Dia Mundial da Fotografia – Viva o digital

Por William Silveira / NPS Brasil comemorando em 19/08 o dia da Fotógrafia

Latas de cromo já meio oxidadas com a inscrição “For Professionals”. Tanques de revelação com seus pares de espirais metálicas e filtros “multigrade” com algumas provas impressas em 6x9cm, todos em uma mesma caixa de madeira. Um rolo de filme 120mm vencido em 2002 ainda sem uso.

Foi abrindo algumas caixas que estavam guardadas há alguns anos, empoeiradas e escondidas atrás de outros velhos itens analógicos, que percebi o quanto a fotografia mudou nos últimos quinze anos.

Da primeira fotografia, feita em 1826 pelo francês Niépce, e do primeiro Daguerreótipo, registrado por Louis Daguerre em 1837, até as impressionantes câmeras que faziam quatro ou seis fotos por segundo, a fotografia mudou bastante, mas mudou lentamente. No princípio, era uma arte menor, que registrava a realidade e estava restrita aos retratos de família. Com as inovações tecnológicas que produziram câmeras menores e processos menos complexos para revelação, abriu-se o leque de situações que poderiam ser fotografadas: guerras, manifestações, o cotidiano das pessoas nas cidades, o indivíduo comum levando suas vidas. Hoje, quando olhamos para a história do mundo, vemos imagens estáticas, fotografias. As mudanças foram tão significativas, que hoje percebemos que foi a fotografia, a tal arte menor, que ajuda a contar a nossa história recente.

A fotografia continuou se popularizando. Lembro-me da pequena câmera “rangefinder” do meu tio, nos anos 80. Apesar de não ser profissional, ele a tratava como item da família e ninguém ousava fotografar com ela; claro que tentei.

Nos anos 90, aprendi a fotografar no “antigo” processo, analógico. Depois vi a revolução digital, que trouxe novos termos, como AWB, megapixel, sensor de imagem, CCD e CMOS, ao restrito vocabulário da fotografia. Uma nova história estava começando. O salto tecnológico foi gigantesco e criou um abismo entre o tradicional e o moderno. Tudo era novo e muitos fotógrafos profissionais deixaram de lado seu trabalho por não aceitarem ou não entenderem o novo processo.

A fotografia transformou-se. As câmeras diminuíram, ficaram mais acessíveis, fáceis de usar e até se fundiram com outros aparelhos, como os telefones celulares, também filhos da revolução tecnológica, digital.

A linguagem baseada em imagem ganhou impulso. A nova fotografia, aliada à também inovadora Internet, deu força à imagem. A forma de comunicar mudou. Nunca se fotografou tanto na história da humanidade. Nunca a imagem estática teve tanta relevância. A imagem seduz, vende, informa, registra o cotidiano, expõe o que os olhos veem no mundo todo, e tudo pode ser online. A fotografia agora não é mais restrita a poucos. Ela é popular e está nas mãos de todos.

Por um minuto, abrindo aquelas minhas caixas analógicas, senti um pouco de saudade, mas confesso que o sentimento passou rápido. A única coisa que perdemos com a fotografia digital foi aquela reza para cada trabalho feito em filme que aguardava a revelação.

Por William Silveira / NPS Brasil

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