Crônica – Ela serve para arrumar marido?

 

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Era uma tarde de sábado ensolarada, o que tem sido algo muito raro neste último verão em São Paulo. Decidimos almoçar em um lugar bem transado e que pudesse nos atender após as 15hs.

Entramos no restaurante já conhecido por todos e cada um de nós já estava certo do que pedir. Eu estava muito bem humorado e sentia que minha energia contagiava meus acompanhantes que quase sem fôlego disputavam um momento para contar suas ideias e falar sobre frivolidades e atualidades.

Já sentado na mesa, olhei para a direita e avistei uma linda moça, vestida com roupas que marcavam seu corpo esguio e sensual. A maquiagem forte contornava seu rosto de forte expressão e alguns ornamentos como brincos grandes e grandes unhas que podia se avistar de longe, completavam aquele figurino perfeito para chamar a atenção de qualquer um.

Seu olhar me disse quase tudo, mas ela completou dizendo – “já vou até ai”. Eu fiquei por um instante calado e sem prestar mais atenção na conversa de meus amigos pensei – “De onde conheço essa moça”. De fato, ela me olhou e falou de longe como alguém muito íntima.

Mal poderia esperar para tirar aquela dúvida que me consumia. Todos já estavam certos do que pedir para beber e comer, enquanto eu atrás do cardápio pensava em todos lugares possíveis de que eu pudesse ter encontrado, conversado, conhecido aquela garota.

O que mais me chamava a atenção era o tipo e quantidade de maquiagem aquela moça usava em uma tarde de sol ensolarada. E quando me dei conta, ela vinha na minha direção com um sorriso de orelha a orelha com lábios repletos de um batom vermelho cor de boca. Fiquei um pouco desconcertado, mas ninguém percebeu. Claro, a atenção toda estava para a moça e não para mim.

Ela gentilmente se aproximou, tirou algo do bolso e me perguntou: “Posso tirar seu pedido?” e eu perguntei “O que?” e ela me pergunta novamente: “O que o senhor vai beber?”. Fiquei completamente constrangido e pedi um guaraná. Ele me pergunta: “gelo e laranja” e eu disse “claro”.

Após tirar o pedido de todos nós e sair caminhando como se estivesse desfilando em uma passarela, o assunto da mesa mudou. Nossa curiosidade era saber o que faria uma garçonete servindo naquele lugar em um sábado à tarde, vestida daquela maneira e maquiada como se fosse a um baile de formatura ou uma festa de debutante. Certamente não era somente para nos servir!

A intenção consciente ou inconsciente era a sedução. Seria aquele um lugar onde ela serve para arrumar um marido? Quem de nós saberia? Porém, seu desejo já não era mais oculto e cedo ou tarde, algum homem não se contendo diante de tal sedução, faria uma proposta para tirá-la dali.

Carlos Alberto Alves e Silva: Psicanalista e economista, com pós-graduação em Administração pela USP e Marketing pela ESPM. Tem MBA em Gestão Internacional pela Thunderbird School of Global Management‚ Arizona‚ USA e formação nas áreas de Psicologia e Filosofia.
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