O teatro é feito de uma pessoa que representa uma segunda pessoa que é olhada da platéia por uma terceira pessoa: essas três pessoas são: o ator, a personagem e o público.
O ator tem a capacidade de imaginar como essa terceira pessoa na platéia, o público, reagiria enquanto ele representasse. Para tanto ele projeta mentalmente sua personagem e com ela, a si mesmo.
Essas introjeções e projeções simultâneas nos lembram Thomas Mann dizendo que existe uma afinidade natural entre arte e a patologia. O próprio Salvador Dali dizia que ele e um louco eram iguais, com a diferença de que ele não era louco.
Uma das armas do ator, a primeira antes do espetáculo, é o espelho que permite que o ator e sua personagem vejam a imagem que será vista pelo público. Diante de um espelho ele sabe o efeito que causará. É um jogo profundamente humano e nós estamos sempre assim diante do espelho examinando que efeito nossa persona causará aos outros.
Representamos nos vestindo, nos penteando, nos maquiando, sorrindo e falando para o espelho e depois saímos à rua para o público do grande teatro do mundo. O teatro além de ser uma explicação das relações é também o exercício da existência.
Por Cyro del Nero