Carnaval chegando e uma das principais buscas é de como ter o corpo feminino perfeito para curtir a folia.
A insatisfação permanente feminina e o julgamento sobre o corpo alheio ainda é, infelizmente, presente nas falas femininas, que levaram a construção do body shaming.
Além disso, a própria cultura faz com que muitas mulheres se submetam a procedimentos estéticos invasivos (cada vez mais jovens), horas de treino pesado e também a dietas malucas nessa busca pelo corpo ideal. Isso acontece principalmente nessa época do ano em que os corpos estão mais expostos e têm seu ápice no Carnaval.
Corpo feminino e masculino no Carnaval
Em primeiro lugar, é importante destacar que preparação do corpo perfeito para a festa mais esperada do Brasil não é a mesma para homens e mulheres.
Essa pressão social e cobrança cai sobre as mulheres. Ao contrário, os homens seguem o privilégio de não precisarem se preparar, de não serem cobrados por isso e terem o privilégio de se entregar aos prazeres do Carnaval.
Paola Oliveira e o Carnaval
Pensando nisso, a musa Paola Oliveira, que sempre chama atenção brilhando muito como rainha de bateria da Acadêmicos do Grande Rio, decidiu fazer diferente.
O objetivo é levantar a discussão sobre o tema e perguntar aos homens como é a preparação deles para cair na folia e como seria o corpo perfeito na perspectiva masculina.
O vídeo produzido por Paola viralizou nas redes sociais e trouxe uma reflexão muito importante sobre a cobrança que as mulheres historicamente possuem e como isso impacta a autoestima feminina. Afinal, ela ocorre somente nessa época do ano, mas se estende em outros aspectos da própria vida.
Os homens falam da sua preparação com felicidade e liberdade, não abrindo mão da boa comida como o tradicional churrasco, cerveja gelada e disposição e energia para sambar e se divertir até amanhecer.
Nada novo aqui, porém essa deveria ser a preparação ideal não só para os homens, mas também para todas as mulheres. A de um corpo livre, feliz e sem julgamentos.
Clique aqui para assistir o vídeo da musa.
Sobre a pressão corporal e estética a atriz que por muitas vezes já teve seu corpo alvo de criticas fala:
“Era como se devesse algo mesmo quando estava me sentindo bem e feliz. Hoje estou redescobrindo beleza e sensualidade alicerçadas não somente na minha autoimagem, mas também na minha autoconfiança. Cada passo dado me aproxima mais da segurança de bancar quem sou, minhas características, personalidade e sim, a beleza e sensualidade que enxergo em mim”
Sobre o universo carnavalesco, Paola complementa:
“Os estereótipos ainda existem e é sempre complexo se desvencilhar deles, mas há outras coisas emergindo, como mulheres em vários setores de uma escola de samba, blocos femininos e feministas com humor e sátira ao que é historicamente machista e opressor. Temos conversas mais francas sobre corpos e expectativas criadas em torno deles e homens começando a ter contato com seus limites e mulheres se libertando dos que um dia lhe foram impostos”, completa Paola sobre o assunto em uma entrevista concedida.
“No carnaval, nossos corpos, enquanto mulheres, ficam em evidência, ganhando a avenida e as ruas com muita vibração positiva e energia. E se nós ouvíssemos as histórias plurais que guardam cada um desses corpos? Vamos?”, escreveu Paolla, convidando o público a assistir ao episódio.
Embora a discussão não seja nova, o chamado da atriz é fundamental para dar outra nuance e visibilidade a um assunto tão importante e delicado para nós, mulheres. Além disso, é importante para ampliarmos a perspectiva para sobre nossos corpos, que vai além da estética e objetificação que a sociedade e o machismo ainda impõe.
O corpo feminino no BBB 23
Entretanto, a discussão não para por aí. Novamente, o que acontece no BBB, acontece na vida. Os brothers foram protagonistas de mais uma polêmica envolvendo exatamente o tema dessa matéria: o corpo feminino.
Na semana passada, os participantes Gustavo, Cristian e Cezar Black usaram a Central do Líder para assistir algumas sisters trocando de roupa.
Na ocasião, os brother fizeram vários comentários sobre o corpo delas, comparando, julgando e avaliando determinadas partes dos seus corpos. Por exemplo, como “a barriga dela é muito feita”, “ela é lipada” e “o corpo dela não mudou nada desde o dia que ela entrou”.
Os comentários machistas geraram revolta nas redes sociais e levantou o questionamento: afinal, quando o corpo de uma mulher é suficiente?
Se a mulher faz procedimentos estéticos, não é bom. Por outro lado, se ela tem o corpo normal, também não é bom. Se ela treina demais, é masculina, se ela não treina, está descuidada e por aí a fora.
Quando o corpo de uma mulher será suficiente para ela e também para o olhar do outro?
Quando um corpo real deixou de ser suficiente e satisfatório? O quanto uma mulher precisa performar para ser aceita e admirada e essa reflexão vai além da estética?
A participante Amanda desabafou e falou sobre suas inseguranças em relação ao corpo e performance, com Gabriel Santana onde ela questiona: “Eu sou uma mulher real. O quão real vai ser suficiente?”
Acompanhe no vídeo abaixo:
A fala de Amanda gerou identificação fora da casa e ganhou muita adesão que repercutiu na web.
“Eu não sou mulher que sabe dançar Tiktok, não sou mulher com o corpo mais delineado do mundo (…). Sou uma pessoa real. Mas fico pensando o quanto isso é suficiente”, desabafou a sister.
Da onde surgem as inseguranças femininas?
As inseguranças e baixa estima vão além do corpo. Mas, na maioria das vezes, começam nele, seja pelo feedback que recebemos na infância, os comentários de amigos e até desconhecidos, as críticas de um relacionamento tóxico ou abusivo ou até mesmo no trabalho.
Aconteça o que houver, inúmeras vezes com celebridades, o corpo de uma mulher sempre estará em evidência. Assim, eles muitas vezes viram notícias e sobressaem na opinião pública. Seja por seguimores ou haters ao seu próprio talento ou competência para algo.
Já vimos isso acontecer inúmeras vezes, seja na cerimônia do Oscar, no Grammy no Super Bowl ou nas empresas.
Sabemos que existe uma cobrança muito forte por um padrão, uma perfeição. A questão é: qual padrão é esse, já que nada o alcança?
O impacto do machismo no corpo feminino
Os comentários sexistas sobre o corpo feminino se dá justamente porque o homem se sente superior. O machismo, que de uma forma mais velada, também se reproduz nas mulheres que acabam violentando outras com esse tipo de julgamento.
Muitas mulheres pensam que, se não alcançarem esse padrão, não importa o quão competente ela seja em sua profissão ou quão próspera, ainda assim sentirão que não são suficientes.
O resultado disso é uma geração de meninas e mulheres que crescem com baixa estima e sem confiança. Por outro lado, os homens seguem perpetuando as estruturas de poder machistas de escolher qual mulher irão elevar ou diminuir levando em conta somente a questão estética.
Esse comportamento, além de gerar uma espécie de competição, reflete como sintoma de uma sociedade doente e que nada mais alcança ou é suficiente.
A questão aqui é que se nós mulheres buscamos por um padrão, só nós conseguiremos quebra-lo.
Como? Acredito que ainda estamos descobrindo e desconstruindo o sistema sobre a beleza que foi criado e é perpetuado de forma doentia e muitas vezes banalizado.
Mas ao que parece, falas e reflexões dentro e fora das redes sociais estão trazendo consciência de que através da gentileza com seus próprios corpos, da permissão de ser livre, do não julgamento sobre o corpo de outra mulher pode ser um importante e bonito caminho a ser percorrido.
Será que você consegue? Vamos juntas cair na folia com nossos corpos livres, com uma mente mais saudável e mais felizes.