Universidade de Genebra estuda a relação entre desodorantes e o câncer de mama
Quando a relação entre câncer de mama e os componentes dos desodorantes, como o alumínio e o parabeno, já estava praticamente descartada, a Universidade de Genebra divulga um estudo que levanta novas preocupações sobre os efeitos desses produtos.
A pesquisa de biologia celular foi divulgada em janeiro deste ano na revista científica Journal of Applied Toxicology e os resultados contestam os efeitos adversos de sais de alumínio (cloridrato de alumínio e cloreto de alumínio), presentes em desodorizantes convencionais, em células mamárias humanas in vitro.
O estudo não apresenta uma prova formal da responsabilidade dos sais de alumínio no desenvolvimento de câncer de mama, mas desafia a segurança destes sais em células mamárias.
O aumento do número de câncer de mama nos países industrializados nas últimas décadas é acompanhado por mudanças na distribuição anatômica do câncer, que agora está crescendo principalmente na parte externa da glândula mamária, perto da axila. Esta localização reabre a discussão sobre a responsabilidade dos desodorizantes que contêm os sais de alumínio que foram encontrados na formação de cancro da mama. Entretanto, até a publicação do estudo, nenhum ou poucos dados experimentais ou epidemiológicos foram capazes de reforçar ou rebater essa hipótese.
Uma equipe da Universidade de Genebra, coordenada por Stefano Mandriota, pesquisador de biologia da Faculdade de Medicina, e André-Pascal Sappino, professor honorário e especialista em câncer de mama, tem realizado uma série de experimentos in vitro que mostram os efeitos adversos de sais de alumínio em células mamárias humanas.
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Confirmação dos efeitos nocivos
Modelos de células epiteliais mamárias humanas normais foram cultivadas em um ambiente contendo doses de sais de alumínio entre 1.500 a 100.000 vezes mais baixas do que as doses presentes em desodorantes convencionais. Após várias semanas, os investigadores descobriram que os sais de alumínio podem ter efeitos adversos sobre células da mama e causar um comportamento anormal, que corresponde aos estágios iniciais da transformação maligna de células.
Por um fenômeno que os cientistas chamam de “inibição por contato”, as células normais param de proliferar quando eles entram em contato umas com as outras. A equipe de Mandriota descobriu que as células da mama que foram expostas a sais de alumínio perdem a inibição de contato e continuar a crescer, se comportando como células com transformação maligna.
Os pesquisadores também analisaram o comportamento de células de mama expostas a sais de alumínio em géis de agarose. Isoladas, as células normais expostas a sais de alumínio formaram colônias – comportamento típico de células tumorais e células que vão sofrer transformação maligna.
“Embora este estudo não permite afirmar que os sais de alumínio presentes em desodorantes convencionais possam causar o desenvolvimento de câncer de mama, é uma prova científica da nocividade destes sais em células mamárias”, diz Stefano Mandriota.
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Fonte: Université de Genève
Fotos: Bru Pacífico, Echo Latino e Minha Vida
Josana Mendes, nossa correspondente, enviou fotos das farmácias em Genebra dando destaque a produtos sem alumínio e parabeno. No Brasil uma boa alternativa é o AXE Final Edition 2012
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Por Samantha Mahawasala
Pauta enviada por Josana Mendes