. O site Modefica criou uma lista bem bacana com indicação de vários brechós online, que vão te estimular a comprar de forma mais consciente, no conforto da sua casa.
Os brechós são uma alternativa para quem busca um consumo mais consciente.
Quem mora em São Paulo ainda tem a oportunidade de experimentar o serviço de assinaturas da House of Bubbles, que funciona como um Netflix das roupas. Para ter acesso ao acervo (que conta com peças de marcas como Christian Dior, Zadig & Voltaire e Osklen), você escolhe entre três pacotes, com mensalidades de R$ 100, R$ 200 e R$300. A assinatura limita o número de roupas que serão retiradas simultaneamente (1, 2 ou 3 peças) e o aluguel vale por até 10 dias. Ao final do prazo, você pode renová-lo ou pegar novas peças, quantas vezes quiser durante o mês, garantindo roupas novas sempre que precisar; tudo isso sem ocupar espaço no armário e por um preço bastante convidativo.
Espaço interno da House of Bubbles, em São Paulo
E aí, será que o consumismo está mesmo ficando fora de moda? Queremos saber a sua opinião!
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