Homem de Salto Alto

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Sabemos que muitas mulheres adoram usar salto alto e assistindo o filme “Sex and the City” confirmamos ainda mais a devoção das mulheres por sapatos.

Entretanto, gostaria que cada um de vocês se imaginassem em um aeroporto esperando por seu vôo. O ambiente parece totalmente entediante, entretanto, se entre um vôo e outro você percebesse um burburinho e fosse checar. Qual seria a sua reação de ver um grande homem, com pernas cabeludas usando salto altos (high heels) e desfilando sobre azulejos retirados do teto de uma sala no aeroporto.

A cena que parece surreal foi testemunhada por muitos através de câmeras de segurança que flagraram um ritual que se repetia de um cidadão inglês. Ele carregava seus sapatos femininos com saltos de invejar qualquer mulher e os usava para minutos de prazer sobre uma passarela imaginária da qual se utilizava a despeito dos que ali passavam, segundo o site da BBC Brasil.

Triste fim daquele que divertia a platéia curiosa no aeroporto mais movimentado do mundo; acabou por desfilar atrás das grades. A pergunta que não quer calar é reflexo da curiosidade do fetiche que este sujeito tinha com relação ao objeto – sapatos de salto alto.

Segundo o dicionário de psicanálise de Elisabeth Roudinesco e Michel Plon, “o termo fetichismo foi criado por volta de 1750, a partir da palavra fetiche (derivada do português feitiço: sortilégio, artifício), retomada em 1887 pelo psicólogo francês Alfred Binet (1857-1911) e, mais tarde, retomado pelos fundadores da sexologia, para designar quer uma atitude da vida sexual normal, que consiste em privilegiar uma parte do corpo do parceiro, quer uma perversão sexual (ou fetichismo patológico), caracterizada pelo fato de uma das partes do corpo (pé, boca, seio, cabelos) ou objetos relacionados com o corpo (sapatos, chapéus, tecidos, etc.) serem tomados como objetos exclusivos de uma excitação ou um ato sexuais.

Já em 1905, Sigmund Freud atualizou o termo, primeiro para designar uma perversão sexual, caracterizada pelo fato de uma parte do corpo ou um objeto serem escolhidos como substitutos de uma pessoa, depois para definir uma escolha perversa, em virtude da qual o objeto amoroso (partes do corpo ou objetos relacionados com o corpo) funciona para o sujeito como substituto de um falo atribuído a mulher e cuja ausência é recusada por uma renegação”.

É interessante nossa reação diante do inusitado. Quem imaginaria que um cidadão masculino iria levar consigo sapatos de salto alto ao seu ambiente de trabalho – um aeroporto internacional – onde iria se trocar, arrancar azulejos do teto e colocar no chão para criar um ambiente para que o mesmo podesse desfilar e saciar seu desejo através de um fetiche – o de usar sapato feminino de salto alto.

Ao mesmo tempo que nos parece loucura ou insanidade, há uma racionalização que o levou a planejar tudo e organizar-se. Sua exposição foi tamanha que o levou a ser preso, fato que ele nem imaginava.

O fetiche segundo o pai da psicanálise (Sigmund Freud) é “tornar-se o símbolo de triunfo sobre a ameaça de castração e serve de proteção contra ela”. Desta forma, o cidadão fetichista de salto alto não acreditava poder ser impedido de realizar seu desejo. Todos nós temos desejos inconscientes e que muitas vezes é bom que não sejam expostos de maneira desmedida, pois, somos seres castrados e não podemos tudo. Negar a castração é acreditar que podemos tudo e que nunca seremos punidos pela realização de todo e qualquer manifestação de desejo.

Este tema é polêmico e vai da psicanálise ao direito, passando pela antropologia, filosofia, religião, psiquiatria e literatura. Não poderia ficar longe da moda que oferece uma variedade de opções e objetos, ora de sapatos a tecidos, ora fetichistas de plantão.

O Fashion Bubbles adverte: usar de maneira indiscriminada e em público objetos ditos inapropriados aos olhos estranhos do fetichista pode gerar danos prejudiciais!

Leia a matéria publicada pela BBC Brasil. (Fetiche sexual por salto alto rende prisão a britânico)

Por Carlos Silva.

Carlos Alberto Alves e Silva: Psicanalista e economista, com pós-graduação em Administração pela USP e Marketing pela ESPM. Tem MBA em Gestão Internacional pela Thunderbird School of Global Management‚ Arizona‚ USA e formação nas áreas de Psicologia e Filosofia.
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