Herói, entre suas muitas definições, é aquela figura arquetípica que reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica.
Marielle Franco, mulher, negra, lésbica e favelada superou suas dificuldades transformando-se em ativista dos Direitos Humanos, defensora da vida, da dignidade, sempre empenhada na defesa das minorias e dos menos afortunados, também era vereadora do Rio de Janeiro.
Eu ainda não havia ouvido falar em Marielle, somente com seu assassinato, com apenas 38 anos, é que fui tomar consciência de toda sua luta e sua belíssima jornada. O Brasil passa por um momento de desilusão política e encontra-se a beira da desesperança e vozes como a de Marielle são de extrema importância.
Não consegui deixar de pensar na palavra sacrifício. O sacrifício era praticado por muitas religiões como maneira de se agradar a Deus ou deuses para mudar o curso da natureza. No caso de Marielle, é o curso da história que se quer mudar.
O Rio de Janeiro é o retrato do caos em que o país se encontra. A barbárie e a corrupção se espalharam pelos mais diversos setores da sociedade. Após uma sequência horrenda de chacinas, mortes de mães grávidas por balas perdidas, escândalos escabrosos, como a ‘Máfia do Pão’ nos presídios do Rio, culmina a morte de Marielle Franco.
Aos 38 anos, tentaram silenciá-la no dia 14/03/18, quando foi covardemente assassinada, junto com o motorista do carro em que estava. O que os mentores de sua morte não imaginavam, é que estavam justamente potencializando sua voz.
Marielle, que se definia como “mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré”, havia deixado sólidas sementes em sua trajetória de superação. Sua morte causou uma verdadeira comoção por todo o país e sob a hashtag, #mariellefrancopresente, sua voz se viraliza e será eternizada na história.
O sacrifício de Marielle traz às redes sociais e à imprensa, discussões essenciais sobre que país queremos para o futuro, levanta questionamentos sobre os valores da realidade atual. E por mais chocante que seja sua morte, não podemos deixar de registrar, que neste momento, na timeline das redes sociais, nas Homes dos canais de notícias, em lugar de famosos e bichinhos fofos, é voz de Marielle que estamos ouvindo.
Seja em defesa do feminino, dos oprimidos, dos questionamentos a cerca do assassinato de PMs, da opressão dos poderosos, da violência urbana e tudo mais que sua morte representa, ela nos faz questionar, nos faz olhar para dentro e se perguntar: o que estamos fazendo para melhorar a realidade que nos cerca? Qual o nosso legado de vida?
Marielle Franco lutou com todo sua força, mas nunca perdeu a beleza, a ternura. Nunca deixou de olhar para as estrelas, como diria o célebre Astrofísico Stephen Hawking. Uma heroína é assim, reúne em si os atributos necessários para superar e até mudar de forma excepcional a realidade a sua volta!
Marielle Franco, presente!
Moda, imagem e ativismo
Marielle sabia usar como ninguém o poder da moda para passar sua mensagem.
Todos o fazemos, nós todos nos vestimos para comunicar algo, mas, muitas vezes sem a menor consciência. Diferente de Marielle que passou a usar o poder da sua imagem nas redes sociais e das roupas que usava para defender suas causas.
A moda, antes engessada em padrões inatingíveis, pode ser uma grande ferramenta para questionar padrões e estereótipos que não reflitam mais nossa realidade. Com as novas gerações cada vez mais conectadas, a internet virou palco para o debate e deu espaço para minorias que souberam se fazer ouvir.
Com a força das redes sociais, como o Instagram e Facebook, pessoas que antes não tinham voz agora podem divulgar seu conteúdo e usá-las para divulgar suas mensagens. Marielle tinha essa capacidade, trazia ativismo com sorriso, alegria!
Marielle Franco nas Redes Sociais
Veja mais fotos de Marielle Franco
Por Denise Pitta