Bubbles in the City – Ho-ho-ho!
Dezembro, pra mim, é um mês meio tumultuado. Gosto de ter nascido nele, não sei por quê. E ainda bem que nasci no começo, porque…
Dezembro, pra mim, é um mês meio tumultuado. Gosto de ter nascido nele, não sei por quê. E ainda bem que nasci no começo, porque à medida que a passagem de 24 pra 25 se aproxima, as pessoas ficam bem doidas. E coisas malucas acontecem…
Uma histeria toma conta do povo. De repente, a gente tem que comemorar o Natal com todo mundo. É caixinha pro lixeiro, porteiro, faxineira, manicure, gerente do banco que nunca viu você mais gordo, dentista, médico… É amigo secreto da equipe. É festa de fim de ano da firrrrma. E dá-lhe panetone, cartão virtual, garrafa de vinho, sacolinha de presente que a amiga pede pra dar pra instituição que ela ajuda. Os prédios todos decorados de maneira esdrúxula, segundo o gosto (???) do síndico e graças ao malabarismo do porteiro que, de repente, tem que dar uma de eletricista. E as luzinhas nunca funcionam direito: tem sempre uma parte falhando!
O trânsito fica mais infernal. Estacionar no shopping? Esquece, fia: dê uma de Angélica e vá de táxi, que é menos pior. E as lojas se esquecem que “menos é mais”, né? Ainda que você compre algo muito, muito pequeno, se for “pra presente”, envolvem em “papel seda”, enfiam numa supercaixa, que vai numa supersacola. E que sustentabilidade, que nada! O que vale é o “impacto”.
Outro dia, tava procurando um cartão pra colocar numa das famigeradas “sacolinhas”. Gente! As mensagens eram todas do tipo “Boas festas. Espero que você ganhe muuuuitos presentes”. Nenhum falava: que você seja feliz, saudável, equilibrado, realizado, pleno, cheio de amigos verdadeiros, que tenha tempo pra ir à academia, que leia um livro ótimo, que assista a um filme maravilhoso, que descubra uma música incrível ou coisa do tipo.
Natal perfeito era quando eu era criança. Mesmo tendo me comportado mal o ano todo, ganhava exatamente o presente que queria (sempre fui mimada, sorry). O ápice foi quando ganhei a casa (mansão) da Barbie, toda mobiliada, mais o carro, salão de beleza e a piscina. De quebra, ganhei um namorado lindo, sarado, rico e inteligente (hã?): o mais novo Ken da época, com roupa de tenista. Tudo de bom!
Mas tem uma coisa que ainda me emociona e empolga em tempos de jingle bell: decoração natalina. Adoooro árvore de Natal bem grande e gorda, cheia de enfeites. Amo Papai Noel que canta, renas simpáticas etc. Morei numa casa enorme, durante alguns anos, e gostava de decorá-la lindamente. Parecia comercial de Natal da Coca-Cola. Dava um trabalhão, mas eu adorava. Todo mundo ajudava: minha mãe, os dois irmãos, as empregadas. O Astor, meu labrador, ficava olhando com cara de “ué, o que vocês tão fazendo?”. Decorar a casa era um ritual e um evento. Todo dia, chegava do trabalho, acendia as luzes e borrifava aroma de baunilha pela casa… Era meu momento mágico.
Ainda vou voltar a decorar a casa com entusiasmo – e espaço. Só pra materializar a empolgação que sinto dentro de mim. Porque, no fundo, meu melhor Natal acontece todo ano, tirando o que há de melhor das possibilidades que tenho no momento. Sempre com minha mãe, meu pai, os dois irmãos. Esse ano, tem também um sobrinho e uma cunhada. Sem a decoração (espaço) que eu gostaria. Mas com o coração que eu tenho. E ele bate saudável – pasmem! – o suficiente pra dizer: ano que vem, vai ser melhor e mais bonito. Pra mim e, claro, pra você.
Feliz Natal! Ho-ho-ho!
Imagens: GettyImages
Por Mila Brito
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