Primavera Verão 2011 – Tendências e considerações sobre Première Brasil por Laís Pearson
Antecipando-se às informações de moda prestadas pela Première Vision parisiense (e outras versões da feira têxtil que ocorrem em Xangai, Nova York, Moscou, Beijing e…
Antecipando-se às informações de moda prestadas pela Première Vision parisiense (e outras versões da feira têxtil que ocorrem em Xangai, Nova York, Moscou, Beijing e Tóquio), Première Brasil apresentou as tendências dos tecidos planos e de malharia para a primavera-verão 2011, através de um Forum, da Cartela de Cores e de uma palestra ilustrativa.
O Forum, criado pela cenógrafa francesa exclusiva de Première Vision – Valérie Olivier, ilustrava os pontos altos da temporada com materiais selecionados entre os produtos dos expositores.
A Cartela de Cores foi apresentada em um grande painel com 19 cores, pesquisadas pelos experts internacionais da equipe que analisa e sumariza os elementos que determinarão os rumos da moda em cada temporada.
Pascaline Wilhelm, diretora de moda da feira francesa, proferiu a palestra, ilustrada por fotos e um filme de grande beleza plástica.
Ambiências: três ambiências prevalecem nesta temporada
- Opulência Afrontada preconisa a atualização do luxo e da “couture” com um espírito jovial, casando à cultura de rua com a tradição de ícones da moda.
Transparências sofisticadas, aspectos seda opulentos como brocados e jacquards associam-se a algodões xadrezes, a sintéticos tecno, a moletons e a jerseys inspirados por tonalidades neutras urbanas ou por vivos – florais ou ácidos – para vestir a moda metropolitana ou ” habillée”.
Os tons claros afrontam os saturados, os tecidos leves fazem frente às construções têxteis pesadas: tweeds, guipures, denim, em matizes de giz são complementados por voiles e ajurados em cores fortes. Os materiais compactos se amoldam “près-du-corps” enquanto os leves surgem em volumes generosos.
Os estilos casuais adotam gamas florais contidas por branco, seja em estampados ou em listras que decoram voiles e maquinetados em fios tintos, seja nos “jeans colour” ou tafetás.
- Formal Regenerado reformula a elegância emprestando fluidez, leveza e extensibilidade aos materiais para maior conforto. A mixagem de pesos e de referências propõe a leveza versus o compacto, a amplidão versus o stretch. Elementos inspirados na água como o brilho molhado, motivos desbotados, fluidez líquida, pedem degradés de azuis e verdes, efeitos changeant, estampas inspiradas pela flora e fauna subaquática, com um toque indefinível de mistério.
Listras bicolores de inspiração náutica são largas para as camisas e estritas para as jaquetas. Silhuetas femininas delicadas brincam com os contrastes entre o vaporoso e o arquiteturado, os reflexos iridiscentes são subjugados por transparências foscas, enquanto os materiais laqueados ora se expõem, ora se escondem sob as transparências. O tema náutico, sempre recorrente, é glamourizado graças ao subterfúgio de lavagens especiais, ou de pequenos toques de cor, e ou de brilho.
- Nonchalence Borbulhante enfeita a realidade com alegria e charme, inspirando-se nos anos 50, com um jeitinho frívolo e impertinente. Tonalidades veranis tingem exfords e chambrays que adotam pesos mais leves que o habitual “bottomweight”. Micro motivos ousam coloridos mais vivos e a estamparia se disfarça com desenhos masculinos urbanos. O “menswear” – mais descontraídos – não descarta motivos florais para T shirts e camisas; estampados tornam os ternos e costumes masculinos menos formais, enquanto o denim citadino escolhe os cinzas, e o algodão se inspira no mohair.
Seersuckers (bisados na cena da moda) e jacquards criam novas associações cromáticas gritantes em parceria com bordado inglês. Sedas “delavées” e cetins “mat” contrastam com piquês de algodão com padrões graudos e bem marcados.
No sportswear, uma gama de cores escurecidas adéquam-se aos estilos motoboy e heavy metal, propondo tecidos com rupturas nítidas nos ligamentos, que se emparelham com algodões semi-transparentes.
Lembranças dos anos 50 revigoram o beachwear em materiais high tech plastificados, e stretch, atualizados por uma cartela de tonalidades delicadas. Estampas figurativas ou retrô recebem novas interpretações e são aplicadas sobre superfícies altamente tecnológicas.
Considerações sobre a primeira Première Brasil
Aconteceu no Transamerica Expo Center, em São Paulo, nos dias 20 e 21 de janeiro 2010, a primeira edição sul-americana da Première Vision, evento mundial de tendências para o setor têxtil realizado na França, alinhando o país ao calendário internacional de moda. Première Brasil teve o apoio da ABIT – Associação Brasileira da Indústria
Têxtil e de Confecção, e da Texbrasil, programa que visa promover a internacionalização da moda brasileira, em parceria com a APEX (Agencia Brasileira de promoção de Exportações e Investimentos).
Jornalistas e compradores de países da Europa, Estados Unidos e America Latina foram trazidos pela Texbrasil para conhecer a versão brasileira do evento, capitalizando na realização da São Paulo Fashion Week, F I T e Couro Moda, entre outros eventos, que aconteceram ao mesmo tempo, para conhecer a decantada moda “made in Brazil”.
Seria apenas o fato de nosso país ter importância estratégica como fabricante e centro de negócios da America Latina que motivou a organização francesa a nos prestigiar com a feira?
Ou não estaria a Première Vision procurando um mercado mais promissor para seus expositores europeus, já que o numero de expositores estrangeiros superou bastante os nacionais?
Ou, ainda, não seria este um primeiro passo para competir com a Colombiatex que ja se destaca entre os eventos têxteis do mundo?
O futuro da Première Brasil nos dará estas respostas.
Por Laís Pearson
Veja mais fotos dos tecidos apresentados na Première Brasil Verão 2011
Trechos do release Spring Summer Verão 2011
” … A estação se abre a novos horizontes. Ela nos leva na direção de um outro presente, por escolha, a receber alegremente a leveza do fútil, o capital do sonho, o frescor da energia da fantasia…”
” … Imagina uma nova natureza, estranha e maravilhosa, benéfica e futurista, ecológica e poética. Ela mistura artificial e natural, brinca com abundâncias florais e se deixa levar por aquáticos estranhos…”
” Ela capta a energia da cor-matéria para sair da sombra e abris-se à uma estação forte em cores. Ela convida a colorir as silhuetas, minuciosamente, amplamente, habilmente. Ela cultiva os contrastes entre o peso das matérias e a intensidade das cores, materializa os claros, desmaterializa os vivos…”
“Ela trata a seriedade com frivolidade e promete um formal regenerado e florido, leve e estruturado sempre com muita flexibilidade. Ela aviva o gosto da elegância descontraída com tecidos fluidos e densos, vivos e deliciosamente materiais. Ela se diverte com listras náuticas, os falsos lisos,contrastados em cores, para uma nitidez inovadora e chique. Ela pertuba as escalas dos desenhos e se afasta do total look paraum city wear soft onde o esculpido caminha lado a ladocom o flutuante.”
” … se apropria do frescor dos tons pastel e precipita-se num jeanswear colorido ou maliciosamente sombrio. Ela se diverte com desenhos falsamente ingênuos, brinca com tecidos de estrutura bem elaboradas, com guipures, rendas e bosdados descolados.”
” Banir a uniformidade com uma gama radical que se presta aos jogos de hibridização com multicores que gritam, rebotes brilhantes, monocromos poderosos, e degradês lânguidos.
Uma estação, como um motor potente , consistente e leve, para banir a monotonia e se expor em plena luz”
Fonte das Imagens: Première Brasil
Por Laís Pearson