Ghosting: o que é e sua relação com a responsabilidade afetiva
Já esteve em um relacionamento em que a outra pessoa simplesmente sumiu? Entenda o que é praticar ghosting e como reagir à situação
Você já ouviu falar em ghosting? Em resumo, é quando alguém termina um relacionamento de forma repentina, sem dar explicações. A pessoa simplesmente some, dá o famoso “perdido” na outra, causando diversas consequências emocionais.
Assim sendo, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, explica o que é essa prática, identifica suas causas e dá dicas de como reagir ao ghosting. Continue lendo!
O que é praticar ghosting?
Se não aconteceu com você, já deve ter acontecido com alguém que você conhece. Uma pessoa estava no auge da paixão e a outra sumiu, parou de retornar as ligações ou mensagens.
Em alguns casos, aliás, a segunda pessoa até bloqueia a primeira, evitando qualquer tipo de contato, deixando-a no maior vácuo ou vazio emocional.
Isso é levar um ghosting. A palavra deriva do inglês “ghost”, que significa “fantasma”. Ou seja, nada mais é do que ignorar ou desaparecer sem dar explicações.
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Quem pratica ghosting?
Essa situação de vácuo pode acontecer em diferentes tipos de relações, como amizades e situações de trabalho. Só que é mais comum em relacionamentos amorosos recentes.
Além disso, pode acontecer em qualquer etapa ou ponto da relação e não é determinado pelo gênero do praticante. Mas sim pela maturidade emocional e também pelas habilidades sociais de comunicação que a pessoa desenvolveu ou não.
A prática já acontece há muitos anos. Afinal, se formos observar filmes, séries e até mesmo a literatura, veremos personagens sofrendo com esse vácuo que até então não tinha nome.
No entanto, o termo se popularizou em 2015, quando a atriz Charlize Theron rompeu seu relacionamento dando ghosting no noivo Sean Penn. Ela não respondia às mensagens e ignorava as ligações e e-mails. Dessa forma, no mesmo ano, o termo veio a integrar o dicionário britânico Collins.
A situação, ainda pouco disseminada na época, se popularizou com os aplicativos de relacionamento como Tinder, Bumble e Happn.
Assim, vem recebendo atenção dos pesquisadores que se dedicam a entender esse sumiço, que dói tanto para quem fica no vácuo que pode ser comparado a uma dor física. Essa rejeição ativa o córtex cingulado anterior, região do cérebro responsável pela dor física, e acontece em diferentes tipos de rejeição social.
Entretanto, a maneira como ela acontece também pode influenciar a experiência. Um estudo de 2021, por exemplo, mostrou que as pessoas que sofreram ghosting apresentaram maiores níveis de ansiedade do que aquelas que não passaram pela situação.
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Mas por que isso acontece?
Será que isso se dá porque a pessoa não sustenta essa relação? Por que ela simplesmente não quer ou não sabe fechar o ciclo? Ou a atitude se relaciona com a falta de responsabilidade afetiva?
As causas do ghosting geralmente derivam de padrões de personalidade, que levam a pessoa a cometer este tipo de abuso emocional. Sim, essa prática é abusiva.
A pessoa que pratica o ghosting geralmente tem uma tendência a procurar relacionamentos mais superficiais ou rápidos. Da mesma forma, evita situações de conflito e tem dificuldade em iniciar conversas difíceis.
Outras características das pessoas que praticam ghosting são a baixa autoestima, ter sofrido ghosting em outras relações, dificuldade em gerir as emoções, personalidade narcisista, algum tipo de dificuldade psicológica ou até mesmo ansiedade social.
No consultório, infelizmente, as pacientes relatam cada vez com mais frequência sofrer dessa prática mediada pela tecnologia nas relações.
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Como identificar o ghosting?
Não é fácil descrever sinais, porque o ghosting pode acontecer em diversas situações, com diferentes tipos de pessoas. Mas aqui ficam os principais alertas:
- A interrupção total de qualquer forma de contato. A pessoa some completamente e toda forma de contato é interrompida. Você não consegue encontrá-la virtual ou presencialmente;
- A exclusão das redes sociais. O praticante bloqueia você nas redes sociais ou desfaz a amizade;
- O motivo do sumiço não é explicado. A outra pessoa apenas desaparece, sem se justificar.
Uma das causas do ghosting é o medo de relacionamento sério ou de rejeição. Algumas pessoas, quando percebem que o relacionamento não está indo muito bem ou pensam que o outro vai terminar, simplesmente somem para evitar a situação de serem rejeitadas.
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Consequências emocionais do ghosting
Essa prática pode levar a problemas de autoestima, aumentar a ansiedade e até mesmo a depressão. Afinal, a pessoa que a sofre não tem uma resposta concreta, que faça sentido ou que justifique o desaparecimento do outro.
Independente do tempo de relacionamento ou da intensidade dele, o ghosting vai gerar um desconforto, um incômodo ou até mesmo a um sentimento de culpa.
Isso porque a pessoa fica buscando o que pode ter feito de errado. Ou, em alguns casos, interpreta de forma incorreta e acha que merecia esse tipo de sofrimento emocional.
Muitas pessoas têm um sentimento de falta de respeito, de empatia e de responsabilidade afetiva. Como se tivessem sido usadas e descartadas.
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Afinal, o que é responsabilidade afetiva?
As relações humanas sempre despertaram interesse e atenção de muitos, pois cada uma delas tem suas particularidades, que precisam, de fato, ser respeitadas.
Um indivíduo é completamente diferente do outro e isso, com o passar do tempo, fez com que as formas de se relacionar sofressem diversos tipos de transformações. Essas mudanças inevitavelmente causaram, e continuam causando, tanto impactos positivos, quanto negativos na vida das pessoas.
Todo este contexto de transformação trouxe para nós uma liberdade maior na maneira que escolhemos nos relacionar com o outro. Levamos em conta, principalmente, nossos anseios e objetivos para dentro da relação, seja ela de amizade, amorosa, familiar, entre muitas outras.
No entanto, toda esta liberdade, aos poucos, fez com que algo muito importante se perdesse com o passar do tempo: a empatia, algo essencial para a construção de relações saudáveis e de respeito.
Basicamente, a responsabilidade afetiva é o conceito que leva uma pessoa a agir com o máximo de transparência possível dentro de uma relação.
Ela tem ganhado cada vez mais espaço nos últimos tempos, porque os relacionamentos, principalmente os amorosos, se transformaram bastante. Então, as pessoas envolvidas nestas relações ganharam uma liberdade maior em sua forma de agir e se comportar.
O que acontece é que, mesmo com toda esta liberdade, precisamos nos lembrar da responsabilidade afetiva. Ou seja, de sermos transparentes e sinceros com nossos pares e pretendentes, deixar claro, a todo momento, quais são nossos desejos e intenções.
Além disso, precisamos ser cuidadosos com os sentimentos alheios e, de maneira essencial, tratar com respeito e empatia as emoções e o sentir do outro dentro daquela relação. Independente do status dela.
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Como reagir a ghosting?
Mas, se você sofreu com o ghosting, aqui vão algumas dicas para amenizar esse sofrimento:
- Acima de tudo, não se iluda buscando falsas explicações para validar a prática do outro;
- Evite criar falsas esperanças para não cair no mesmo tipo de situação em uma próxima relação;
- Lembrem-se: quem quer, responde, procura, assume suas faltas. Portanto, pare de justificar a ausência de comunicação do outro;
- Busque não generalizar essa atitude em outras relações afetivas. Cada pessoa é única, cada relação também;
- Trabalhe sua autoestima e seu autoconhecimento para identificar o comportamento do outro e impor limites e respeito.
Enfim, se você está sofrendo e não consegue se recuperar sozinha, busque ajuda profissional. A terapia segue sendo a melhor opção para te ajudar a lidar com essa situação. Afinal, te dá ferramentas para superar esse término. Ao mesmo tempo, te fortalece e te prepara para ter uma relação saudável no futuro.
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Sobre a colunista
Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.
Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.
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