Algumas situações me deixam realmente sem saber o que dizer ou fazer. Sabe quando você recebe uma informação e, em milésimos de segundos, fica tentando achar uma palavra, uma frase, um gesto? É um horror.
A gravidez (alheia, óbvio) e a maternidade (também alheia, óbvio) são dois momentos em que eu confesso que fico meio perdida e não sei muito como agir.
Por exemplo: uma amiga me fala que está grávida. Por que eu tenho que falar “parabéns”???? Numa cabe, gente! Não é aniversário de ninguém! Eu não consigo! “Parabéns” simplesmente nã-o-com-bi-na!
Aí, chega o convite pro “chá de bebê”. Desculpa, mas eu não vou meeeeeesmo! Tô fora! Um bando de mulher envoltas numa ode às criancinhas. Sorry. Quem mandou ter filho? Agora as amigas é que têm que comprar fralda, chupeta, mamadeira, macacãzinho… Ah, num dá. Gastei meu dinheiro na manicure. Se o filho é seu, problema seu! Deixa a gente dar presente quando – e se – a gente quiser.
E chegou o grande dia: o bebê nasceu. Nosso e-mail é invadido por fotos do novo ser (todo enrugado), a amiga (vermeeeelha, inchaaaada, muitas vezes ainda na sala de cirurgia, com aquela touca terrível), o marido todo orgulhoso… Em seguida, o mistério: visitar ou não a amiga no hospital? Se sim, quanto tempo ficar? E se eu chegar e tiver um bando de gente no quarto (sim, porque a família tá lá em romaria, né)? Dou meia volta e fujo?
Mas tudo isso me veio à cabeça, na verdade, porque tenho uma amiga que ganhou bebê recentemente. Calma! Eu fui politicamente corretíssima, ao meu modo: não falei parabéns, gritei “que máximo!”; não fui ao chá de bebê porque minha amiga, graças a Deus, não o fez; fui visitá-la no hospital (de cadeira de rodas, porque tinha acabado de sofrer um acidente, o que, aliás, comprova que sou uma pessoa magnânima) etc etc. E o filhinho da minha amiga está cada dia mais lindinho, o que me deixa à vontade para fazer elogios (quando ele nasceu, era todo peludo e parecia o menino Mogly).
Então, essa minha amiga trabalha na mesma firrrrrma que eu, onde existe um berçário. Depois do almoço, uma legião de mães e bebês ficam nos bancos do jardim, tomando sol, batendo papo, curtindo os pimpolhos. Eu tava com a minha amiga quando uma mãe chegou com seu bebê… Aquela cena: mãe chega com bebê, dá um sorriso, fala boa tarde, apresenta o filho (“esse é o fulaninho”) esperando que você sorria de volta e diga o quanto o bebê é digno de comercial da J&J.
Só que você olha e vê que a criança é MEDONHA! (Desculpa, gente! Mas nem porque é bebê eu tenho que achar bonito, vai!) E aí, o que dizer? No meu caso, foi patético. Pensei rápido, em mil coisas, mas não encontrei nenhuma. Olhei pro céu e soltei um “será que vai chover?”.
Por Mila Brito