O que realmente pesa no seu prato?
Henry Ford, americano considerado pai da administração, foi o primeiro empreendedor a usar o sistema de produção em série, com certeza não imaginou que seu…
Henry Ford, americano considerado pai da administração, foi o primeiro empreendedor a usar o sistema de produção em série, com certeza não imaginou que seu modelo de produzir em massa iria tão longe. Tudo começa com a cultura própria dos americanos que são objetivos, diretos e focados em resultados. Não tem a facilidade das lamentações brasileiras como: “Hoje não vai dar tenho que levar o filho no médico”, ou “Vamos emendar o feriado…”. Nada disso, não tem desculpa. O sistema é de metas e metas que serão duramente perseguidas. E alguém vai pagar caro se não for atingida, sem perdão.
Outra invenção americana (pode haver controvérsias se é mesmo americana, mais isso não vem ao caso) são os shopping centers. Fantástica inovação da forma de comprar, interagir e comercializar produtos. É fantástico porque mesmo que não vá comprar coisa alguma, é difícil não fazer parte do programa uma passadinha pela praça de alimentação.
São sorvetes, doces, massas, carnes, cozinha árabe, italiana, asiática, americana, brasileira de diversas regiões, tem para todos os gostos. Quase todos. A produção em massa, como pode-se deduzir é marcada pelos processos e uniformização, ou seja é justa! Sempre igual, padronizada. E isso significa que o hambúrguer tem exatos 85 gramas, o espaguete 150 gramas com 50 mililitros de molho e daí por diante, tudo exato! Estou me referindo ao sistema fast-food, não por acaso mais uma invenção americana.
Imagem via Gastronomia Descomplicada
Através dos estudos estatísticos (americanos, claro!) convencionou-se que cada pessoa consome 300 gramas. Mas, o apetite é diferente para cada um. E para cada “diferente” que consome acima disso é apenas uma “exceção” à regra. Para atender às exceções os americanos desenvolveram o marketing. Neste caso o marketing são artifícios usados para tentar convencer os apetites mais vorazes que fogem a regra, são eles: pratos grandes com fundos rasos para parecer uma quantidade razoável aos olhos esganados, ou prato pequeno que transborda com a pequena ração.
Vou ao que interessa, que não é a política, os americanos, ou a inovação do fast-food. O assunto é o Reinaldo meu companheiro de almoço de todos os dias. Mas, precisei de todo este prólogo para, enfim, chegar lá:
– Maldito olho grande! Olho maior que a barriga – eu o ouço resmungando, sem conseguir controlar o apetite e ao notar as pequenas porções nos pratos alheios.
Daí começa a análise contábil da refeição:
– O custo da refeição para o restaurante deve levar em conta a quantidade e variedade dos temperos. – Diz Reinaldo.
– Porque diz isso?
– Oras, já reparou que os brócolis, purê, camarão e risotos só são um nome que me serve de referência a um sabor que em nada lembra a comida que um dia minha avó tenha preparado.
– E o que isso quer dizer?
– Tá na cara que para deixar o custo equiparado o tempero parece ser somente o sache de sal separado do prato.
– Só você mesmo! Respondi sem saber se deveria apoiar a afirmação.
– Vai me dizer que você não repara no tamanho do filé ou nos frutos do mar, não repara que o cartaz salienta que são apenas fotos ilustrativas?
Por força da amizade concordo com ele dizendo:
– Americanos sábios estes. Para se livrar dos processos eles se calçaram, se você procurar em cada foto bem trabalhada com fotoshop estará grafado: “imagem meramente ilustrativa”.
Notei que uma angústia se formara e para amenizar a questão sugeri de forma definitiva:
– Mas, Reinaldo para esta questão há uma forma mais justa de se alimentar. Comida por quilo. Pronto! Está resolvida a questão.
Mas, para o esfomeado cidadão 500 gramas custam mais do que o prato pronto do restaurante que prepara os pratos na linha de montagem.
Ele de pronto tem uma resposta:
– Como colocar feijão e arroz num quilo que custa uma fortuna? Não consigo comer só o acompanhamento… E o arroz tanto quanto o feijão é uma bagatela, mas no quilo sai há 30!
Concordo com ele, pelo menos em partes.
Que situação! O sujeito que acaba de ser alavancado da classe D para a C, por um presidente genuinamente brasileiro, está de prato na mão, congestiona a fila e transforma o almoço numa dúvida cruel: Arroz ou feijão? O que escolho como comida base?
Foto: UOL
– Pegue logo um pouco de cada! – eu disse.
– Você está brincando! Com cem gramas deste arroz eu compro mais de um quilo… Vai ser um ou outro.
– Pára de ser bobo, peque logo os dois.
A resposta é rápida:
– Colocando os dois no prato volto para a classe D e ri cinicamente. Malditos americanos.
– Quer saber? Não é entre arroz e feijão sua dúvida. – falei com impaciência.
– E qual é? – perguntou surpreso com minha indignação.
Engoli em seco, em dúvida de que a resposta poderia custar a amizade.
-Qual é? – Repetiu a pergunta com a concha na mão.
– O peso não é do arroz ou do feijão. O que te pesa é fazer a escolha que está entre a mesquinhez e a generosidade.
Ele calou sem resposta e se serviu pegando os dois. Mas, não sei se digeriu.
Foto de abertura: Exkola
Por Vinícius Moura
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