Eureka! – A importância do Sol na nossa vida
Pode parecer bobagem, mas já passou pela sua cabeça que o ambiente de trabalho pode influenciar em sua produtividade e criatividade? Pois é, notei isso…
Pode parecer bobagem, mas já passou pela sua cabeça que o ambiente de trabalho pode influenciar em sua produtividade e criatividade? Pois é, notei isso com maior intensidade nas constantes palestras que ministro para empresários dos mais diversos ramos. Foi justamente nestas andanças que um dado em especial chamou a atenção: a influência da iluminação no humor e disposição das pessoas.
Já percebeu a diferença em seu humor e entusiasmo quando o sol está a brilhar sobre a cidade? A arrebatadora luz que emana deste corpo distante nos fez até gerar expressões usadas no jargão popular, tais como: “boa ideia, você me deu uma luz”, “hoje você está iluminado” e outras semelhantes.
É impressionante como somos influenciados pela poderosa energia do sol. Praticamente toda forma de vida extrai das seivas de luz do astro grande parte do seu sustento. Será que estaria apto a escrever esse texto se logo após minha mãe ter dado a luz, não tivesse me exposto ao calor matinal do sol para fortalecer ossos, gerar vitamina D e aquelas coisas todas? É frequente encontrarmos livros e filmes de ficção sobre como seria se o Sol não desse mais as caras por esses lados da Via Láctea – quase sempre terminam em catástrofes.
Lembro-me de uma instrutora que trabalhava comigo e, toda vez que me via a escrever na penumbra, dizia: “escuridão provoca depressão”. A simples exposição do corpo à luz aumenta a produção de serotonina, um hormônio ligado ao bem-estar que é capaz de regular oscilações de humor. Em multinacionais de países nos quais o sol pouco brilha, há grande índice de absências por depressão sazonal. Atualmente um músico, aluno meu, está cursando seu doutorado na Alemanha e escreve frequentemente se lamuriando em relação à escuridão que varre sua cidade.
Creio que nós destas bandas, por estarmos tão habituados a ver o sol nascer todos os dias e a ter a certeza de que ele estará lá a nos brindar e acolher quando acordarmos no dia seguinte, o negligenciamos e não o reverenciamos, como por exemplo, fazem os hindus há milênios. Desde os primórdios do sub-continente indiano, os yôgins executam o tão famoso Súrya Namaskára, a Saudação ao Sol: uma sequência ancestral de posições de Yôga que idolatra o poder da força do Sol sobre a Terra e faz analogia com uma energia em potencial que todo ser humano possui na região coccígea.
Foto: O meio do caminho
Calma, não estamos falando em implosão de empresas para reconstruí-las seguindo preceitos do Feng-Shui, ou qualquer coisa parecida, mas pequenas melhoras no local de trabalho poderão ter efeitos significativos.
Quando escurece, o hipotálamo, região mais central do cérebro, recebe da retina a mensagem de que a luz natural diminuiu. Então a glândula pineal é acionada para que produza melatonina. Esse hormônio percorre a corrente sanguínea informando que é hora de repousar. Será que a falta de luminosidade, natural ou não, faz com que em alguns dias se tenha a impressão que é sempre hora de repouso e por isso parece que estamos sempre com o freio de mão puxado? É o mesmo princípio da criação de galinhas para fins alimentares. Luz acesa o tempo todo!
Agora, note que o caminho inverso também é verdadeiro. Não importando se estejamos com os olhos fechados ou dormindo, ao primeiro sinal de luz, a produção de melatonina é suspensa e entendemos que é hora de movimento, criação.
Por essa necessidade pré-histórica de claridade, ainda paramos, emocionados, para assistir o nascer e o pôr-do-sol. O nascer pode sutilmente simbolizar nascimento, desenvolvimento e evolução, de uma certa forma gerando uma conexão entre passado e futuro, um retorno às nossas próprias origens e a ciência de que algo novo está por vir. No entanto, o banho de luz dourada que o pôr-do-sol lança sobre tudo e todos, nos toca com ar de erudita nostalgia, nos remetendo ao tempo em que vivíamos nas cavernas, quando ao perceber o baixar da luz, o amarelo tornando-se dourado, sabíamos que era hora de ir pra “casa” para nos protegermos de predadores e tribos vizinhas.
Será que é por isso que ainda hoje, no mesmo horário do crepúsculo, as pessoas saem apressadas dos seus respectivos trabalhos, permanecem estupidamente presas no tráfego, tentando voltar pra casa, todas no mesmo horário? Possível. Ancestral instinto arraigado!
Neste momento os difusos raios dourados ultrapassam os vidros da sala onde escrevo, me convidando…
Saudação ao Sol. Foto: O meio do caminho
Prof. Fábio Euksuzian
Autor dos livros A Ancestral Arte da Poesia, Yôga em Dupla e Contos de Shiva.
www.fabioeuk.org
Foto de abertura: Pani Kaczorex
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