Maternidade tóxica: como identificar e o que fazer quando sua mãe é tóxica

Nem sempre a relação entre mãe e filho é saudável. A terapeuta Camila Custódio fala de maternidade tóxica e dá dicas para o processo de cura

Fonte: Freepik (adaptada)

Precisamos falar sobre a maternidade tóxica. Afinal, temos um ideal imposto pela sociedade daquela figura materna que acolhe, cuida e é amorosa. Que incentiva e serve, aliás, de inspiração para os filhos.

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Mas, infelizmente, não é sempre assim que acontece e, sim, existem mães que fazem muito mal aos seus filhos. Em seguida, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, fala mais sobre o assunto e dá dicas que podem ajudar no processo de cura de uma relação tóxica.

Por que existe maternidade tóxica?

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Porque mães são mulheres, são seres humanos e são seres imperfeitos também. Ou seja, têm suas feridas emocionais, muitas delas carregadas desde a sua própria infância.

E essas feridas, quando não tratadas, quando não curadas, irão gerar comportamentos tóxicos que afetarão seus filhos. Como resultado, refletirão nos filhos dos seus filhos também, passando de geração para geração.

Esses comportamentos tóxicos que geram consequências emocionais e danos na saúde mental dos filhos que afetam a sua autoestima, autoconfiança, geram dependência emocional e tantos outros.

Como identificar uma mãe tóxica?

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São aquelas mães que criticam constantemente seus filhos(as), os(as) comparam com outra pessoa ou familiar, às vezes até com o irmão(ã).

Além disso, são controladoras. Desse modo, interferem na independência e autonomia dos filhos, julgando-os incapazes ou insuficientes para realização das tarefas – e até mesmo das próprias conquistas.

É comum fazerem uso de jogos de manipulação e, analogamente, se vitimizam com situações do cotidiano.

A maternidade tóxica pode atingir filhos e filhas. Mas, em geral, são as meninas que sofrem mais com o relacionamento abusivo materno. Essa relação só fica mais evidente na adolescência, quando a menina vai se transformando em uma mulher e passa a sofrer ainda mais com os comportamentos da mãe.

Algumas vezes, suas atitudes podem ser competitivas e comparativas no que se refere a questões de beleza, padrões estéticos e também no sentido de gerar sentimentos de inveja.

Certas mães são mais invasivas na vida dos filhos, não respeitam sua privacidade nem sua liberdade de escolha. Querem escolher não só as roupas, como também os amigos e até a profissão dos seus filhos.

Quando se é vítima de uma mãe controladora, você só terá reconhecimento se sua opinião for igual à dela. Se acaso você discordar, será criticado e rejeitado.

São mães que praticam agressão verbal e física contra os próprios filhos. Só que também são aquelas incapazes de elogiar e de exercer a empatia com os filhos.

Elas se frustram e despejam seu lixo emocional nos filhos e, não raro, acabam os culpando por todas as coisas que acontecem de errado nas suas vidas. E isso vale em seus relacionamentos amorosos que fracassam, em sua insatisfação profissional ou em problemas financeiros.

As consequências da maternidade tóxica

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Essa reprodução impacta emocionalmente os filhos, refletindo em baixa estima e insegurança. Similarmente, eles acabam duvidando da sua capacidade de escolha, não confiam no seu poder pessoal, nem na sua intuição.

Isso acontece porque, durante a formação emocional dessa criança, ela teve suas escolhas invalidadas e criticadas. Por isso, tem uma sensação de ser insuficiente sozinha.

Às vezes, para não criar um conflito com a mãe que desencadeie uma atitude tóxica, o filho acaba fazendo escolhas que agradem a mãe. No entanto, gera um conflito com a sua identidade e autenticidade que vai trazer consequências na sua vida adulta, como dependência emocional e financeira.

A construção de relações tóxicas na vida, seja nas amizades, no trabalho ou nos relacionamentos amorosos, também é um resultado dessa relação com uma mãe abusiva.

Algumas pessoas não conseguem se relacionar, duvidam da sua capacidade de serem amadas, têm uma vida social prejudicada ou acabam se autossabotando constantemente.

Assim, elas questionam se são realmente merecedoras de coisas boas na vida, como ser bem sucedidas e prósperas. Isto é, quando conquistam algo, se sentem culpadas.

A dificuldade em impor limites e dizer não é mais uma marca emocional dessa relação. Por conseguinte, gera quadros de depressão e ansiedade nos filhos, que demandam tratamento.

Mãe narcisista

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Temos também as mães narcisistas, que são a soma de todas essas características acima, só que em um quadro muito mais extremo. Por isso, essa maternidade tóxica gera um comportamento perverso.

A diferença é que essa mãe usa uma máscara social, transmitindo a imagem de que ela é uma mãe muito boa, dedicada, sociável e que só faz o bem aos seus filhos. Uma mãe excelente. Essa máscara pode enganar todos a sua volta, mas em casa, em particular com seu filho, o comportamento é oposto.

Geralmente, filhos de mães narcisistas sofrem ainda mais e são incompreendidos pela própria sociedade. Afinal, como ele vai falar mal da sua própria mãe, se ela é vista como uma mãe maravilhosa aos olhos dos outros?

Essa incompreensão faz com que o filho se sinta julgado e alimente ainda mais sentimentos de raiva e frustração.

O que fazer quando sua mãe é tóxica?

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Se você é filho ou filha de uma mãe tóxica, precisa estar atento(a) e conhecer essa relação para aprender a lidar com ela. Sem dúvida, o caminho mais indicado – e necessário – é criar um distanciamento emocional e psicológico dessa relação.

Às vezes, é preciso distância física e, em casos mais extremos, cortar relações para que você possa se curar e tratar seus traumas.

Esse distanciamento é um passo fundamental para recuperar a sua saúde emocional e mental. Só dessa forma será possível restaurar a sua liberdade, independência e autoestima para construção de relações mais saudáveis.

Esse processo de cura envolve a ruptura de um ciclo de abuso emocional. E ele precisa ser visto como uma doença que necessita de tratamento para a não perpetuação desse padrão de violência.

Lembrando que essa mãe também precisa de ajuda, pois na maioria das vezes ela é vitima da sua própria história, de relações maternas abusivas. Elas acabam – por causa de falta de conhecimento, estrutura psíquica ou investimento em um tratamento – reproduzindo a maternidade tóxica com seus filhos.

A informação aqui não é para demonizar essa mãe. Muito pelo contrário! Mas sim para ajudar a compreender o contexto em que essa relação se desenvolve para que ela também entenda que pode buscar ajuda.

O propósito é sempre gerar reflexões e incentivar o autoconhecimento. Sem contar aquela forcinha que o processo terapêutico pode te dar.

  • Logo depois, leia Solidão: o que a desistência de Tiago Abravanel nos ensina sobre esse sentimento?

Sobre a colunista

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Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.

Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.

Camila Custódio: Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional - @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Especialista em Gestão da Emoção, Consultora em Desenvolvimento Humano. Escreve sobre saúde emocional, relacionamento, empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.
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