Carreira: “Puxar o saco” ou “Vender o próprio peixe”? Saiba a diferença

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Durante as sessões de coaching e psicoterapia, alguns clientes me levaram a contemplar a questão apontada no título.

Geralmente são pessoas que trabalham em instituições e empresas e observam as diferentes atitudes e comportamentos ao seu redor. Por isso, ficam se perguntando sobre sua própria maneira de agir no mundo corporativo.

Discursos e questionamentos tais como – “Afinal, na empresa em que trabalho é melhor ‘puxar o saco’ do meu superior ou tentar ‘vender meu peixe’?”, “Tenho um bom desempenho, mas acho que não sou notado”, “Fulano vive ‘puxando o saco’ do chefe e ganhou um aumento”, “Aquele ali, foi promovido porque fica ‘vendendo o próprio peixe’ pro diretor” – não são raros de se ouvir cotidianamente.

“Puxar o saco” e “Vender o próprio peixe” são dois termos que esboçam ditados populares recheados de diferentes significados, e que nos colocam frente a reflexões que merecem ser pensadas. Vamos trabalhar brevemente algumas noções, dentre elas: oportunismo, ambição, vaidade, autoestima, autoconfiança e reconhecimento.

Frequentemente, quando o indivíduo observa alguém “puxando o saco”, vê isso com maus olhos, geralmente por questões éticas, já que “puxa-saco” é considerado oportunista e ambicioso, porque, ao perceber uma chance de alcançar o que deseja – seja lá o que for – faz o que achar necessário para conseguir seus objetivos, mesmo passando por cima do direito de outras pessoas.

Socialmente é sabido, e até incentivado, que oportunidade para alcançar o que deseja deve ser aproveitada. Deve-se, inclusive, fazer o que for necessário para atingir a meta. No entanto, os meios para se realizar tal feito farão muita diferença. O “puxa-saco”, por exemplo, busca tirar vantagens pessoais e profissionais. Ele cobiça algo e usa alguém. Assim, poderá desfrutar do orgulho excessivo de si mesmo.

Alguns assim o fazem, no intuito de encobrir incompetências técnicas e emocionais. Contudo, é fato que ele também é capaz de “vender seu próprio peixe”! Mal falados e até malquistos, muitos bajuladores acabam conseguindo o que almejam. E até provocam inveja alheia. Importante pontuar que não estamos querendo dizer que um sujeito “puxa-saco” é sempre incompetente. Nos casos em que a competência se faz presente, ele alia ações bajuladoras aos seus meios de conseguir o que se quer.

A diferença…

E aqueles que têm desempenho significativo e não possuem características típicas de um “puxa-saco”? Muitos desses continuarão desempenhando bem, às vezes cada vez melhor, mas podem acabar não sendo notados ou recompensados com alguma promoção significativa. Parece haver uma tênue linha que pode separar o “Puxar o saco” do “Vender o próprio peixe” e ela não é facilmente definível.

“Vender o próprio peixe” é uma ação efetiva e eticamente justa. Ela evidencia uma realidade e pode produzir bons resultados. Ao fazê-lo, alguns dos pontos fortes do sujeito estarão ganhando destaque e devem estar baseados em evidências, mostrando mais soluções do que problemas.

Atento para a soberba, não se trata de ostentação – tão em voga atualmente. Não se trata de se gabar. Mas, se você possui algo que ajuda a resolver problemas, a superar desafios e aproveitar oportunidades, é de bom grado oferecer-se para criar soluções, porem sem a necessidade de somar isso a elogios emocionalmente vazios ou a comentários dirigidos ao outro, como forma de ser notado.

Podemos até correr o risco de afirmar que a saudável autoestima e a sóbria autoconfiança devem matizar a “venda do peixe” em tons de parceria, já que o anseio interno por segurança, reconhecimento, promoção, poder, riqueza, fama é autêntico e aponta para a autorrealização e não necessariamente está nutrido pela cobiça.

Devemos cuidar para que não deixemos de “Vender o próprio peixe”, com receio de agirmos como um verdadeiro “Puxa-saco” ou sermos considerados como um. O medo por trás disso nos leva a deixar de realizar algo importante ligado à autoestima e autoconfiança, como deixar à mostra o desenvolvimento e ampliação do nosso potencial.

Esperar passivamente que o outro reconheça em nós algo que nós mesmos não reconhecemos, pode ser uma estratégia que tem como consequência protelar nossas realizações. Mais além, ao optarmos por não mostrar nossos pontos fortes, podemos inconscientemente, estar entregando ao outro boa parte da responsabilidade pelo que acontece ou deixa de acontecer em nossa caminhada profissional.

Fale sobre aquilo que você tem de bom. De melhor. Inclusive, pra você mesmo. Tome consciência dos seus potenciais e busque exercê-los com intensidade. Não puxe o saco. Não encha o saco. Se desenvolva e venda seu peixe honestamente.

Bruno Henrique Prates de Almeida

Psicólogo/Mestre em Psicologia (USP)
Professional Coach
e-mail: bruno@ericom.com.br

 

 

Colaboradores: Colaboradores do Fashion Bubbles
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