O polêmico vestido de noiva de Lalá Rudge, vestidos famosos e a história do vestido de noiva

Especial Vestidos de Noiva


Lalá usou um modelo do estilista Sandro Barros, que também fez o vestido de noiva de sua irmã, Maria Rudge

Os comentários na últimas semanas têm sido todos sobre o casamento dela: Lalá Rudge. A paulista de 22 anos é dona de um dos blogs de moda mais acessados do Brasil, o lalarudge.com.br, e todas seus milhares de fãs (a moça possui 24 mil seguidores no Instagram) aguardavam principalmente por um detalhe, o vestido de noiva, é claro.

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No auge da beleza e boa forma, Maria Imaculada (seu nome de batismo) acabou optando por um modelo clássico, assinado por Sandro Barros, ex-Daslu Couture e que atualmente possui sua própria grife, de zibeline e com mangas compridas. O traje virou trending topic, causando o estranhamento de muitos: mas por que afinal ela elegeu um modelo tão puritano?

As inspirações de Lalá

De família tradicional de São Paulo, Maria Imaculada da Penha Trussardi Rudge é a própria representação da princesa brasileira. Ela pode não ter descendência real, mas com certeza tem qualidades como riqueza, beleza e carisma, que a colocam no posto que vai muito além de it girl.

Para compor seu vestido de noiva, Lalá teve como influência quatro outros modelos em especial: o vestido de sua avó maternal, Maricy Trussari (1954), a versão de Grace Kelly (1956), o traje de sua irmã Maria Rudge (2008) e o da duquesa Kate Middleton (2011).

Inspirações do vestido da Lalá: Maricy Trussari (avó), Grace Kelly, Maria Rudge (irmã) e Kate Middleton
Maricy Trussari (avó), Maria Rudge (irmã) e Lalá Rudge

 

Os bordados nas cores azul, verde e rosa foram resgatados do vestido da avó, principal inspiração para a noiva, que também carregou a coroa de Maricy, assim como fez sua irmã Maria. Lalá optou pelo tradicionalismo, mas, de sua maneira, foi ousada. Afinal, escolheu um modelo de manga comprida em plena primavera, composto de um tecido pouco usado nos vestidos de noiva atuais, que é o zibeline, e ainda trouxe da peça da avó o bordado colorido.

Opiniões à parte, Maria Imaculada conseguiu o que queria: se sentir bela no seu grande dia e entrar para o hall dos vestidos de noiva mais comentados pela mídia brasileira.

Lalá trouxe também do vestido da avó os delicados bordados nas cores azul, verde e rosa
Lalá usou a coroa de sua avó, Maricy, ircorporando tradição e resgate à herança familiar

 

Os vestidos de noiva mais famosos da história

O sonho do vestido de noiva está muito atrelado à ideia de ser uma princesa”, ressaltou a professora Andréia Miron. Esse pensamento faz tanto sentido que as noivas mais famosas da história ou foram princesas, ou casaram-se usando modelos dignos da realeza. Para as que ocuparam o posto na monarquia, os modelos com mangas compridas são sinônimo de respeito à Igreja e à cerimônia, e mesmo para aquelas que não têm sangue azul, viraram inspiração de tradicionalismo e bom gosto.

Veja abaixo os três vestidos de noiva mais famosos da história:

Um dos modelos mais icônicos, usado por Grace Kelly em 1956. O vestido era composto de mangas e com gola alta
O casamento mais esperado da década de 80: Diana usou um modelo de baile opulente, com mangas bufantes e babados na gola
O vestido de noiva mais famoso do Século XXI, de Kate Middleton, feito pela estilista Sarah Burton, que uniu o clássico das mangas ao atual da transparência

 

O surgimento do vestido de noiva e a história do traje nupcial

As primeira informações que se tem sobre as cerimônias matrimoniais são bíblicas, em que os jovens que se enlaçariam no matrimônio eram preparados por suas famílias com banhos especiais e com uso de peles e óleos aromáticos.

Existem também registros das celebrações gregas e romanas. Na primeira o casamento era arranjado pelos pais do noivos; já na cultura de Roma as mulheres eram raptadas devido a um costume bárbaro e a partir de então passavam a considerar o sequestrador seu amo e senhor.

Foi também entre os romanos que se criou um traje específico para a cerimônia, confeccionado especialmente para essa ocasião, quando a noiva vestia uma túnica branca e se envolvia com um véu de linho muito fino de cor púrpura.

Os vestidos das noivas gregas e romanas, respectivamente

O surgimento do Vestido de Noiva

Mas é durante a Idade Média que surge enfim o vestido de noiva: com a coroação de Carlos Magno, em 800 d.C., que se instaura o casamento como um sacramento religioso, e o tipo de vestimenta aparece para ressaltar à comunidade as posses da família da moça.

O casamento então, teve como função garantir as fronteira dos novos reinos e reconstruir os territórios nacionais destruídos pela longa invasão bárbara à qual a Europa estivera submetida desde a queda do Império Romano, e também pelo abandono deste território devido às cruzadas.

 O vestido de noiva surgiu neste período com a função específica de apresentar para a comunidade as posses da família da moça. Sua simbologia era a do poder e sua função era social e a cor eleita era o vermelho, que simbolizava a capacidade da noiva de gerar filhos e o véu branco bordado com fios dourados falava da sua castidade. Os noivos, em geral, tinham ambos por volta de quatorze anos e no dia das núpcias a noiva deveria se apresentar com todas as jóias sobre o seu corpo e cabelo.
No início os vestidos de noiva eram vermelhos, sua simbologia era a do poder e sua função era social. Como este vestido dos dias atuais
A cerimônia religiosa de casamento
O casamento cristão teve início na Idade Média, era uma cerimônia pública e acontecia na igreja por ser este o espaço mais público desta cultura. Os vestidos de noiva eram coloridos e costumavam ser vermelhos, azuis ou verdes. 
A noiva burguesa, habitante do burgo e filha do mercador, do banqueiro e do comerciante, era mostrada com ventre saliente, demonstrando a sua capacidade para procriar. Esta união está bem demonstrado no quadro de Jan Van Eyck, em 1434: O casamento do casal Arnolfini. A tradição da cerimônia religiosa de casamento, que vivemos hoje, tem aí sua origem.
A noiva burguesa, habitante do burgo e filha do mercador, do banqueiro e do comerciante, era mostrada com ventre saliente, demonstrando a sua capacidade para procriar. Esta união está bem demonstrado no quadro de Jan Van Eyck, em 1434: O casamento do casal Arnolfini. Essa pintura é um dos primeiros registros da cerimônia atual do casamento

 

Já o vestido de noiva branco marca alguns períodos da história. Há quem acredite que a primeira mulher a se casar de branco tenha sido Maria de Médice, ao esposar o Rei Henrique IV, herdeiro da corôa francesa.

E Josephine, mulher de Napoleão Bonaparte, foi a primeira noiva a se casar inteira de branco,  como símbolo da sua inocência virginal, retornando aos ideais grego-romanos. Acrescentou-se a este traje um véu branco e transparente como símbolo da sua castidade, preso à cabeça por uma guirlanda de flores de cera representando esta sua qualidade como condição natural de toda jovem de família. Neste momento é introduzido o uso do linho, da lã e de tecidos opacos como adequados para o vestido de noiva.

Saiba mais sobre a história do vestido de noiva no especial feito pela pesquisadora Queila Ferraz para o site Fashion Bubbles: História do Vestido de Noiva.

Ambos usaram a cor clara para a coroação, que seria feita pelo papa, e como ainda não era casados, a cerimônia do matrimônio precedeu a entrega das coroas. “A partir daí veio a ideia de noiva usar branco, mas quem difundiu mesmo foi a Vitória, rainha da Inglaterra”, afirmou ao delas.ig.com.br.

 

Maria de Médice esposou o Rei Henrique IV e seria a primeira mulher a usar branco em seu casamento
Josephine Bonaparte – esposa do General Napoleão Bonaparte. A primeira a casar inteira de branco, simbolizando a inocência virginal e evocando padrões de simplicidade grega

A noiva do Romantismo e o surgimento do buquê de flores

A noiva do Romantismo teve seu modelo na Rainha Vitória, que se casou em 1840, com um vestido reinterpretado neste século pela Lady Diana Spencer, ao se unir com o príncipe Charles, atual herdeiro da coroa inglesa.

Em 1854, o papa Pio IX proclamou que as noivas deveriam demonstrar através do traje branco a Imaculada Concepção assim como Maria a Imaculada. Essa fala papal estabeleceu para a noiva do Romantismo um padrão católico que se estende até os nossos dias no imaginário popular, delegando à virgindade um papel primordial para a qualidade da noiva.

A noiva agregou a sua veste um adereço de mão que podia ser um terço ou um pequeno livro de orações porque, além de casta ela devia ser também religiosa. A partir da segunda metade do século XIX, o Iluminismo transferiu para o branco a ideia de luz e de abundância, o branco como claridade e como a soma de todas as cores. O branco continuou a representar a pureza e a castidade, sendo agregada ao traje a flor de laranjeira como símbolo de fertilidade.

A noiva do estilo Liberty era uma flor, pura como um lírio, nobre como uma rosa ou delicada como uma margarida, sendo que a orquídea era tida como a flor que representava a paixão, a força do coração e era usada como prova de amor da noiva pelo jovem marido. O relicário de mão foi substituído por um buquê de flores naturais colhidas no dia da cerimônia.

A noiva modelo deste estilo foi Sissi, a princesa que se casou em 1854, com Francisco José, o imperador da Baviera. Sissi, a Imperatriz, se casou usando um buquê de rosas naturais e representou a noiva de crinolina.

Vitória, rainha da Inglaterra popularizou o vestido de noiva branco
Sissi, a Imperatriz, se casou usando um buquê de rosas naturais e representou a noiva de crinolina

Fotos: lalarudge.com.br, Pandora, emotion.me, designemoda, modaspot, Glam UK, Entertainment & StarsCharles NasehSimplesmente Necessário.

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Por: Marcela Leone

Marcela Leone: Graduada em jornalismo e moda, Marcela é apaixonada por tudo que envolva os universos da moda, beleza, comportamento e cinema. Adora cultura geek, mas só quando o assunto é tecnologia. Já atuou na Revista Estilo, Guia Jeanswear e All Lingeriea, além de coloborar com o Blog do Pro e revista World Fashion.
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