Um dos temas mais atuais e polêmicos dos últimos anos é a questão da identidade de gênero e da liberdade sexual. E o mundo artístico em geral tem sido um dos maiores colaboradores dessa discussão, que vem ganhando ainda mais um tributo, com a recente exposição sobre a fotógrafa brasileira de origem húngara Madalena Schwartz (Budapeste,1921-São Paulo,1993).
Quem foi Madalena Schwartz?
Tendo deixado a Hungria aos 10 anos para ir viver com a família em Buenos Aires, Madalena posteriormente se mudou para o Brasil na década de 50. Foi apenas então que a sua atenção se voltou à fotografia, já com mais de 40 anos de idade.
Por fim tendo se formado no Foto Cinema Clube Bandeirante, Madalena Schwartz alcançou bastante destaque, principalmente pelos seus retratos. O pesquisador brasileiro Pedro Karp Vásquez a teria inclusive batizado de “a grande dama do retrato de nosso país”.
Por fim, a sua obra foi adquirida pelo IMS em 1998.
O acervo é composto por ao todo 16 mil negativos em preto e branco e 450 cromos, sendo dividido pela instituição em três grandes núcleos temáticos: “Personalidades”, “Povo do Norte e Nordeste” e “Travestis e transformistas”. É essa última que se encontra atualmente na exposição sobre Madalena Schwartz.
A exposição
Assim, com curadoria de Gonzalo Aguilar e Samuel Titan Jr., a exposição Madalena Schwartz: As Metamorfoses – Travestis e transformistas na São Paulo dos anos 70 está em cartaz no Instituto Moreira Salles Paulista desde o dia 9 de fevereiro até 13 de junho de 2021.
Em celebração ao centenário do seu nascimento, o IMS Paulista então decidiu revisitar uma parte importante da obra de Schwartz: o mundo da noite de São Paulo da década de 70, habitado por artistas transformistas, andróginos e travestis. Afinal, dentro desse universo houve tanto figuras icônicas como Ney Matogrosso e os Czi Croquettes como tantas outras relegadas ao esquecimento.
Além disso, a exposição Madalena Schwartz também inclui imagens do mundo das transformistas e travestis de outros lugares da América do Sul. Dessa forma, encontramos o trabalho de artistas como Paz Errázuriz, Estúdio Luisita, Arquivo da Memória Trans Argentina, Arquivo Quiwa, Sergio Zevallos, Adolfo Patiño, Armando Cristeto, Hélio Oiticica, Leandro Katz e Vasco Szinetar.
A entrada é gratuita, com agendamento prévio. A exposição está aberta de terça a domingo, das 12h às 18h.
Vale apena conferir!
Por Mariana Boscariol.
- Leia também Identidade e Gênero – As diferenças entre corpo biológico, gênero, orientação sexual e expressão de gênero.
- Em seguida, veja fotos da São Paulo Antiga.