Sem dúvida, o desejo sexual feminino vêm ganhando voz, expressão e visibilidade. Como resultado, as mulheres se sentem mais à vontade para conhecer seus próprios corpos e entender o que lhes dá – ou não – prazer.
Em seguida, a terapeuta Camila Custódio, colunista do Fashion Bubbles, fala como o bem-estar sexual entrou em evidência explica a importância de falar sobre sexo – principalmente com nossos parceiros. Continue lendo!
O que é bem-estar sexual?
Seja nas rodas de conversa, em que as amigas falam mais abertamente sobre ter ou não um orgasmo com seus companheiros, seja nos fóruns ou perfis na Internet, seja durante os processos de autoconhecimento na sessão de terapia. Em filmes, séries e ganhando destaque também na novela em horário nobre.
A verdade é que o desejo sexual feminino é um tema em alta, o que vem levantando importantes discussões sobre o tema. Principalmente quando estamos falando do prazer de mulheres acima dos 50 anos.
O bem-estar sexual, ou sexual wellness, vem crescendo atualmente no Brasil e no mundo. Ele ganhou força como um movimento de autocuidado, que transcendeu na pandemia e segue quebrando tabus.
Recentemente, até mesmo os vibradores passaram a serem prescritos para a melhora da saúde da mulher, já que, segundo as pesquisas americanas, eles são considerados dispositivos terapêuticos, e não apenas brinquedos sexuais.
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O desejo sexual da mulher madura
Esse momento é muito empoderador para as mulheres de todas as idades, pois estamos mais abertas e conscientes para aprender sobre nosso corpo, nossa anatomia e o que nos dá ou não prazer.
Todas nós saímos ganhando, mas especialmente as mulheres mais maduras. Afinal, depois de tanto tempo de repressão e, na maioria das vezes, sem espaços de apoio para falar sobre o que sentem sem julgamento dentro dos próprios relacionamentos, hoje elas podem se sentir mais livres.
Mais do que falar abertamente sobre sexo, sexualidade, masturbação e prazer, é possível reconhecer os benefícios que o orgasmo traz para a nossa vida. Ele amplia a nossa perspectiva sobre a felicidade, estando sozinhas ou acompanhadas.
A indústria voltada para o prazer da mulher está mostrando que falar sobre ele não só é necessário, como também o torna mais leve e descontraído.
Colocar o desejo da mulher como prioridade aprofunda os relacionamentos, pois a tira do papel que historicamente ela ocupou, de servir seu homem, e a coloca como protagonista do seu prazer. Além disso, aumenta a intimidade e promove a melhoria da sua qualidade de vida e prosperidade da sua relação.
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Uma mudança na indústria do sexo
Precisamos lembrar que, até bem pouco tempo, os produtos e filmes eróticos eram voltados exclusivamente para o prazer do homem, porque a mulher também era vista como objeto desejante.
Ela não era tida como aquela que tem desejos e quer fazer sexo somente pelo prazer, não só para satisfazer seu parceiro, dar prazer e não receber prazer. E isso levava muitas a ter o sexo protocolar, sem questionamentos de qual o papel do ato e do seu desejo na própria vida e na história.
Essa mudança nos leva a uma apropriação dos nossos sentimentos, nos levando, sim, a um profundo processo de autoconhecimento. Afinal, vivemos culturalmente por muito tempo considerando ser mais importante ser desejada do que desejar. Então, o mergulho nessa nova perspectiva traz muitos questionamentos sobre o próprio sexo.
Há um descompasso e desconforto nesse ritmo. As mulheres estão se apropriando do seu corpo e do desejo sexual feminino, mas muitos homens ainda não estão prontos o suficiente para essa conversa. Esse momento pode ser também assustador, visto que fazemos muito sexo mas falamos pouco sobre ele com nosso parceiro.
Aliás, até mesmo com os nossos filhos e filhas falamos sobre o sexo de forma protocolar. Nossa orientação é preventiva, não aprofundamos o diálogo sobre o gozo e o prazer. E isso também é reflexo de uma cultura sobre educação sexual que está mudando.
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Apenas o início
Embora estejamos evoluindo, temos um longo caminho pela frente. Muitas mulheres maduras, principalmente oriundas de relacionamentos longos, não têm intimidade para falar com seus parceiros sobre o sexo. Elas ainda carregam as barreiras de culpa, medo e vergonha.
O desejo sexual feminino foi tão castrado que, quando ele ganha espaço, não sabemos colocar isso frente ao outro sem nos julgarmos ou nos sentirmos julgadas pelo outro.
Conforme esse lugar do desejo vai sendo desmistificado, a mulher vai se conhecendo, se permitindo e se colocando nesse lugar mais palpável sobre o seu prazer. Gosto assim, não quero desse jeito, quero que você faça assim… A partir desse momento, damos um salto de autoconfiança e também no nosso bem-estar sexual e físico.
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Conclusão
Hoje entendemos que o prazer é um lugar que precisa sair dos bastidores da vida feminina e que, para conhecer o outro, precisamos primeiro nos conhecer. Só assim é possível estabelecer uma conexão autêntica.
Para amar o outro, precisamos nos amar também para, dessa forma, preservar nossa identidade nessa relação. Para comunicar ao outro o que me satisfaz ou não, eu preciso descobrir essa trilha do prazer dentro de mim e apresentar ao outro esse caminho.
Sobre esse tema, indico também um filme maravilhoso e muito profundo que assisti recentemente. Ele pode ajudar a todas nós e também aos homens quando o assunto é prazer e autoconhecimento.
“Boa Sorte, Leo Grande” (2022), com direção de Sophie Hyde, traz a tocante história de Nancy Stokes (Emma Thompson), uma viúva aposentada que contrata um jovem garoto de programa, Leo Grande (Dary McCormack), para curtir uma noite de prazer e autodescoberta depois de uma vida sem graça de casada.
Com uma interpretação de tirar o fôlego, diálogos tocantes, intimistas, autênticos e muito maduros, desnudando a realidade de muitas mulheres sobre a própria sexualidade e seu olhar frente a própria vida.
Super indico essa obra que eu garanto que vai emocionar e fazer você refletir sobre a história do seu prazer!
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Sobre a colunista
Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.
Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.
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