O grande show da cerimônia de abertura das Olipíadas 2008 na China
Na abertura das Olimpíadas da Grécia, há quatro anos, todas as apresentações artísticas nos pareciam universais, ao contrário da maravilhosa cultura chinesa, que está sendo…
Na abertura das Olimpíadas da Grécia, há quatro anos, todas as apresentações artísticas nos pareciam universais, ao contrário da maravilhosa cultura chinesa, que está sendo mostrada, de forma exclusiva, magistralmente, agora, nesse momento em que se iniciarão as presentes Olimpíadas.
Tudo que foi visto há quatro anos na Grécia parecia familiar a quem tem o conhecimento, mesmo pouco, da nossa cultura ocidental, que foi profundamente influenciada pelos gregos, na filosofia, artes plásticas, artes cênicas, mitologia e, desse modo, tem um cunho universal para o homem do Ocidente. A Medicina, a Geografia, a Matemática, o senso estético e de beleza, inclusive o que se considera o ideal da beleza física humana – aí estão a Vênus de Milo, a Vitória de Samotrácia e tantas estátuas gregas masculinas que subsistem em nosso inconsciente coletivo como o símbolo do belo, da perfeição das formas físicas humanas.
Mas agora, não: a cultura, os mitos, o ideal de beleza são os do outro lado do mundo – que, como bem diz o nome “Cidade Proibida”, estiveram como que ocultos, velados, proibidos aos nossos olhos ocidentais. É uma outra faceta do humano que se desenrola ante nossos olhos maravilhados, como se desenrolou nas telas da televisão de todo o mundo o pergaminho há poucos minutos apresentado pelos chineses, representando a invenção do papel e da impressão de caracteres.
Agora, homens se transformam em luzes ambulantes; há pouco, fadinhas da cultura chinesa sobrevoaram a cena, no estádio em que é apresentada ao mundo a tradição chinesa. Nada há que conheçamos aqui no Ocidente, nada toca as nossas lembranças ou inconsciente coletivo e isso é maravilhoso: é a outra face do humano, o seu rosto oriental, que se abre, como um pergaminho, onde, no cenário que a abertura das Olimpíadas nos apresenta, bailarinos evocam a invenção da aquarela, pintando, enquanto dançam, um quadro típico chinês; crianças, depois, também pintam em aquarela e esse imenso pergaminho desenrolado no palco da abertura dos jogos, talvez seja o único elemento comum à nossa cultura originada na Grécia, só que representa o papel.
Mas o elemento mais diferente é a quantidade de figurantes no cenário, sempre em massas compactas em perfeita sincronia, que nos transmite o impacto do coletivo, enquanto na cultura grega há o fulgor do gênio individual, o talento do artista criador. Nos caracteres móveis a palavra Harmonia foi várias vezes representada. No presente espetáculo, no quadro que representou as 56 etnias chinesas, uma única menina muito pequena cantou um hino, enquanto as demais crianças desfilavam os trajes típicos, o narrador brasileiro destacou, com tristeza, que não foi divulgado o nome da pequena artista: é o poder do coletivo, é a arte da massa perfeitamente sincronizada e em harmonia.
Agora, expressões de rostos infantis de todas as partes do mundo são apresentadas, ante o som da música cantada pela artista inglesa Sarah Brightman e um cantor chinês. Fogos de artifício – a pólvora foi invenção chinesa – perpassam toda a apresentação em verdadeiras e fascinantes obras de arte luminosas. Bailados típicos de diversas tradições chinesas, a ópera de Pequim, a muralha da China, enfim, são três mil anos de tradição chinesa e, chega a hora do desfile das delegações, iniciada pela delegação da Grécia, e, em seguida, as demais, na ordem alfabética dos caracteres chineses, em que o Brasil está em 39º lugar e em último, para fechar, a delegação dos anfitriões. Boa sorte, Brasil!
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Por Ignez Pitta
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