Armadilhas do destino – VENDE FRANGO-SE

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O caminho era longo e a certa altura até monótono. Não tinha planos de comprar nada, mas me impressionei com a inusitada placa: “VENDE FRANGO-SE”.  Não podia deixar passar, quem iria acreditar se eu dissesse? Parei para fotografar e compartilhar. Bati palmas e toquei a campainha, o lugar não tinha cara de restaurante era uma casa comum, por isso era mais do que certo que o frango vendido ali fosse um bicho ainda em pé. Vivinho.

E lá veio o sujeito, um loiro feio, magro com barba mal feita. Era ele! Olhei o cara meio manco vindo em minha direção com os cabelos desgrenhados. Ele próprio era o frango! Por isso “vende frango-se”. Estava explicado ele estava a se vender. Mas, quem compraria aquele “frango” tão judiado? Isso é bullying! Tentei  reprimir o pensamento, sem sucesso.

– Pois não? Em que posso ajudá-los? – Sorridente ele nos perguntou.

E não é que o sujeito era educado? Mas eu estava tão absorto na minha fantasia que demorei a encontrar uma resposta. Saquei do bolso um papel com uma anotação e lhe estendi perguntando de volta:

– Desculpe incomodá-lo estou procurando este lugar, será que estou longe?

– Vou buscar um guia para te ajudar, faça o favor entre escolha um lugar e sente-se.

Não é que o sujeito educado também era gentil?

Senti que era meu dever como cidadão alertá-lo para a grafia errada da placa. Mas com toda aquela gentileza eu não sabia como fazer para conseguir um espaço sutil e lhe apontar o erro sem ser grosseiro.

Tirei uma, duas fotos enquanto ele não chegava com o guia. “Se vende frango” uma placa assim diz que: eu vendo frango. “Vende-se frango” esta placa diz em outras palavras: Eu vendo frango para você. “Vende frango-se” diz que ele mesmo é um frango que está à venda. Que coisa chata! Os dizeres daquela placa eram perturbadores. E eu não conseguia tirar da cabeça.

– Aqui está o guia. Quer que o ajude a encontrar? Qual é mesmo o endereço? Não quer se sentar numa mesa em nosso jardim? Posso pegar um cardápio? Temos delícias de frango.

O cara me confundiu. O frango não devia estar de pé?

– A placa do frango, não se refere a um frango vivo? – perguntei para esclarecer.

– Temos também! Frango caipira e de ótima qualidade.

– Gostei muito da sua placa. – respondi secamente, tentando ir direto ao assunto, coisa que ele não deixou…

– Muito obrigado – disse entregando o cardápio e apontando o jardim nos fundos da casa.

Só aí eu reparei no jardim modificado para receber dezenas de mesas, que por sinal quase todas estavam ocupadas. O negócio de frangos era um sucesso!

– Lugarzinho escondido, como você conheceu este lugar? – perguntei a uma animada turma vizinha de mesa, que consumia a quarta porção de tulipas.

– Só paramos para tirar uma foto da placa lá fora. Você reparou? Achamos tão curiosa… – me contou com a voz baixa, fazendo segredo.

– Ah! Não… Sim… A placa? – me fiz de desentendido.

– Repare depois. Agora a grande surpresa é que a comida é ótima.

Eu agradeci. Aceitei a sugestão da turma para a porção de tulipas e desisti de repreender o sujeito pelo equívoco da placa. Naquele caso o sucesso do negócio era um conjunto de acertos e aquele erro era a porta de entrada.

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Por Vinícius Moura

Vinicius Moura: Empreender tem sido minha vida e escrever é o que me eleva. Os assuntos são totalmente aleatórios.

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