As infindáveis reflexões de um poeta

Imagem do blog Lili Salles

Semana passada, ministrei uma palestra no interior de São Paulo em um grande conglomerado de empresas. Na plateia, cerca de 150 pessoas, desde operários até altos diretores. Mais uma vez, minha tese sobre valores se fez confirmar.

Para relembrar aqueles que não leram meus primeiros artigos na revista Vegetarianos, explico: interpretamos e pautamos nossas vidas e tudo o que está à nossa volta em cima dos valores que nos norteiam e fundamentam. Se para você, sucesso e crescimento estão alicerçados no quanto você possui em sua conta bancária, tudo o que está ao seu redor só terá verdadeiro valor se estiver, de uma forma ou de outra, ligado ao tema.

Para outro indivíduo qualquer, por exemplo, o valor prioritário de sua existência estaria na qualidade de vida, portanto, qualquer coisa que não traga o que ele valoriza estaria fadada a ficar em segundo plano. Na realidade, é natural que seja assim, no entanto, torna-se um obstáculo petrificante quando não o percebemos de forma consciente.

Durante minhas palestras, noto claramente os momentos que prendem mais a atenção deste ou daquele e, ao estimular minhas sinapses, percebo que aquele executivo milionário que me vê naquele instante, não dá muita importância aos momentos que não tenham relação com aquilo que ele mais valoriza e entende como sinal de ser “bem sucedido” na vida, que no caso, é o seu rico dinheirinho. Poderá ele estar pensando: por que eu deveria dar atenção ao que este cara, que não atingiu o meu nível de sucesso, está falando, se até agora consegui tudo (de acordo com os valores que ele tem para denominar esse termo), sem me preocupar com tópicos como ética, alimentação, honra, disciplina e verdade?

“O valor das coisas é proporcionalmente igual à importância que você dá a elas.”
Extraído do livro A Ancestral Arte da Poesia de Fábio Euksuzian

Percebo, cada vez mais, que as pessoas nos julgam de acordo com o que elas têm como valores e princípios de vida, o que sempre foi óbvio. No entanto, devemos ficar atentos, pois se queremos chamar a atenção de todos para nossa filosofia alimentar, precisamos entender explicitamente o que foi descrito acima para alcançar todas as camadas que compõem nossa sociedade.

Seja um atraente cartão de visitas, fuja dos estereótipos


Foto de She Knows

Ainda sobre o que foi escrito nas linhas anteriores, é de extrema relevância que nos tornemos excelentes e instigantes cartões de visita àqueles que querem entender mais sobre a alimentação sem carnes.

Quantas vezes já presenciei debates e conversas entre vegetarianos e onívoros nas quais os veganos tentavam convencer e provar aos que comem carne que eles (veganos) estavam certos e para isso muitas vezes precisaram se exaltar, demonstrando irritação com a não concordância ou compreensão por parte do outro. Em minha opinião, estas situações depõem contra nós, pois pode parecer aos olhos de um interlocutor de que há insegurança naquelas premissas, afinal olha quem está exaltado.

Da mesma forma, julgo ser importante a fuga maciça dos estereótipos com os quais nós mesmos nos vestimos ao longo do tempo. Para que entendamos melhor a colocação anterior: quem nunca se vestiu como um hippie porque achava que isso tivesse relação com o vegetarianismo? Ou só usou com certa frequência, camisetas com frases sobre o tema? Ou deu importância demais à soja, tofu e alface? Ou arrumou desculpas para dissertar sobre o assunto, mesmo quando a situação não pedia de forma alguma o tema em questão? Ou só carregou livros sobre o assunto para cima e para baixo? Ou deixou barba e cabelos desgrenhados? Ou só se alimentava em restaurantes naturebas? Pois é, isso tudo e muito mais nos encarcera em moldes pré-concebidos pela sociedade que atrapalha a captação de novos indivíduos para causa alimentar que tanto acreditamos e valorizamos.

Recordo-me de uma cena do filme “Piratas do Vale do Silício”, que narra o início da Apple e da Microsoft  e as respectivas disputas entre Steve Jobs e Bill Gates. Em um dado momento, Jobs que flertava com o estilo de vida hippie e viajava os Estados Unidos em busca de um certo tipo de autoconhecimento, aparece sem barba, com o cabelo cortado e vestido de terno para assombro de um amigo seu que logo recebe como resposta de Jobs: se é assim que conseguirei a atenção dos banqueiros para o meu projeto, que seja!

Precisamos por vezes jogar o jogo para um bem maior, portanto fuja, corra como Forrest Gump de qualquer estereótipo que recaia sobre aqueles que se abstém da carne de animais mortos, pois desta forma não afugentará aqueles que queremos ao nosso lado.

Curiosidade


Foto de J’adore Fashion

Ontem fui padrinho de casamento de uma de minhas primas e um fato me chamou a atenção durante a cerimônia: a razão das pessoas prenderem o choro. Chega a ser no mínimo curioso a observação de todos no altar a se contorcerem para disfarçar as lágrimas.

Minha adorada avó nos disse ao final do evento: viram como não chorei, aguentei firme! Ué, nós por acaso seguramos um sorriso, uma expressão de alegria? Por exemplo, sempre me intriguei com o uso de óculos escuros em velórios. Por que sentimos vergonha em chorar, mesmo que por vezes seja de alegria? Talvez por que supostamente exporia nossa sensibilidade emocional?

Em minha opinião, nós deveríamos deixar de esconder e chorar livremente em toda e qualquer situação, sobretudo no que concerne ao tema deste artigo, ou seja, quando sentimos amarga tristeza pela morte cruel de nossos amigos animais diariamente em todo o mundo.

Fábio Euksuzian

Autor dos livros A Ancestral Arte da Poesia, Yôga em Dupla e o CD Relaxe e Desperte!

www.fabioeuk.org

Fábio Euksuzian: Fábio é Diretor da Uni-Yôga Vila Olímpia e Presidente da Associação dos Profissionais de Yôga da Vila Olímpi. Autor dos livros A Ancestral Arte da Poesia, Yôga em Dupla e Contos de Shiva, além do CD Relaxe e Desperte! a - www.universoyoga.org.br - (11) 3845-5933 - fabio.euk@metododerose.org

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