A moda pode ajudar ou prejudicar a busca por uma identidade?

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Diante de um mundo cheio de desejos, anseios e impulsos, estabelecemos durante a vida certos padrões inerentes a qualquer pessoa, como os de consumo, de cognição de referências familiares, de amizades, de inimizades, pré-conceitos raciais, sexuais, políticos, assim como assimilamos conceitos universais pré-definidos, como por exemplo, virtudes humanísticas de amor, paz, geralmente relacionadas com as religiões.

Ora, o ser humano é um livro em branco que durante a vida toda se auto-escreve, em alguns momentos, capítulos maravilhosos; em outros, histórias macabras e tenebrosas. Infelizmente, alguns “livros” não possuem finais felizes.

E o que é o mundo se não a exteriorização das idéias humanas? Todas as coisas que existem são criações do intelecto humano, ora racional, ora emotivo. Se partirmos desse pressuposto, de que tudo que existe vem da criação humana, então o ser humano também é uma criatura de querer para si essas ‘idéias’. Ele é um ‘posseiro’ do imaginário coletivo. E isso se repete sempre, geração após geração, como uma ação de “copycat”.

Não! Copycat não é aquele thriller de 1995 com a Sigourrney Weaver. Nem muito menos tem a ver com Vanessa Geraldine Carlysle, a “Copycat” do grupo X-Force da HQ Marvel. Tem a ver com todos nós quando o assunto é moda, consumo, comportamento e projeção social. Procuramos imitar o outro reproduzindo o comportamento alheio.

Somos nada mais nada menos que seres visualmente atrativos e possuímos um censo de estética aguçado. Segundo os estudos de Fibonacci, ele encontrou um número matemático que é o produto da somas das medidas do rosto humano, por exemplo. Segundo ele, se as somas chegarem aproximadamente ao valor 1,63 a pessoa é esteticamente perfeita aos olhos humanos.

Equação Áurica de Fibonacci – folhagem de Bromélia

Tal censo de beleza é de propriedade geral da humanidade. Lembrando que não precisamos ser como Angelina Jolie ou Brad Pitt para sermos considerados belos. Mas sim, que tenhamos nossas medidas aproximadamente a 1,63. Eles os são, aos seus modos, geneticamente personalidades belas. A proposta não é discutir o que é e o que não é belo. Durantes muitos anos, o belo tinha outra conotação. Exemplo disto são “As mulheres de Botticelli”, onde as matronas rechonchudas do Renascimento eram o belo.

Vivemos em ‘copycat’ como se estivéssemos num estado latente de repeat constante dos nossos aparelhos de música. Todos os dias, vestimos de algum pedaço de pano, ora de um material, ora de outro, que passou por todos os estágios de criação até a utilização por alguém conhecido. Investimos nosso comportamento pessoal de acordo com o que gostaríamos de ser, seja na forma que andamos, lemos, cheiramos; nosso corpo se comunica de alguma forma. E ouve também. Ouve no sentido de responder aos vários assaltos [rounds] diários de informações.

Desse raciocínio, o de responder ao meio o que ele nos questiona e instiga é quando estamos, inconscientemente, atentos às publicidades e ao que elas têm a nos oferecer [algumas vezes uma oferta manipulada].

Angelina jolie e Brad Pitt: exemplos de beleza ocidental

As autopromoções que fazemos em vida e a busca de outras formas promocionais, que supram nossas carências, é o grande motor desta indústria mercadológica do status. Talvez esse ‘ser’ invisível que chamamos de status seja o propulsor dos desejos de consumo.

Provavelmente, ele seja a ferramenta principal de trabalho dos especialistas em vender sonhos e desejos. Maledicências à parte, somos seres miméticos instintivamente, como os camaleões; pintamos nossos corpos, adornamos nossa superfície com objetos, cores, formas que nos façam camuflar a nossa visibilidade ou nos distinguir dentre muitos iguais. Somos “copiadores” de nós mesmo, continuando a reproduzir os comportamentos de outrem. Tudo pelo status.

As celebridades, por exemplo, são vários Everests do momento atual. A grande parcela da população deseja ser tal atriz, ou ser tal jogador de futebol. A palavra de ordem é alpinismo social. E não importa qual marca compremos, quais roupas usamos, qual tênis é ‘show’, e qual bolsa combina mais com aqueles óculos Prada, por exemplo. Na verdade, tudo isso não tem lá sua importância. Não é o objeto em si, e sim o que ele representa.

A moda pode ajudar ou prejudicar a busca por uma identidade?

Importante é você estar igual a tal personalidade que usa tal marca. Que usou tal tênis em um determinado evento, e que carregou seu smartphone em tal bolsa. Claro, toda regra há sua exceção.

As vitrines também são bastante ‘ariscas’, pois vendem a imagem que a marca quer que você seja. Numa análise mais profunda, a vitrine dialoga conosco de forma sutil; sussurram em nossos ouvidos palavras extremamente doces, enquanto hipnotiza nossos olhos com espetáculos visuais.

Muito se tem discutido sobre a autenticidade da moda e de que dela não há mais o novo. De fato, a última novidade da moda foi a minisaia na década de 1960. A palavra de ordem hoje, segundo Dudu Bertholine, estilista e dono da Neon, é o tal do mix da moda. “Não é mais o que usar e sim como usar”, explica. Será que a moda se auto-sabota quando tende a criticar o efêmero inerente a si própria em nome da busca pelo “novo”? Talvez, seja uma premissa tão redundante quanto um novo círculo vicioso.

Mas cá entre nós, aquele casaco Burberry com aqueles óculos escuros fariam uma combinação perfeita!

“A moda é tudo, menos roupa” – Erica Palomino

Por Diego Carvalho

Colaboradores: Colaboradores do Fashion Bubbles
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