Acabei de sair da faculdade e agora?Há quem tenha visão clara do que quer. Outros nem tanto. São muitas as opções e dentre elas há quem pense em ser dono do próprio negócio. Quando se pensa nisso geralmente se vislumbra um mar de vantagens como: não ter um horário rígido, não ter cobranças, estabelecer o próprio ganho, não ter que ouvir desaforos, estar numa posição de poder, etc. Tudo isso é verdadeiro?
Você começaria um negócio se pensasse: Vou trabalhar muito mais do que as quarenta e poucas horas semanais? Acredite, optando por esta escolha, você vai! Dormirá planejando e acordará cansado.
Cobranças? Haverá e muitas! Primeiramente as suas, internas – e junto com elas a dos seus clientes, fornecedores e se houver colaboradores eles também cobrarão. Não estou falando somente de valores não! Cada um envolvido no processo tem sua própria expectativa, seus sonhos, desejos e VOCÊ terá que entender e satisfazer de alguma forma. E como cobrança pouca é bobagem, há também algumas pessoas que na ânsia de ajudar acabam na fila de cobradores, são eles os amigos e parentes “E aí, como está indo? Já comprou/trocou de carro? Continua naquele salão pequenino?”. E tudo vem com uma certa dose de ironia velada: “Vou tirar uma semana de férias, você nos acompanha? Para você é mais fácil, é empresário…”. Sobre seus ganhos você perceberá rapidamente e antes deles, que terá que aumentar a produção ou os estoques. E que o investimento no negócio será diário num processo sem fim. Em muitos momentos receberá menos que alguns de seus funcionários, e que ELES sim, receberão no dia combinado.
Desaforos? Pouco caso? Desdém? Comece ciente de que o gerente de banco que te chama pelo nome e te oferece café só vai existir quando você não precisar mais dele. E que os fornecedores só te atenderão, neste início, enquanto estiver comprando a dinheiro. Oras, quem começaria um negócio pensando nisso tudo?
A primeira e mais importante lição é justamente isso. As pessoas compram HISTÓRIAS. Numa equação matemática ficaria assim: Bom vendedor = Bom contador de histórias. E VOCÊ é o vendedor, que desde o início teve que comprar a idéia de você mesmo. O dono será sempre o melhor vendedor e a melhor inspiração para seus colaboradores. Você não será arquiteto, dentista, advogado ou estilista, será primeiramente vendedor!
E é muito difícil criar no consumidor o desejo de ele possuir algo sem que ele VEJA em sua imaginação o resultado de sua compra. Você como dentista terá que fazer o cliente se enxergar com o sorriso novo e ouvir os elogios. Como advogado terá que fazê-lo sentir o alívio da causa ganha. Como estilista transportará a cliente para o centro da festa atraindo os olhares com o vestido. Como arquiteto terá que vender a segurança do imóvel próprio.
Ao começar o negócio não se deve entrar com excesso de ilusões. Disse excesso porque são as ilusões que nos permitem criar o que ainda não existe, faz parte de nossa motivação. E é sua coragem, determinação e suas ilusões que serão, neste momento, seu grande diferencial. Quem mais teria um negócio como o seu? Você é único. Só você fará deste modo.
Pense em tratar bem o cliente, seja com tapete vermelho, cafezinho, jornais e revistas, brindes, facilidades de pagamento, estacionamento, criatividade, pós- vendas e tudo mais o que lhe vier a cabeça. Apenas lembre-se que antes de ser dentista, advogado, arquiteto ou estilista terá que ser antes um vendedor. Há quem goste muito de cozinhar e por isso inaugura um restaurante. Ter um restaurante (ou qualquer outra coisa) não tem nada a ver com cozinhar. Qualquer negócio tem mais a ver com administrar e vender. Quero continuar este assunto numa próxima matéria.
Falaremos sobre vendas com qualidade e lucro.
Por Vinícius Moura
Empresário do ramo de auto-peças.