A batalha da cor

Cápsulas e cremes pré-solares são os mais recentes aliados na busca do bronzeado perfeito
Por Celina Côrtes e Mônica Tarantino – Revista Istoé


Pele bronzeada, no Brasil, é sinônimo de saúde e beleza. E, para conquistar o cobiçado tom dourado, não se medem esforços. A tendência atual é começar a luta pelo menos uma semana antes de se expor ao sol, lançando mão das loções ativadoras ou aceleradoras do bronzeado. Alguns desses produtos têm na fórmula o aminoácido tirosina, substância que incentiva a produção da melanina (pigmento que dá cor à pele e reage aos raios solares, levando ao perseguido bronzeado). Outra novidade é a descoberta dos poderes bronzeadores da clorela, alga japonesa rica em clorofila já usada no combate ao stress e para regular o intestino. O novo talento da clorela se explica porque a alga concentra grande quantidade de betacaroteno, nutriente que o organismo transforma em um tipo de vitamina A (melhora a resistência da pele). A nutricionista Thais Mendes, uma paulista de 23 anos, conta que usufruiu da ação surpreendente da alga por acaso. Ela buscou os comprimidos para se recuperar de uma crise de stress e constatou que, além de recuperar o ânimo, ficou com a pele mais dourada. “No verão, notei que não precisava tomar tanto sol e que o bronzeado durava mais”, diz. Na opinião da dermatologista Livia Lourega, de Vitória (ES), quem tem pele mais clara deve iniciar o uso de suplementos e loções pelo menos com um mês de antecedência. “A pele responde de maneira mais saudável”, garante.

Nesse ponto, não há consenso. “Os aceleradores, cápsulas de betacaroteno ou clorela, contribuem para o bronzeado, mas não há comprovação de que melhoram a resistência da pele”, afirma o dermatologista Fernando de Almeida, da Universidade Federal de São Paulo.

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Para os mais apressados, a solução pode estar nos cremes autobronzeadores
ou no bronzeamento a jato. Eles colorem apenas a superfície da pele por cinco a
dez dias sem precisar do sol e sem causar danos. Mas deve-se ter o cuidado de fazer a aplicação em local fresco, para evitar que o produto escorra antes de secar
e manche a pele. “Esse tingimento é uma alternativa às sessões em câmaras de bronzeamento artificial, que são suspeitas de provocar câncer de pele”, alerta o dermatologista Mauro Enokihara, do Grupo Brasileiro de Melanoma. Nos Estados Unidos, onde é grande a preocupação com a maior incidência desse tumor
em jovens, cresce o rigor da fiscalização sobre os estabelecimentos que
oferecem o método.

Aproveitar os bons produtos para preservar a pele é importante, mas não basta. “A fotoproteção é um conjunto de atitudes bem mais amplo do que usar filtro solar”, diz o dermatologista Almeida. O pacote de medidas inclui, por exemplo, usar chapéu e camiseta para impedir a ação direta do sol na superfície da pele. Novos estudos também sugerem riscos na exposição excessiva até nos horários que se acreditava serem mais seguros, como as primeiras horas da manhã e o final da tarde. “Há três anos, diversos trabalhos têm evidenciado um maior envolvimento da radiação ultravioleta A no aparecimento de tumores de pele bastante agressivos”, diz Almeida. Essa radiação ocorre o dia todo, sem horários de pico como a ultravioleta B. A saída, segundo o especialista, é proteger-se com boas doses de bom senso. “O prazer de tomar sol não pode virar uma ameaça à saúde”, avisa.

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