A Identidade Masculina e o Retorno da Saia

A comunicação através da moda vai além da criatividade, produção e comércio. O palco da moda tem sido cada vez mais usado como expressão social,…

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A comunicação através da moda vai além da criatividade, produção e comércio. O palco da moda tem sido cada vez mais usado como expressão social, política, econômica, cultural e ambiental. Bem como as manifestações culturais que são das mais diversas, podendo chegar ao confronto e violência, como presenciamos nas conquistas de territórios ou lutas por direitos humanos.

Entretanto, manifestações que parecem mais leves e sutis podem afetar as pessoas na sua subjetividade das mais diversas maneiras e também são carregadas de símbolos. A semiótica estuda os modos como o homem dá significado ao que o rodeia e a definição da Wikipédia pode nos esclarecer ainda mais: “A Semiótica (do grego semeiotiké ou “a arte dos sinais”) é a ciência geral dos signos e da semiose que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação. Ocupa-se do estudo do processo de representação, na natureza e na cultura do conceito ou da idéia.

A matéria da BBC Brasil publicada na Folha Online de agosto de 2008 – Os homem querem direito de usar saias na França – me fez pensar na história da saia e o que este elemento do vestuário representa como signo, símbolo e significado na cultura.

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É muito difícil precisar na história a partir de quando este elemento do vestuário pode ser considerado saia, bem como, quando a saia passou a ser reconhecida como um signo do feminino. Certamente a mais de 3.000 anos os sumérios já utilizavam um tecido para cobrir as partes baixas e posteriormente, no Egito e no Império Romano, a saia era uma peça do vestuário muito usada sem a idéia de delimitar território masculino ou feminino.

Durante muito tempo homens e mulheres se enrolavam em túnicas e ainda hoje podemos testemunhar no oriente a utilização desta vestimenta, incluindo saias usadas por homens. No ocidente, a Escócia ainda tem como tradição a utilização dos Kilts, mas muitas vezes são considerados como folclore.

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Repensar a saia no universo masculino tem sido uma constante, principalmente porque hoje ela ainda é um dos principais veículos de delimitação de gênero – macho e fêmea.

Uma exposição em 2002 intitulada Men In Skirts (Homens de Saia) – Museu Victoria and Albert, Londres, foi resultado da reação que as pessoas têm diante de um homem usando saia em lugares públicos. Não estou falando de um grupo musical, estilistas, mundo teatral. A especulação é diante do homem comum, do estudante ao executivo e as reações são as mais diversas por tocar na subjetividade de cada um. Para alguns pode provocar risos diante do inusitado, para outros, espanto por não reconhecer aquele objeto usado por um homem, uma vez que a saia é um elemento considerado feminino em nossa cultura. E não podemos esquecer-nos da agressividade manifestada pelo preconceito e críticas moralistas em detrimento a atitude reconhecida como exibicionista.

Para nós que vemos o mundo a partir da moda, questionamos o que pode significar esta reivindicação apresentada na matéria da BBC Brasil. O homem também tem direito de usar saia? Para quem ele deve pedir esta permissão? Por que neste momento histórico o retorno à saia pode ser importante? Por que saia? Quem são os homens que querem usar saia? Qual a motivação? É um fenômeno pessoal? Coletivo? Manifestação cultural? Exibicionismo? Frescor?

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1)Associação luta pelos direitos dos homens de usar saias como peça roupa masculina

2)Integrantes da associação afirmam comprar suas saias na seção de roupas femininas

A extensão da moda na cultura nos faz pensar se a discussão do tema estaria na esfera do direito, da estética, da arte ou da política.

Enfim, esta é uma discussão interessante e que afeta o individual e o coletivo. No popular, “se a moda pega” é porque alguém ou um grupo aderiu primeiro. Outra questão que nos vem à mente é quando a moda contribui para a demarcação de território, de quem pertence ou não àquele grupo.

Eu particularmente preferiria que o espartilho estivesse em discussão, pois modela o corpo e ainda prende as carnes!

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Por Carlos A Silva

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