A sonoplastia é hoje o design do som, a grafia do som que age como uma sutil rubrica para o público ouvir. E as técnicas hoje são várias sendo não somente prégravadas, mas masterizadas, mixadas, e disparadas com temporizador da reprodução.
Hoje a importância dos ruídos ou das melodias é a mesma e a definição do som do espetáculo é diferente para cada diretor teatral. Muitas vezes este decide historicizar o espetáculo datando o som de acordo com a datação criada pelo texto ou pelo estilo da representação.
Mesmo que não se decida por utilizar um som colhido na história da música como paralelo para o texto e o estilo do espetáculo, não é louvável de um ponto de vista culturalista a incongruência histórica. Por exemplo: que estranho soou o trecho do oratório Messias de Händel ao final de uma Antígona. Foi um final sonoro que perdurou após fecharem-se as cortinas da boca de cena enquanto o público deixava a sala.
Possivelmente a expectativa da direção é de que haveria um clima de glória após o texto grego e que nada melhor do que a glória barroca. Sem historicismos, tal sonoplastia soou, felizmente, absurda somente para os ouvidos informados. A incongruência foi optada provavelmente pela eterna necessidade de um final grandioso, espécie de ascensão cristã para um momento pagão.
Apresentação do espetáculo Antígona, em São Paulo