Inspirações: Creta o oásis da beleza
Afresco do Palácio Cnossos. A civilização Minóica é uma das mais ricas e intrigantes da história do mundo Egeu, tem este nome devido ao lendário…
A civilização Minóica é uma das mais ricas e intrigantes da história do mundo Egeu, tem este nome devido ao lendário Rei Cretense, Minos. Desenvolveu-se aproximadamente entre os anos 1900 a.C. até 1450 a.C, na ilha de Creta, fazendo parte da história da Grécia Antiga.
Toda a sua arte e as principais realizações deste povo apareceram e desapareceram abruptamente, provavelmente por forças externas sobre as quais os historiadores pouco sabem. Paira o mistério… Não se pode falar em crescimento ou desenvolvimento da civilização Minóica, pois ela simplesmente acabou, deixando a história sem continuidade. É isso que intriga e aguça a curiosidade!
O que é muito interessante é que na estética da arte deste povo, existe um ar de contemporaneidade.
Sua expressão artística foi alegre, cheia de movimentos rítmicos e podemos até dizer, lúdica. A arte Cretense revelou uma concepção de beleza diferente: em lugar da estabilidade, da arte egípcia existe o ritmo, as ondas, ela é mais natural e suas formas têm balanço.
As cores fortes, como o vermelho, amarelo, azul e roxo foram suas paixões.
Sua arte está à parte do Egito e também da civilização Clássica Grega, por suas características peculiares. As vestimentas parecem estar à frente de seu tempo, basta observar como na Grécia Clássica, muitos anos depois, parece demasiadamente simples em comparação à Cretense que foi mais rica no uso dos tecidos e modelagens (figuras 1 e 2 abaixo).
O período de 1750 a.C. até 1.400 a.C. foi especial, nesta época foi construído o Palácio de Cnossos (a maior fonte de pesquisa desta civilização), as roupas femininas apresentavam uma série de babados, cintura bem apertada e corpete que termina sob os seios, muito semelhante ao estilo polonês em moda, na França no final dos anos 1800, (figuras 1 e 3 abaixo). As peças eram cortadas e drapeadas para se ajustarem ao corpo. A forma era alongada até tocar o solo com sobreposições de tecidos, acerca dos acessórios elas usavam o que James Laver, (A Roupa e a Moda,1989) chamou de “os primeiros chapéus elegantes da história da moda”.
Essa riqueza toda foi descoberta apenas por volta de 1.900 nas escavações do arqueólogo Sir Artheur Evans, abrindo a perspectiva destes “antigos – novos” caminhos estéticos. Os Cretenses apresentam uma ruptura na linearidade da história das vestimentas e dos retângulos de vários tamanhos, drapeados pelo corpo, que aparecem depois na Grécia e Roma (Antiguidade Clássica), e nada tem em comum com o estilo Cretense (figura 2) e muito menos seria uma evolução.
1- “Deusa-mãe” Cretense 1.600 a.C.
2 – Deusa de Atena 450 a.C.
3 – Peça em estilo Polonês – França 1885
A figura abaixo faz parte de um dos afrescos encontrados, ela é tão bela e cheia de delicadeza e graça, que recebeu o apelido de “A Parisiense”. A mulher parece maquiada e seus cabelos cuidadosamente penteados. A forma das roupas femininas tem um perfume chic e contemporâneo, a cintura marcada dá o ar elegante.
“A Parisiense” 1.550-1450 a.C.
A forma da tanga masculina era bem mais variada do que o chanti egípcio e podia ser de lã, linho ou couro. A cintura bem apertada sugere que eles usavam este tipo de vestimenta desde muito jovens.
Rei –Sacerdote de Cnossos 1550-1450 a.C.
Os Cretenses apreciavam também as jóias, os ricos usavam lápis-lazúli, ágata, ametista e cristal de rocha intercalados com pérolas. Já os broches, não eram muito usados, pois as roupas ajustadas ao corpo não exigiam.
As inspirações eram naturalistas – cenas da natureza, animais e pássaros eram eleitos como motivos. A vida marinha também era fonte de inspiração, como no afresco, onde peixes e golfinhos têm uma linguagem extremamente jovem.
Afresco Palácio Cnossos – 1500 a.C.
Na história da arte e da moda, toda a vestimenta e a arte dos Minóicos são caracterizadas como primitivas. Um primitivo muito inspirador… Creta: a “ Ilha Encantada” criativa e cheia de energia!
1- “Deusa-mãe” Cretense 1.600 a.C. / 2 – Peça em estilo Polonês – França 1885
Fonte:
LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa, São Paulo: Cia das Letras, 1989.
Por Alessandra Gimenez
(Alessandra Janaudis Gimenez é pós-graduada em Ciências do Consumo pela ESPM, atualmente cursa pós em Moda e Criação na Santa Marcelina, atua na área têxtil há 7 anos com passagens pela Cia Hering, Vicunha e Rosset. Hoje faz parte do time de compras da Adar Millenium – importadora de tecidos para o mercado de moda. E-mail: [email protected] .)
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