Moral: afinal o que é? Saiba mais sobre este conceito!

O que é Moral? Ou, então, Imoral? Tem como julgar alguém ou algo como Imoral, por exemplo? Saiba mais sobre este difícil conceito de ser aplicado na atualidade...

A Moral é um conceito que acompanha a evolução da humanidade. Mesmo os povos mais primórdios viviam sob conceitos morais, ainda que esse termo não fosse conhecido.

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Qual a definição de Moral?

 

Para o advogado e psicanalista Eduardo Bicudo, muito embora exista uma definição sobre a Moral, na prática isto é discutível, uma vez que esse conceito varia no decorrer do tempo, de acordo com a cultura, geografia, valores pessoais, época, etc.

Dito isto, poderíamos definir a Moral como sendo um conjunto de valores e noções de uma sociedade, que perfazem certas regras abstratas do que é certo ou errado, visando harmonia das relações sociais.

Perceba, então, que é bastante discutível a definição de moral, não é mesmo? Afinal, o que é certo ou errado? Difícil concluir, concorda?

 

A Moral ao longo do tempo

 

Por exemplo, em um período do século XII, a Medicina era vista como algo que ia contra a Moral da época, uma vez, que era determinada pelo pensamento dominante daquele período.

Aliás, de acordo com a literatura, o pensador Gregório Turonense, ligado à Igreja Católica Apostólica Romana, falava sobre a imoralidade da Medicina.

Isso porque a Moral estava diretamente relacionada a dogmas religiosos. Assim, apenas Deus por meio de sacerdotes poderia curar alguém.

Mas, será que o mesmo pensador teria esta visão sobre Moral nos dias atuais? Possivelmente, não. Isso porque a ciência evoluiu e as religiões reconhecem a sua importância para a humanidade.

 

 

E não precisamos viajar no tempo tanto assim, a fim de reconhecer como o conceito de Moral é discutível. No Brasil, por exemplo, a união civil entre pessoas do mesmo sexo foi reconhecida juridicamente apenas no ano de 2018.

Embora, antes disso, muitas pessoas já respeitassem este tipo de união “informal”, muitos consideravam esse tipo de relação nada Moral. É claro, que uma parte da sociedade ainda deve considerar “errado” duas pessoas do mesmo sexo se unirem, mas isso se deve ao choque de culturas e gerações, calcada num conservadorismo puritano, de indivíduos que estão na fronteira entre o velho e o novo jeito de pensar.

No entanto, a falta de um reconhecimento legal tornava tais uniões mais sujeitas a preconceitos, assim como as pessoas envolvidas mais vulneráveis no exercício dos seus direitos pessoais.

Além disso, não havia punição para alguém que insinuasse que duas pessoas do mesmo sexo em um relacionamento estivessem contra a “Moral”.

Assim, o reconhecimento da união civil entre duas pessoas culminou para o crime de homofobia. Ou seja, um cidadão brasileiro, que desrespeitar uma pessoa por sua orientação sexual, pode responder criminalmente em casos de homofobia.

Para o advogado Eduardo Bicudo, a legislação ainda é muito crua no que diz respeito aos Direitos para apuração e responsabilização de crimes contra as identidades de gênero, porém vem, gradualmente, ganhando maturidade.

Mas devemos ter cuidado para que nossa sociedade não construa uma Moral igualmente distorcida, ou seja, capaz de “cancelar” pessoas por motivos rasos e pessoais, sob a bandeira da defesa da dignidade humana. O tema exige reflexão e consciência. Comenta Eduardo.

 

 

No decorrer da evolução das civilizações não faltam exemplos.

Você sabia que já foi imoral as mulheres quererem votar?

Atualmente, muitas optam por não participar das eleições. Entretanto, há pouco mais de um século, o sufrágio (direito ao voto) foi a causa que moveu muitas mulheres no mundo. A história das sufragistas é um importante capítulo do século XX, sendo uma inspiração até aos nossos dias.

É verdade. O direito ao voto era proibido para as mulheres. O curioso é que, mesmo entre as próprias mulheres não havia um consenso se o sufrágio deveria ser permitido ou não. De acordo com a rainha inglesa Vitória (1819–1901), ela mesma uma mulher de poder, a luta pelos direitos das mulheres era uma “mad, wicked folly” (loucura insana e perversa).

E não precisamos ir muito longe, pois, há não muito tempo, mulheres divorciadas ou que usavam roupas curtas, eram julgadas como alguém que atentava contra a Moral. Enquanto a violência contra a mulher era implicitamente permitida pela sociedade.

E se voltarmos ainda mais no tempo, em algumas culturas, a violência contra a mulher era uma necessidade. Infelizmente, mesmo nos tempos de hoje, em alguns países, ainda é moralmente correto tratar a mulher como propriedade do homem.

Atualmente, esse tipo de julgamento cada vez mais perde o sentido. Ainda que existam pessoas que pensem desta forma, a tendência é de mudança.

Para Denise Pitta, nossa editora, há ainda os defensores da “boa Moral” e dos “valores da Família”, que muitas vezes usam esses conceitos para esconderem suas próprias imoralidades e, assim, julgar e condenar o outro, principalmente aqueles que pensam diferente.

Já do ponto de vista da psicanálise, pode tratar-se de uma questão projetiva, onde o indivíduo projeta no outro suas próprias impressões do mundo. Nas palavras de Eckhart Tolle: “Nós não vemos o mundo como ele é, vemos o mundo como nós somos”. Comenta Eduardo Bicudo.

 

 

Então, a Moral não faz sentido algum?

 

Não é bem assim. Quando a Moral se relaciona a valores éticos, se estes não forem respeitados, sérios danos podem ser causados à sociedade.

Por exemplo, vai contra a Moral ofender pessoas, assim como vai contra o correto e justo explorar o trabalho de alguém sem a devida compensação. Concorda?

De um modo geral, em nossa vida cotidiana, todos temos a sensação de que pode não ser nada Moral a falsidade com um amigo ou, então, trair um companheiro, quando o acordo foi de sinceridade e transparência. Trata-se de um senso ético que norteia a percepção do indivíduo, que independe da existência de punição jurídica ou não.

 

Imoral, Amoral. O que significa?

 

Alguns estudiosos não consideram a existência dos termos: Imoral e Amoral. Mas, por quê?

Bem, alguns consideram que a Moral é algo que depende dos valores de cada um. Então, neste caso, não haveria o menor sentido acusar alguém ou algum ato como Imoral ou Amoral.

Ou seja, cada pessoa age de acordo com as suas convicções, desejos, vontades e o meio e a época em que vive. Portanto, os seres humanos estariam “imunes” a julgamentos como Imoral ou Amoral.

Por fim, vejamos:

  • Imoral: algo que está em desacordo com o “certo” e “aceito”. Logo, o termo não existiria, pois os valores de uma sociedade variam de acordo com muitos fatores, sejam eles culturais, históricos, geográficos, etc.
  • Amoral: pessoa sem Moral alguma. Algo que também não faz muito sentido, pois não há seres humanos sem um conjunto de valores. Mesmo que os seus valores não sejam adequados para a sociedade, ainda são valores.

A seguir uma reflexão sobre o certo e o errado do maravilhoso livro Alma Imoral, escrito pelo rabino Nilton Bonder:

Há um olhar que sabe discernir o certo do errado e o errado do certo.

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(…) um olhar que enxerga quando a obediência significa desrespeito e a desobediência representa respeito.

Há um olhar que reconhece os curtos caminhos longos e os longos caminhos curtos.

(…) um olhar que desnuda, que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade.

Este é o olhar da Alma.” ( A Alma Imoral de Nilton Bonder)

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O que fazer, então, frente a tantas contradições sobre a Moral?

 

É claro que o Fashion Bubbles não tem a intenção de ditar como as pessoas devem proceder no dia a dia. Afinal, fazer isso iria contra tudo que dissemos até aqui. Mas, para ter, digamos, uma “boa Moral” é recomendável procurar viver e agir de uma forma mais ética.

Assim, buscar reflexões como essas, é essencial para a construção de uma sociedade mais saudável, além de ocasionar uma evolução dos valores vigentes e enriquecer os conceitos associados a Moral.

Por fim, o professor da Universidade de Harward e filósofo, Joshua Greene, fala em seu livro “Moral tribes: emotion, reason, and the gap between us and them” – sobre a dificuldade de se chegar a um consenso do que está de acordo com uma Moral ou não.

“Compartilhar um senso comum moral com as pessoas de onde você mora ajuda a constituir uma comunidade. Mas, essas reações viscerais variam de um grupo para o outro”, diz em um trecho de sua obra.

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Com informações do livro “Moral, uma introdução a ética”, de Bernard Willians, editora Martins Fontes.  E do livro“Moral tribes: emotion, reason, and the gap between us and them”, de Joshua Greene – editora Record

 

Escrito por Erika Pugluise. Revisado pelo advogado e psicanalista Eduardo Bicudo.

Erica Franco: Erica P. Pugliese é formada em Jornalismo. Tem mais de 10 anos de atuação, acumulando experiências como repórter e redatora em veículos como Folha online, Jornal Agora São Paulo, Jovem Pan e outros. Já passou por editorias de Saúde, Moda, TV, Geral, entre outras. É Assistente Social (Formada em Serviço Social) com atuação e especialização em Saúde Coletiva.
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