Há algumas semanas só se fala nele: o Lulu, aplicativo para smartphones que permite que as mulheres avaliem, anonimamente, os homens, tudo através dos perfis deles do Facebook. O mecanismo gera uma nota para cada candidato, que é calculada através de quesitos como aparência, educação, humor, ambição, compromisso, beijo e sexo. Além disso, elas podem anexar ainda hashtags que sugerem algumas características dos rapazes, tais como #MaisPopQueoPapa #PrefereOVideogame, #NãoQuerNadacomNada, #AmigasDemaisnoFacebook, #PagaaConta e outras.
Desenvolvido nos Estados Unidos, o app cria em seu base perfis não autorizados dos garotos, e expõe para qualquer usuária suas notas e avaliações. Porém, além deles estarem muito pouco à vontade com tanta exposição, as próprias mulheres têm questionado a ferramenta. A atriz Sam Ressler, por exemplo, escreveu um artigo para o jornal Huffington Post, qualificando o Lulu como “o pior aplicativo para mulheres feito por mulheres”. Mas a discussão vai além, colocando em pauta também que trata-se da reafirmação de uma sociedade atrasada, de mentalidade puramente sexista.
“o pior aplicativo para mulheres feito por mulheres”, avaliou a atriz Sam Ressler
“Olhando apressadamente, até pode parecer que o Lulu representa uma tomada de poder das mulheres, um ambiente para elas se expressarem, mas, observando com mais cuidado, dá para notar que o app apenas reproduz a mentalidade sexista, em que o outro é tratado como um objeto. O aplicativo reforça a lógica que as feministas e os movimentos sociais vêm combatendo há décadas”, afirmou a professora do departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, Adriana Braga, ao site do OGlobo.
Site vende por até 100 reais avaliações positivas no Lulu
Enquanto algumas mulheres ainda decidem usar ou não o app para – quem sabe – tentar se vingar de um ex, há quem já está tentando ganhar dinheiro com a ferramenta. Criado na última quinta-fera (28.11), o LuluFake vende pacotes de avaliações positivas, com valores que vão de 10 a 100 reais, para dar um up na nota final do candidato. Com um dia no ar, o site já havia comercializado mais de mil pacotes de avaliações.
Pode dar processo?
Na quarta-feira, 27.11, foi dada a entrada na justiça brasileira da primeira ação, com pedido de indenização por danos morais, contra o Lulu. Felippo de Almeida Scolari, o requerente, alegou que sua imagem está sendo usada sem autorização, e solicitou indenização de 27 mil reais do Facebook Serviços On Line do Brasil Ltda.
Porém, a decisão da justiça não deferiu o pedido do estudante de direito, reiterando que a remoção do perfil do rapaz do aplicativo pode ser feita pelo mesmo.
E, para as mulheres, que ainda sim quiserem fazer download do aplicativo, ele é gratuito para os sistemas Android e IOS.
Fotos: reprodução / Tech Tudo e Bolsa de Mulher.